A pergunta que não quer calar já tem uma resposta positiva: é possível assistir aos dois shows. Marcelo D2 no Ginásio do Sesc e Marcelo Falcão no Portuários não terão conflitos de horário. O primeiro encerra a apresentação antes das 22h. O evento do segundo abre as portas às 22h. Dito isso, garanta os ingressos e bons shows.
O vocalista do Planet Hemp vive um momento especial. Lançou no ano passado o disco Amar é Para os Fortes, mas a turnê teve início no fim de março, em São Paulo. Menos de dois meses depois já inclui Santos na rota.
“Tenho uma ligação muito forte com Santos. Foi uma das primeiras cidades que o Planet foi. Minha parceria e amizade com o Chorão concretizou ainda mais o meu amor pela Cidade e o público daí”, comenta D2. “O show é focado no Amar é Para os Fortes, o mesmo que vou levar para a Europa, África, mas toco faixas de outros álbuns também. Tem uma do Planet, é um show novo, mas com a mesma porrada de sempre, agora com uma rapaziada nova, que eu nunca havia tocado junto”.
Crítico ferrenho do Governo Bolsonaro, D2 também criticou a nova Lei de Incentivo à Cultura. “A cultura vai sofrer muito enquanto esse governo estiver aí, mas espero que não seja por muito tempo. Se a cultura fosse sofrer e o Brasil fosse melhorar, seria válido. Mas não é só a cultura que vai sofrer. A cultura é um dos lugares onde menos vamos sofrer. Vem tempos sombrios por aí. O inverno está chegando, meu amigo”, comentou em referência ao lema da série Game of Thrones (HBO).
Próximos passos de D2
Depois de lançar um disco inteiramente visual, com videoclipes para todas as faixas, D2 já sabe o que quer para o restante do ano, mesmo sem dar muitas pistas.
“Em A Procura da Batida Perfeita (2003), costumava dizer que o importante era a procura, não a batida. Sempre vai ter uma coisa, sou um cara inquieto na minha vida pessoal e artística. Estou sempre tentando alimentar uma ambição artística, fazer algo mais forte, interessante, relevante. Ainda não posso falar dos novos projetos, mas depois do Amar é Para os Fortes, eu quero trabalhar muito com audiovisual ainda neste ano”.
Sobre o novo trabalho de Black Alien, ex-parceiro de Planet Hemp, que tem conquistado críticas positivas, o vocalista teceu elogios. “Eu amo esse cara. O Gustavo é um irmão que a vida me deu. A gente anda meio afastado, mas o amor continua lá. Ouvi o disco, achei foda. Gustavo Black Alien está mais vivo que nunca”, diz o músico.
Marcelo Falcão no Portuários
Marcelo Falcão, em nova fase após o Rappa entrar em hiato por tempo indeterminado, lançou Viver (Mais leve que o ar), o primeiro disco solo. Divulgado em fevereiro, o álbum rendeu uma turnê por capitais (ainda em andamento), mas Santos conseguiu um espaço na agenda. Amanhã, a partir das 22h, o cantor estará no Clube Portuários. Tr3vo, Soldout, DJ Jogado e DJ Boturão também se apresentam.
Após mais de 20 anos à frente do Rappa, Falcão sabe que o desafio de manter o público e conquistar novos fãs requer paciência. Mas vê com bons olhos o feedback do público. Em entrevista para A Tribuna, logo após o lançamento do álbum, o músico comentou a relação com os fãs.
“No início, os fãs esperam que vá vir algo na linha do Rappa, é natural. Mas quando eles viram que era uma proposta diferente, começaram a dar uma outra atenção. Lançamos os singles que foram mostrando o novo caminho. Depois que o disco saiu, muitos mandaram mensagens de apoio”, comenta o músico.
De fato, Viver traz muitas sonoridades distintas dos tempos do Rappa, mas nada que deixe o público chateado. A essência de Falcão segue no álbum. É inevitável não pensar nele cantando os sucessos da antiga banda. Mas, além disso, o cantor teve a preocupação de fazer algo novo e ainda mais trabalhado. A orquestração presente nesse registro comprova esse objetivo.
A faixa Eu Quero Ver o Mar, com uma orquestração incrível do maestro e arranjador Arthur Verocai (Jorge Ben, Marcos Valle, Gal Costa), é um bom exemplo.
Falcão cita influência de Mano Brown
Curioso notar que Falcão cita Mano Brown, do Racionais MCs, como uma influência para se soltar das características de sua antiga banda e focar em algo completamente novo. “Quando vi a virada que ele deu na carreira solo e fez um disco excepcional e totalmente diferente do trabalho dele com os Racionais, me senti motivado. É um desafio você sair daquilo que está acostumado a fazer”.
Ciente da paixão dos fãs pela antiga banda, Falcão inclui alguns dos maiores sucessos no repertório. Na abertura da turnê, em Recife, cantou Homem Amarelo, O Salto, Monstro Invisível, Rodo Cotidiano, entre outras.
Ainda há ingressos disponíveis. Eles custam entre R$ 50,00 e R$ 40,00. O Portuários fica na Rua Joaquim Távora, 424. Ingresso online.