O termo folk music é antigo. Foi utilizado pela primeira vez, provavelmente, no século 19. Folk lore, música gerada pelo saber popular, de onde vem a origem da palavra, teve seu ápice nos anos 1960 como canção de protesto na voz de Bob Dylan, que inspirou gerações.
No Brasil, diversos músicos incorporaram ideias e sonoridades do folk na bem bolada MPB, que hoje abriga tudo. A Baixada Santista, no entanto, viu alguns representantes surgirem no cenário nos últimos anos. Diferentemente da MPB, Thiago Pugliesi, Heitor Vallim e Hugo Alves carregam no DNA uma sonoridade mais próxima do último Prêmio Nobel de Literatura, Bob Dylan. Mesmo que ele não tenha sido a porta de entrada.
“Vim de uma escola totalmente diferente. Dos meus 16 aos 24, mais ou menos, tive bandas de punk rock. Lembro do meu vizinho me mostrando as músicas do Chuck Ragan, do Hot Water Music, que tem um projeto paralelo de música folk. E através dele fui conhecendo outros músicos que tinham a mesma proposta, como Dan Andriano, Dallas Green, Austin Lucas. Depois fui conhecendo Johnny Cash, Bob Dylan, Vance Joy, que são grandes influências para mim”, comenta Hugo Alves.

Depois de um período tocando em bandas hardcore, Alves passou a compor para o Maçã de Cesto, o primeiro trabalho autoral nessa linha. Foram três discos lançados desde 2012.
Hoje, o Maçã encara um hiato, mas nada que tire o músico da sua trilha.“Logo após a pausa, comecei a trabalhar em novas músicas. Quero, ainda neste ano, lançar um EP”.
Heitor Vallim, que já tocou em um evento organizado por Alves, tem uma carreira mais recente ainda. “Minha trajetória ainda é muito nova, comecei a tocar tarde e logo que comecei entrei em uma banda de um amigo e fizemos alguns shows bem bacanas. Os caras me ensinaram a tocar praticamente.
Mas então por simples escolha de caminhos diferentes resolvi me arriscar no projeto solo e em dezembro de 2016 lance meu primeiro trabalho, o EP Naissance, e desde então tenho tocado em vários lugares, mostrando esse novo Heitor”.

Pugliesi, que já liderou o Super Folk e hoje está à frente do Galeão, explica o conceito que permeia a carreira dos músicos. “O folk dentro do que acredito traz uma oportunidade incrível para nós, artistas da nova geração, apresentarmos ao público muitas culturas do folclore e da história da nossa terra, cultura e essência”.
O músico é o mais experiente entre os três. Está em atividade há quase 20 anos. “Profissionalmente diria que minha história começou há 13 anos, cantando no Boulevard Othon Feliciano, no Gonzaga. A partir daí fui do voz e violão ao rock, me encontrando no folk a partir de 2012”.

Ficha técnica
Thiago Pugliesi
Influências: “Minhas influencias no folk music são os brasileiros da velha guarda Sá Rodrix & Guarabira, Geraldo Azevedo e Almir Sater. De fora curto muito o som do Of Monsters and Men, Mumford & Sons, The Lumineers e, claro, Beatles, que depois de conhecerem o Bob Dylan fizeram lindas canções folk como Black Bird.
O que vem por ai?
Com o Galeão, Pugliesi já tem dois singles prontos que trazem a tona a apresentação de instrumentos incomuns. “Nelas vocês vão ouvir muito banjo, violão de 12 cordas, bate botas e outros temperos que só o folk tem a oferecer.
Eles foram gravados e produzidos pelo meu grande amigo e produtor musical João Romualdo. O lançamento vai rolar dentro de alguns meses, já que na sequência vou disponibilizar todo o EP (oito a dez inéditas)”.
Heitor Vallim
Influências: Bob Dylan, Johnny Cash, Bon Iver e The Tallest Man On Earth.
O que vem por ai?
Atualmente, Vallim tem feito bastante shows para divulgar o seu EP. No próximo dia 24 de junho, o músico gravará um show solo ao vivo, com lugares limitados, que será disponibilizado todo na web. “No início de julho tenho o lançamento do clipe de Castle, Stones And Bones.
Hugo Alves
Influências: Dan Andriano (Alkaline Trio), Dallas Green (Alexisonfire), Austin Lucas, Johnny Cash, Bob Dylan, Sera Cahoone, Vance Joy, Gregory Alan Isakov e Glen Hansard.
O que vem por ai?
Logo após a pausa do Maçã de Cesto, Alves começou a trabalhar em novas músicas. “Quero, ainda neste ano, lançar um EP. Já entrei em estúdio para gravar, mas ainda não tenho uma data para o lançamento dele”.
Em maio, o músico divulgou um vídeo, feito em parceria com alunos do quinto semestre de Cinema do Unimonte, de uma das músicas desse EP”.