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O legado de Bradley James Nowell, vocalista do Sublime

Os anos 1990 são a minha era musical preferida. Havia uma atmosfera de liberdade intensa no que você podia falar, fazer ou qual tipo de som você queria misturar. Não havia regras, não existia um nicho musical extremamente definido e tudo fazia parte de um grande cenário. Talvez uma das pessoas que conseguiu ser mais fiel a essa tal anarquia sonora se chamasse Bradley James Nowell, um californiano típico, fanfarrão, vagabundo, porém com um entendimento do mundo fora do comum para sua idade.

Bradley teve seu primeiro contato com a música muito cedo. Aos 9, sua mãe o ensinou piano e flauta, e durante uma viagem às Ilhas Virgens, seu pai o introduziu ao reggae caribenho. A mente do jovem virou pastel quando voltou e descobriu a cena hip hop que estava acontecendo no final dos anos 1970. Nomes como Grandmaster Flash, Afrika Bambaataa e muitos outros o mostraram um novo mundo, ainda não explorado.

Tudo isso contribuiu para que Bradley Nowell se tornasse um jovem eclético e verdadeiramente apaixonado pela música. Aos 20 anos montou o promissor Sublime, juntamente com os seus amigos Bud Gaugh e Eric Wilson.

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Anos se passaram e o Sublime começou a lotar shows em Long Beach (não a Praia Grande, a da Califórnia mesmo), e impressionava a todos pelo seu jeito inovador de fazer música. O Sublime era muito punk para tocar reggae, muito soul para ser punk, muito rap para tocar soul, e muito reggae para tocar rap. Era algo fantasticamente bizarro, mas que soava com uma harmonia monstruosa.

O fato do Sublime espremer todo estilo musical, como se fosse fruta dentro de um liquidificador e fazer uma deliciosa vitamina ganhou os olhos de grandes gravadoras. Em 1996 a banda lançara seu disco homônimo pela grandona MCA. O disco é considerado um verdadeiro marco da década de 1990, emplacando diversos hits como What I Got, Wrong Way, Doin’ Time e o hino Santeria, sendo um dos itens indispensáveis da coleção de fãs de música.

Infelizmente Bradley não conseguiu ver todo esse sucesso, pois logo após terminar as gravações, a heroína o tirou a vida. Em maio de 1996, Bradley Nowell deixou sua namorada, seu filho Jakob, sua banda e milhares de fãs ao redor do mundo. Um mês depois o álbum foi lançado.

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Bud e Eric, porém, continuaram fazendo música com o Long Beach Dub Allstars, uma banda que vale muito a pena conhecer, e também fizeram participações em álbuns de Gwen Stefani, Jack Johnson e outros.

Em 2009, após um longo hiato, a dupla decidiu retomar as atividades do Sublime e produzir novo material com Rome Ramirez, da banda The Dirty Heads. Após uma disputa judicial entre Bud, Eric e a família de Bradley pelo nome Sublime, o trio atendeu pelo nome de Sublime with Rome gravando o disco Yours Truly, que teve até um certo sucesso com Take It Or Leave It.

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Pessoalmente o Sublime With Rome nunca me agradou e nunca soube explicar o porque. Talvez faltasse aquela maloqueiragem que a banda tinha, talvez por soar extremamente pop, não sei. Assisti a performance da banda no SWU em 2010, e apesar de não gostar do formato que estava ali, para mim foi uma experiência única. Eu tinha usado uns negocinhos e ver Santeria ao vivo, com todo mundo cantando junto, um pôr do sol animal na minha frente, foi algo realmente único. Fora isso, nunca mais acompanhei o que eles fizeram e nem sei a que pé anda.

Esse ano fui fazer uma homenagem à Bradley no Music Wall, e pesquisando um pouco sobre a vida dele e da família Nowell descobri que seu filho Jakob anda fazendo música por aí. O primeiro vídeo que vi do pivete de 20 anos foi cantando Caress me Down, em um festival na Califa, e já fiquei extremamente chocado com o talento que ele tem. Principalmente por sua voz ter um timbre muito parecido com o do pai.

A mão suou, o coração acelerou e fui investigar mais sobre Jakob e o que ele anda fazendo. Descobri que além de Jakob ter diversos vídeos mostrando suas habilidades vocais e com sua guitarra, também tem uma banda chamada LAW. A banda é um quarteto que tem uma sonoridade bem parecida com o Sublime, porém mais puxado para o rock com muito riff e solos trabalhados.

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O LAW lançou um EP recentemente, Mild Lawsuit, e já se prepara para mais um material novo ainda neste ano, o que dá indícios pelo clipe da faixa Know You, divulgado recentemente.

Eu evito essa coisa de comparar Bradley e Jakob, pois são pessoas com vivências totalmente diferentes e que tiveram a música introduzida em suas vidas de formas também muito distintas. O que tenho feito é acompanhar o trabalho do LAW, não por nostalgia, mas por ver que é uma banda com potencial absurdo e tenho certeza que muita gente ainda vai ficar de queixo caído quando ouvir. Assim espero, pois em tempos de mesmice, podemos ver um oásis de criatividade em alguns pontos do mundo. O LAW, pelo menos para mim, está sendo assim.

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