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O Oscar das capas de discos

As capas de todos os álbuns traduzem o enredo do disco. Para os amantes de música, a arte costuma ficar em segundo plano. Agora, todo apaixonado por arte e design fica encantado com a beleza de toda capa que um disco traz. É luz para os olhos.

Com certeza você já ouviu um amigo falar da música tal, da capa tal. O álbum não seria nada sem sua capa. A capa é tão importante quanto a música. Além da referência, o álbum fornece identidade visual para muitas bandas e artistas.

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E foi pensando nisso que o inglês Andrew Heeps fundou o Art Vinyl em 2005, em Londres, e criou o The Best Art Vinyl Award, um prêmio anual que acontece por meio do seu site, para valorizar o trabalho de artistas gráficos ligados à indústria musical e celebrar os projetos de capa mais inovadores.

“Ano passado me perguntei: o que motiva as pessoas quando compram um novo vinil, arte ou música ou provavelmente ambos? É certo que o design da capa se torna a expressão visual e a identidade da música que ela contém. Portanto, nosso prêmio é uma verdadeira celebração dessas 50 obras e dos designers que trabalharam neles e isso é algo importante para o consumidor”, disse Heeps em entrevista a revista MixMag.

A seleção das 50 capas é realizada por especialistas em design na indústria fonográfica e a votação é feita pela internet. Na primeira edição, a capa mais votada foi o disco Stars of CCTV, da banda Hard-Fi, seguida pelo You Could Have It So Much Better, da Franz Ferdinand, enquanto o Gorillaz levou o terceiro lugar com o Demon Days.

Em outras edições, Muse, teve a capa do álbum The Resistance como a mais votada pelo design psicodélico, em 2009. O prêmio já está em seu 13º ano e as três capas vencedoras por voto online, nomeados em 9 de janeiro, você confere a seguir:

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1º lugar: Run the Jewels (RTJ)
Álbum: Run the Jewels 3
Direção de arte e fotografia de Timothy Saccenti, desenho de Nick Gazin e layout de Troy Hahn.

O design vencedor é o terceiro álbum da dupla de hip-hop americana EL-P e Killer Mike e apresenta uma imagem de duas mãos de ouro gesticulando um possível roubo. A capa segue o padrão do desenho original usado nos álbuns anteriores feito por Nick Gazin. Timothy Saccenti assina a direção de arte pela sua história de trabalho com a música, especificamente fotografia para artistas como Flying Lotus, Lana Del Ray e A Tribe Called Quest.

Em entrevista para a Spin Magazine, a RTJ falou sobre o significado da capa do álbum: “Para nós, as mãos do álbum RTJ1 era sobre “tomar o que é seu” – seu mundo, sua vida, sua atitude. As mãos do RTJ2 estavam envolvidas em ataduras, significando lesões e cura. O que representava o crescimento das ideias e do tom do álbum. Para o RTJ3 as bandagens foram retiradas, a corrente desapareceu e as mãos foram tomadas por ouro. Isso representa a ideia de que não há nada que tirar”.

Os primeiros dois singles, Talk to Me e 2100, foram lançados no final de 2016. Depois, o terceiro single, Legend Has It, veio para arrebentar e as críticas foram bem positivas.

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O crítico de música, Keith Harris, da Rolling Stone disse que a banda ainda pode detonar rimas como se lançasse um cocktail Molotov. E Scott Glaysher da revista XXL escreveu que Killer Mike e EL-P ganham cada vez mais nicho com cada projeto que eles lançam juntos e com este álbum não foi diferente.

2º lugar: Father John Misty
Álbum: Pure Comedy
Direção de arte de Sasha Barr e ilustrações de Edward Steed

Pure Comedy é o terceiro álbum do músico folk americano Josh Tillman, conhecido como Father John Misty. O primeiro single, que leva o título do álbum, foi lançado em janeiro passado com um clipe animado por Matthew Siskin usando as ilustrações de Edward Steed e trechos de vídeos populares da internet.

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O ilustrador Edward Steed, em entrevista para a revista Surface, disse que o músico lhe escreveu um e-mail, contando que gostava de seus desenhos no The New Yorker e que havia semelhanças em suas visões de mundo e que a ideia da capa de quatro céus de cores diferentes veio do próprio músico.

“Ele apenas me pediu um desenho que retratasse isso. Esbocei pequenas cenas em tom satírico, mas literalmente referindo-me as letras e depois fiz uma paisagem”.

Steed ainda contou que o processo de criação é semelhante a forma como já trabalha com seus desenhos em um único painel. “Primeiro esboço as ideias para as cenas e personagens individuais e depois organizo tudo dentro de um contexto”.

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A pintura executada em óleo sobre madeira faz parte do acervo do Museu do Louvre, em Paris.

A inspiração para esse projeto veio das obras do pintor holandês Hieronymus Bosch. “No início olhei para muitas pinturas medievais e clássicas, arte religiosa, pinturas do inferno, coisas divertidas assim. O barco no canto inferior da capa foi baseado no The Ship of Fools (O Navio dos Loucos) de Bosch”.

3º lugar: Vessels
Álbum: The Great Distraction
Design do Estúdio Split

O quarto álbum da banda eletrônica Vessels foi lançado em setembro passado e ficou com o terceiro lugar. Esse álbum apresenta vários vocalistas convidados, incluindo John Grant e Wayne Coyne de The Flaming Lips com participação na música Deflect The Light e marca uma nova evolução para o grupo.

O estúdio Split, baseado em Leeds (Inglaterra), projetou a capa do álbum com uma série de linhas laser coloridas sintetizadas por computador que não foram criadas no Photoshop. Foram feitas por uma instalação real em que as pessoas pudessem caminhar e admirar em grande escala as luzes a laser.

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A obra envolveu 25 lâminas de alta potência no The Cliff Space de Hepworth. As linhas do laser permitiram que os padrões se suspendessem no ar, ao mesmo tempo em que fornecia uma ligação visual entre os sintetizadores analógicos, que definem os sons atuais da banda, como a sua faixa Deflect The Light.

GALERIA: THE BEST ART VINYL AWARDS 2017

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MINI ENTREVISTA COM O DESIGNER GRÁFICO BRASILEIRO, Vinicius Gut

Vinicius Gut, 28 anos, natural de Jundiaí (SP) é designer gráfico e ilustrador independente. Nos últimos dez anos focou seu trabalho na indústria musical criando merch, capas, cds, pôsteres, entre outros. Algumas artes produzidas por Gut estão nas bandas Goldfinger, Fall Out Boy, Circa Survive, Julien Baker, Dead Fish, Hateen, Zander, Garage Fuzz e The Bombers, banda do também colunista Matheus Krempel.

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O que você acha do prêmio The Best Art Vinyl que foi criado para valorizar o trabalho de artistas gráficos ligados a indústria fonográfica?

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Particularmente eu gosto muito da ideia, não pelo fato de ser uma competição em si, mas sim por ajudar a estimular o mercado dos profissionais das artes visuais. Não sei se é porque faz parte da minha profissão, mas sempre me interesso muito em saber quem são as pessoas responsáveis pela capa/projeto gráfico de um álbum, que na minha opinião é tão importante quanto a música que o acompanha.

Falta uma competição assim com álbuns nacionais ou independentes?

Qualquer ação que sirva para divulgar e valorizar os artistas e criadores é sempre muita bem-vinda. Nós temos muitos ilustradores e designers incríveis que na maioria das vezes acabam ficando “escondidos” do grande público, acredito que uma competição ou uma exposição ajudaria muito.

Como você analisa esse nicho de mercado? É desvalorizado, falta espaço, comente.

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Espaço não falta, o que eu acredito que falte um pouco é a valorização – tanto por parte das bandas quanto da parte do público. Muitos não entendem o quão importante é ter um projeto gráfico bem feito e bem planejado que consequentemente agrega muito valor ao disco. Ultimamente isso tem mudado um pouco por aqui, alguns selos (como a HBB, por exemplo) investem muito na criação e na produção de itens além do tradicional CD como discos e fitas k7, algo raro por aqui.

Na sua opinião, se tivesse que escolher uma capa de disco nacional, qual você indicaria?

O disco Faces do Terceiro Mundo (split com as bandas Dead Fish, Reffer, Noção de Nada e Street Bulldogs), além de ter músicas incríveis tem também a capa criada pelo Flávio Grão que eu mais gosto. Esse álbum foi muito importante pra mim na minha formação como profissional, eu ficava analisando e tentando entender como aquilo tudo era feito e sempre sonhando que um dia conseguiria fazer algo tão bom. Continuo na luta.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Vinicius Gut, acesse sua página gut42.com/blog e segue ele no instagram @gut42.

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Imagens e vídeos: Divulgação/Google, Youtube e Facebook

Até a próxima Art Rock!!!

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