Foto: Kevin Willian
Uma experiência entre a vida e a morte motivou o jovem músico santista Heitor Vallim, de 18 anos, a produzir o seu primeiro EP solo. Naissance, que conta com quatro faixas autorais, traz relatos quase autobiográficos, acompanhados de uma sonoridade que muito lembra o folk norte-americano.
“Quis abordar o tema da morte e o nascimento dos nossos eu ao longo da vida. Depois de um acontecimento pessoal em que me vi na linha tênue da vida e da morte, vi que muitas das coisas que nós achamos importantes não são”, comenta o músico, responsável por voz, violão e violino.
Sem revelar o problema de saúde superado, Vallim afirma que hoje está em uma situação melhor. Isto facilitou a possibilidade dele seguir adiante no seu projeto solo. “Posso dizer que estive bem doente, mas já estou bem agora. Nesse caminho, encontrei com o meu pior e melhor reflexo e, a partir daí, matei um Heitor Vallim, para ter esse novo nascimento no Naissance”.
https://www.youtube.com/watch?v=-VHmbxVr_Zs&list=PL0S_nl5Z_pAeNXbJPYbxppzgG4tEazeXC&index=4
EP de estreia
O EP de estreia foi gravado no Red Studio, em Santos. e contou com o apoio dos músicos Benny Coquito Filho (bateria), Gustavo Chinarelli (violino), Carla Cossani e Karol Carvalho (coro), além de Raphael Lapetina (baixo).
“Queria tentar reproduzir o mais fiel possível ao que nós estávamos tocando na hora. Bateria e violão foram gravados ao vivo. Usamos apenas instrumentos acústicos”.
As influências de Vallim não contemplam apenas os mais clássicos, como Bob Dylan. O santista cita os contemporâneos James Bay, Bon Iver, Damien Rice e Rubel como espelho para o seu trabalho.
“É muito louco pensar que sempre tive contato com esse tipo de música e nunca realmente olhei para ela como hoje olho. Não sei qual foi o ponto culminante dessa mudança, no abraço ao folk”.
Quem escuta A Face to Carry On, faixa que abre o trabalho de Vallim, no entanto, nota logo de cara que Bob Dylan realmente é uma influência forte no trabalho dele.
https://www.youtube.com/watch?v=M7FwjZoXcE0
“Quando nessa confusão de compor, de transição de vida, opiniões e tal, vi o Bob Dylan só com seu violão, gaita e uma poesia quase sem métrica comover tantas pessoas e até irritar algumas. Aquilo me comoveu imensamente. E me emocionou mais ainda a transição dele para o rock com banda, a galera do blues, a The Band e eu gosto disso. De experimentar coisas novas, de me jogar em algo que realmente gosto”.
Tal como seu ídolo, o santista também pretende seguir essa trajetória de mudanças no som. “Hoje minhas novas composições ainda estão no estilo do folk, mas a ideia é agregar cada vez mais instrumentos e viajar, assim como Dylan e muitos outros fizeram”.
Início da carreira
Antes de iniciar sua carreira como artista solo, Vallim foi guitarrista durante dois anos da banda The Diou’s, que misturava rock, MPB e até mesmo vertentes do reggae e samba.
Sua saída da banda teve como objetivo a independência sonora. “A maioria das composições não era minha. Não que eles não me dessem espaço, mas me vi, tanto em questão musical quanto pessoal, precisando dar voz às minhas próprias palavras”, comenta Vallim. “Aprendi a tocar por causa daqueles caras”.
https://www.youtube.com/watch?v=jM0WpLBSyrw&index=3&list=PL0S_nl5Z_pAeNXbJPYbxppzgG4tEazeXC
E a carreira solo de Vallim vai longe. O EP, que chegou ao mercado em dezembro, foi apenas o primeiro passo. Dois videoclipes e um single estão previstos até o fim deste ano.
No dia 5 de fevereiro, a partir das 17 horas, Vallim tocará junto com as bandas Selvagens à Procura de Lei, Atlante e Mechanical Wings, no Bujas Bar, em Santos. O ingresso custa R$ 30,00 e pode ser adquirido no site.