Jefferson Gonçalves abre programação da Mostra Blues de Santos com show e oficina de gaita

Jefferson Gonçalves abre programação da Mostra Blues de Santos com show e oficina de gaita

A 3a Mostra Blues de Santos começa neste sábado, às 21 horas, na Comedoria do Sesc, mas a sua primeira atração não chega a ser um blues man tradicional. O gaitista carioca Jefferson Gonçalves tem sua base no gênero, mas adiciona elementos da cultura popular brasileira ao som. Forró, baião, xaxado e maracatu são alguns deles.

“Faço um som meu, algo diferente. Os puristas acham legal, mas tenho sido muito elogiado mais dentro da música instrumental e da world music. Acho isso interessante, pois podemos mostrar vários estilos e forma de tocar o blues”, comenta o gaitista.

Questionado sobre suas influências, o carioca cita os mestres Sonny Terry e Little Walter, mas mostra que seu universo vai além. “Escuto tudo, gosto de Mark Ford, Peter Madcat, Tom Ball, Paul Butterfield, Toots, Mauricio Einhorn, Norton Buffalo, escutei muito todos esses e outros. Mas, atualmente, escuto muito é Dominguinhos, Carlos Malta, bandas de pífanos, tiro ideias desses instrumentos para a gaita”.

O atual show de Jefferson Gonçalves tem como base o álbum 25 Anos de Carreira, lançado após um financiamento coletivo no final do ano passado. E o track list é uma bela amostra do caldeirão de influências do carioca.

Além de canções próprias, totalmente mergulhadas na música nordestina, o gaitista faz releituras bem originais para os clássicos Shame, Shame, Shame (Jimmy Reed) e Can’t be Satisfied (Muddy Waters). Quer imaginar como seriam esses dois monstros do blues fazendo uma jam com músicos nordestinos? Jefferson mostra exatamente isso.

Crédito: Cézar Fernandes / Divulgação

 

E jam é o que não falta na carreira desse talentoso músico. Ele já dividiu o palco com nomes como Peter Madcat, Rod Piazza, Norton Buffalo, Tavares da Gaita, Carlos Malta, Rildo Hora e outros. Para ele, faltou só um para fechar a lista. “Queria muito ter conseguido tocar com o Dominguinhos. Esse é o melhor improvisador que já escutei, simples e com melodias lindas”.

No Sesc, o gaitista estará acompanhado de outra fera, o percussionista támbém carioca Laudir de Oliveira, que já tocou com nomes como Joe Cocker, Santana, Nina Simone, Jackson Five, Sérgio Mendes, Hermeto Pascoal, Marcos Valle, Gal Costa e o grupo Chicago. A história de Laudir com esse grupo, aliás, é tão forte que ele chegou a ser contratado como músico oficial por oito anos e conquistou um Grammy, em 1976.

No início de abril, o percussionista tocará novamente com o Chicago no evento de introdução do grupo no Rock and Roll Hall of Fame, quando dividirá o palco com nomes como Cheap Trick, Deep Purple, N.W.A. e Steve Miller, nos Estados Unidos.

“Tocar com o Laudir é uma aula, não só de música, mas de humildade. Ele tocou com todos aqui e lá fora, ganhou Grammy. Poderia ser o cara mais esnobe e metido, mas não. É simples e tem um coração enorme, maior que sua fama. Laudir toca para a música e não para o ego. Isso é o que aprendemos com ele”, diz Jefferson, que não chega a ser um desconhecido para o público santista.

Apesar de estrear com a sua carreira solo na Cidade, o gaitista já se apresentou por aqui com o Big Joe Manfra, guitarrista carioca. Antes de se lançar como artista solo, Jefferson montou o grupo Baseado em Blues. “A ideia era tocar blues e funk. Mesmo sendo minha primeira banda, já comecei a viver de música a partir dela”.

Além do show na Comedoria do Sesc, o público poderá aprender algumas técnicas com Jefferson. Ele vai ministrar uma oficina no auditório local, no mesmo dia, das 15 às 17h. O evento é gratuito. Mais do que mostrar os elementos básicos do instrumento, o carioca vai falar sobre seu estilo de tocar, a mistura do blues com a música nordestina, além de suas experiências no continente africano.

O Sesc fica na Rua Conselheiro Ribas, 136, na Aparecida. Informações: 3278-9800. Os ingressos custam de R$ 5,00 a R$ 17,00.