Os shows da banda The Neighbourhood, em São Paulo, nos últimos dias 13 e 14, tiveram abertura de outro grupo norte-americano: o Health, de Los Angeles. Pouco conhecido no Brasil, o trio já está na estrada desde 2006 e faz um som um tanto quanto peculiar.
Antes da apresentação da banda no dia 13, os membros da Health conversaram com o Blog N’Roll nos camarins do Tom Brasil, em São Paulo, e falaram um pouco de como começaram na música.
Início em Los Angeles
“Começamos em uma cena barulhenta no centrão de Los Angeles. Sempre gostamos de fazer as coisas de forma independente, de marcar os próprios shows, gravar as próprias músicas e era isso que a gente fazia. Não era de uma cena punk mas era um estilo parecido. A gente não estava em busca de uma gravadora ou um empresário, só queríamos nos divertir com nossa música”, comenta o vocalista e guitarrista Jake Duzsik.
Assim como a sonoridade da banda, a forma como cada membro se conheceu também é bastante peculiar. Entre risos e lembranças, Jake Duzsik, o mais falante dos três, conta como reuniu John Famiglietti e B.J. Miller para formar a Health.
“Conheci o John em uma loja de guitarras em Hollywood e depois conhecemos o B.J. por meio do Craigslist (um popular site de anúncios nos EUA). Foi uma formação bem curiosa. Nenhuma banda se conhece em uma loja de guitarras e em uma lista de anúncios. Nada de bom vem desses lugares. Não é uma receita de sucesso, pode ter certeza (risos). Mas era uma ótima época para começar uma banda em L.A”, explica.
Dedicação
Logo depois de formada, a Health já passou a produzir de forma intensa. Apesar da diversão, os três membros sabiam que era preciso ter seriedade e dedicação para levar um som tão diferente.
“A gente começou a gravar álbuns bem cedo até. Nós estávamos fazendo as coisas por diversão, mas éramos bem sérios e ambiciosos. Estávamos fazendo música bem entranha para época, então não pensávamos em viajar pelo mundo com nossa música. Por isso, a gente só queria fazer o que gostava, viajar pelos EUA e nos orgulhar do nosso trabalho. Esse era nosso foco”, conta o baixista John Famiglietti.
Influências
Com uma sonoridade psicodélica, eletrônica e barulhenta, é difícil imaginar de onde vem a inspiração da Health. Para Jake, o grupo segue se inspirando até hoje em cada vez mais bandas para tentar fazer algo diferenciado e atrativo.
“A gente está na ativa há tanto tempo que é difícil falar de poucas bandas que nos influenciaram, porque essas coisas mudaram muito ao longo dos anos. Nos últimos anos, para gravar nosso álbum mais recente, a gente escutou bastante Metallica e Black Sabbath. Mas quando começamos a nossa banda, a gente até escutava essas bandas, mas era muito diferente do que nos inspirávamos”, diz.
Amizade com Neighbourhood
Então, como uma banda totalmente maluca e fora da caixa abre o show de uma outra banda que tem um estilo completamente diferente? Assim como todo projeto ambicioso, a ideia veio em um churrasco, depois de algumas cervejas.
“O produtor que trabalhou com a gente nos últimos dois álbuns também estava trabalhando no álbum do The Neighbourhood. Então, conhecemos eles em um churrasco, bebemos juntos e viramos amigos. Daí saiu a ideia de participar de alguns shows com eles. A gente chegou a pensar que nossos fãs e os deles são bem diferentes. Mas a ideia pareceu legal porque os fãs deles são bem animados. Por isso, eles ficam tão empolgados que falta pouco para começar o show da banda favorita deles, que eles acabam se energizando com o nosso”.
E não é que deu certo?
Com um atraso de aproximadamente dez minutos do horário previsto, Health entrou no palco do Tom Brasil de forma misteriosa, com poucas luzes e muitos gestos. O cabeludo John, que além de baixista é responsável pelos sintetizadores, ficava balançando a cabela para todos os lados antes mesmo da música começar.
Quando o som começou, então, a cabeleira do baixista não parou de se mexer até o fim da apresentação.
Performático, o trio se apresentou por 30 minutos e causou as mais diversas reações no público. Enquanto uns apreciavam e se hipnotizavam com as cores e os rangidos aleatórios, outros estranhavam e olhavam com cara de surpresa para o que estavam presenciando.
Fato é que a sonoridade de Health é bastante esquisita. Faltam palavras para descrever o que a banda faz com sua música. A mistura de psicodelia com punk torna o som um pouco bagunçado para quem não está “na vibe” do grupo.
O mais curioso é que, apesar do som espalhafatoso e, de certa forma, perturbador, a música não é ruim. Só é bem diferente do que qualquer um ali estivesse acostumado. Por isso, com o passar das faixas, os fãs de The Neighbourhood passaram a adotar Health e aplaudir cada vez mais a banda.