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Mortadela, caipirinha e um show surpresa com o Soul Asylum

Fotos: Isabela Carrari

Contrariando um ditado popular: o que acontece em Las Vegas, não fica por lá. A minha conversa informal com os integrantes da banda norte-americana Soul Asylum, após um show deles no Harrah’s, em setembro (publicada no mês passado no Blog n’ Roll), rendeu mais algumas horas de papo, no último sábado, em São Paulo.

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Depois de ter um show no Fábrica Festival, em Sorocaba, cancelado de última hora, a banda de Minneapolis conseguiu um encaixe para tocar com a californiana L7, no Tropical Butantã, no domingo.

Dave Pirner e seus companheiros de banda chegaram a São Paulo na sexta-feira, após dois shows bem sucedidos na Argentina e Chile. A forte chuva os impediu de conhecer a cidade. No sábado, porém, não teve desculpa. A simpática Jeneen Anderson, manager e faz tudo da banda, nos acionou e convidou para um passeio com os músicos.

Almoço suspenso, hora de correr para São Paulo! Não deu tempo nem de verificar água e óleo do carro. Uma hora e meia depois já nos encontraríamos no Mercadão Municipal, um dos pontos mapeados por eles e pelo amigo da banda, Kaio Blasi, um paulistano que morou por quatro anos em Minneapolis e acompanhou o passeio ao longo do dia.

Winston Royce, baixista do Soul Asylum, nunca bebeu café e não quis fazer isso no Brasil

No Mercadão, além de Jenneen e Pirner, a equipe do Soul Asylum estava com Winston Royce (baixo), Ryan Smith (guitarra) e Jerad Reimers (técnico de som). Todos pareciam impressionados com o tamanho e o gosto do sanduíche.
“American size (tamanho americano)”, brincou um deles.

Com objetivos diferentes nesse ponto turístico, os integrantes se dividiram. Uma parte foi em busca de souvenires, outra de bebidas e um terceiro grupo estava disposto a experimentar as frutas. A tangerina japonesa dekopon e a fruta do conde tornaram-se hits para Jeneen e Reimers.

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Smith parecia mais disposto a provar todos os tipos possíveis de café. Formado em curso de barista, ele falou da paixão pela bebida. Entre um gole e outro, comentou um pouco sobre sua história musical, indicando dois projetos bem interessantes: The Melismatics e Ryan and Pony, ambas com uma sonoridade bem diferente do Soul Asylum.

Smith falou com orgulho de suas outras bandas, uma delas com a esposa

Pirner explorou a feirinha dos artesãos. Comprou uma flauta peruana com um comerciante boliviano, enquanto Smith optou pelos sabonetes personalizados com logos de bandas. “Vou fazer um sabonete do Soul Asylum”, cravou o vendedor. “Legal! O Soap Asylum”, devolveu Pirner, fazendo um trocadilho com a palavra sabonete, em inglês.

Entre um ponto turístico e outro, onde o deslocamento foi feito por mim e pela minha esposa (poupando os integrantes de usarem dois Ubers o tempo todo) uma coisa não poderia faltar no passeio: caipirinha.

Antes, no entanto, tivemos mais duas paradas: uma no Matsubara Hotel, onde os integrantes precisavam deixar os presentes comprados no Mercadão, outra no vão do Masp, nosso ponto de encontro em busca da caipirinha.

Dave Pirner se mostrou mais uma vez um cara bom de conversa

A cada trajeto que fazíamos com eles, Jeneen realizava um rodízio, escolhendo quem iria no Uber ou no nosso carro, um apertado Fiat Uno. As primeiras vítimas foram Royce e Reimers. Optei por não fazer nada forçado na trilha sonora. Liguei o shuffle e deixei rolar. No trajeto deles, a islandesa Of Monsters and Men dominou o som, mas eles não fizeram nenhum comentário. O baixista estava com um câmera e queria registrar tudo que achava exótico pelo caminho, como uma fogueira na calçada ou muros grafitados.

No lobby do hotel, acompanhado de Blasi, conversei com Pirner e Smith sobre alguns shows que haviam passado recentemente pelo Brasil. Citei Noel Gallagher, Kasabian, Roger Waters…

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Curioso, o guitarrista me perguntou como havia sido o desempenho de público do ex-guitarrista do Oasis. Respondi que não foi dos melhores. “Como assim? É o Noel Gallagher”, rebateu. Concordamos que quem tem tido um bom desempenho em qualquer lugar é o Arctic Monkeys. Não à toa é uma das headliners do Lollapalooza.

Citando alguns nomes na conversa, Blasi perguntou para Pirner o que ele achava de Jack White. “Ele é ok”, sem tecer nenhum elogio ao guitarrista. Mas tínhamos algo muito mais interessante pela frente do que passarmos uma tarde falando sobre música.

No carro, havia chegado a vez de Pirner e Jeneen irem conosco. A trilha passou a ser o Hey! Hello!, projeto paralelo de Ginger Wildheart. “Humm, parece B-52’s, interessante”, comentou o vocalista. 

Ao chegar no Masp, fomos surpreendidos com a Virada Esportiva, um evento que aumentou ainda mais o fluxo naquele espaço. Os integrantes adoraram o passeio. Tiraram várias fotos, compraram mais algumas coisas dos artesãos.

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“Esses gringos são de alguma banda?”, perguntou um dos vendedores. Respondi que eles tocavam no Soul Asylum. “Pode crê, os malucos têm cara de roqueiro mesmo. Fala para eles comprarem meu trabalho aí”, devolveu, enquanto Smith apenas sorria da situação, tomando mais um café.

Próxima parada: caipirinha! “Com vodka ou cachaça?”, perguntou o garçom de um bar na Rua Augusta. “Catiaça”, responderam os músicos, que queriam provar a bebida nacional.

Todo mundo feliz depois de muita cerveja e caipirinha, veio o convite surpresa: “Nós vamos no show da Gal Costa. Conhecem? Vamos?”, perguntou Jeneen…

Fim de noite com Gal Costa

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Gal Costa abrindo sua nova turnê, A Pele do Futuro, no Tom Brasil, não era um convite a ser esnobado. Claro que aceitamos. Horas antes, quando ainda estávamos no Mercadão, sugeri de levar os músicos à Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, em busca de vinis de música brasileira. Em vão. Mas o show de Gal surgiu como uma bela oportunidade de ensinar um pouco da nossa música.

Gal Costa durante o show no Tom Brasil (Foto: Andy Santana/Futura Press/Folhapress)

O convite partiu do roadie da baiana, Lirinha, um apaixonado pelo Soul Asylum, que foi até a Argentina e o Chile para assistir aos primeiros shows da turnê pela América do Sul. A essa altura nosso grupo já havia crescido. Estávamos em dez: incluindo os veteranos Rocky James (roadie), que acompanhou o Arcade Fire no Brasil, em 2014 no Lollapalooza, e Sterling Campbell (baterista).

Campbell era, de longe, o mais entusiasmado com o show. Aplaudiu e parecia perplexo com a potência de Gal no palco. E o baterista não é nenhum menino deslumbrado. O novaiorquino trabalhou por muitos anos com David Bowie, Tina Turner, Duran Duran, David Byrne e B-52’s, além de ter gravados os maiores sucessos comerciais do Soul Asylum.

Olha o Campbell (primeiro da esquerda para direita) com o David Bowie aí…

Smith também se impressionou com a disposição da baiana, principalmente depois dela ter falado do longo período que está na estrada.

“53 anos de carreira? Mas ela ainda faz discos novos?”, perguntou. Quando respondi de forma positiva, lembrando que A Pele do Futuro é o novo disco, o guitarrista devolveu: “Impressionante! Tem que ter muita disposição”.

Gal não decepcionou. O show foi o melhor que já assisti dela. Foram alguns desde a turnê de divulgação do Sorriso do Gato de Alice (1993), que passou pelo ginásio do Sesc, em Santos.

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Na hora de ir embora, Lirinha ainda tentou um encontro da banda com a cantora, mas fomos informados depois de um tempo que não seria possível pois ela estava cansada.

“Ainda bem, é muito chato para o artista receber gente no backstage depois do show”, disse Pirner, compreendendo a situação. “Backstage é legal só se for para pedirmos maconha para o artista”, brincou Rocky.

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