Introdução ao Procol Harum

Introdução ao Procol Harum

O Procol Harum tem um nome forte entre as bandas britânicas do fim da década de 1960. A melancolia desenfreada de seu principal hit – A Whiter Shade Of Pale – é uma das (muitas) coisas que fizeram daquela década uma das mais invejáveis para quem nasceu após 1970 e gosta de música.

Apesar de ter nascido no berço psicodélico de 67, a banda vigorou como um expoente do progressivo e, como quase todas as bandas do gênero, perdeu as forças com a ascensão do punk em 1977, encerrando as atividades.

O hit estrondoso do grupo – que foi responsável por destronar os Beatles de Sgt. Peppers – no entanto, não tira a nebulosidade da banda, que não tem muito material conhecido e acumula algumas reuniões de pouca expressão nos últimos 30 anos. Resolvi procurar algumas coisas que pudessem facilitar minha introdução no universo da banda e… nada. A saída foi ouvir o disco que aparecesse primeiro na pesquisa do Google. Apesar de rasa, a saída deu certo, e a sugestão da inteligência artificial acabou me reservando alguns bons momentos. O disco em questão é A Salty Dog, de 1969.

Muito distante daquilo que é proposto com A Whiter Shade Of Pale dois antes antes, o disco traz miscigenações sonoras interessantíssimas, com momentos que vão do Blues ao Soul, do R&B ao rock clássico e formam um amálgama progressivo.

Pra começar, a faixa-título cria uma ambientação de proporções épicas pouco vistas antes dentro dos anos 1960 – fugindo do clima hippie de Woodstock que rodeava o mundo e se criando como uma das pioneiras do rock progressivo (embora isso não seja muito comentado por aí). Até 1969, pouquíssimas bandas haviam apostado nesse tipo de música. O gênero só foi crescer mesmo nos anos 1970 (alguns artigos que falam sumariamente sobre o tema no Brasil podem ser lidos aqui e aqui).

Contudo, o que chama mais a atenção é a diversidade sonora abrangente do trabalho: o contraste criado com The Devil Came From Kansas e Crucifiction, ambas de cunho puxado para o blues, torna a experiência um pouco mais imprevisível do que o habitual. A roupagem se estende em Juicy John Pink, se dissolvendo no universo melancólico dos poemas de Gary Brooker – outro ponto marcante do release.

All This More, outra excelente pedida, não foge pra fora da curva das letras mórbidas – trazendo consigo um peso enorme e abordando temas depressivos. O destaque da experência fica por conta do órgão de Matthew Fisher, característica definitiva do disco e crucial para o crescimento das canções.

Dou uma nota 9 pra essa disco. Pretendo ouvir outras coisas ainda, mas isso leva tempo, então… fica a recomendação da vez. Até o próximo fim de semana!