GUILHERME ZEINUM
O Electric Angels faz parte da saga de bandas que tinham tudo para vingar na cena hard rock americana da década de 1980, mas que literalmente se perdeu pelo caminho. Não é à toa que o tão demorado segundo álbum do grupo leva o nome de Lost in the Atlantic (Perdido no Atlântico, numa tradução livre, porém, a jogada foi para cutucar a Atlantic Records, antiga gravadora e desafeto).
Formado em Los Angeles quase no início dos anos 1990 e com um estilo mais próximo do Hanoi Rocks (Finlândia), o quarteto acabou se mudando para Nova York e em cinco meses conseguiu assinar um grande contrato, incluindo passagens para gravar o trabalho de estreia em Londres com o experiente produtor musical Tony Visconti (David Bowie, T. Rex, Thin Lizzy). Apostando numa dupla de galãs liderada pelo vocalista Shane e o guitarrista Ryan Roxie (que passou pelo Slash’s Snakepit e depois foi tocar com Alice Cooper por indicação de Gilby Clarke, ex-Guns N’ Roses), no entanto, as vendas do Electric Angels não decolaram e o grupo durou apenas três anos junto.
Lost in the Atlantic, que a princípio se chamaria New York Times por imposição da Atlantic Records – e a contragosto dos caras do Electric Angels – finalmente viu a luz do dia 25 anos depois! Tudo isso graças aos esforços da Demon Doll Records, gravadora especializada em hair metal que obteve os direitos sobre o lançamento do álbum, originalmente gravado entre 1991 e 1992.
Escolhida ao menos para abrir o play, New York Times é a faixa mais “suja” do disco com um hard rock bem cru. As agitadas Lies My Father Told Me e Postcards from My Heart lembram a fase Power Station do até então desconhecido John Bongiovi, com forte influência de AOR. Aliás, a ligação com o cantor vai bem mais além… A letra de Bed of Roses, um dos maiores sucessos do Bon Jovi, traz referência a um trecho da canção True Love and Other Fairy Tales, do primeiro disco do Electric Angels, que também contou com Jon como garoto-propaganda.
Color of Hate e Woke Up Blind apresentam uma pegada punk rock com bastante influência do Replacements, considerados os pioneiros do rock alternativo.
Em Spent the Night With a Memory, o ouvinte mergulha na magia que envolve uma balada romântica oitentista, fórmula que o próprio Bon Jovi usava e abusava com maestria nos velhos tempos, assim como a bela War Is Over, que segue na linha de baladas do Firehouse e Harem Scarem. Já Cheap Lipstick on a Million Dollar Face lembra o glam metal característico dos primórdios do Poison, com bastante coro e solo de guitarra, enquanto o clima festivo de Ain’t Going Home With You parece ter sido inspirado na clássica The Drinking Song, um dos sons mais conhecidos da curta carreira do Electric Angels.
Mesmo soando como um apanhado de demos, com algumas músicas aparentemente despretensiosas, esse registro pode ser considerado uma verdadeira relíquia para os fãs e colecionadores de hard rock.
Nota:
Faixas:
- New York Times
- God’s Children
- Lies My Father Told Me
- Wish I Could Fly
- War Is Over
- Postcards from My Heart
- Color of Hate
- Live Forever
- Woke Up Blind
- Def Generation
- Spent the Night With a Memory
- Hung Up on a Pin Up Girl
- Cheap Lipstick on a Million Dollar Face
- Ain’t Going Home With You
Gênero: Hard Rock
Lançamento: 29/03/2017
Gravadora: Demon Doll Records
Formação:
Shane – voz
Ryan Roxie – guitarra
Jonathan Daniel – baixo
John Schubert – bateria
Link Oficial:
http://www.facebook.com/electricangels1990