O peso da Baixada Santista

O peso da Baixada Santista

MÁRIO JORGE

Sim, o metal está mais vivo do que nunca. As bandas estão por aí, abrindo espaços e atraindo uma legião de headbangers. E não estão sozinhas. Tem uma galera que dá aquela força, incentivo que mantém acesa a chama do som pesado, como o Brothers Of Metal Baixada Santista, com o Ricardo Nadal, e a Cena Metal Santista, tendo à frente Roberto Opus, vocalista da Opus Tenebrae, e Mário Cesar Dutra, vocal do Empire of Souls. O trabalho é forte e persistente, mas já mostra seus resultados, com contatos de grupos nacionais e até estrangeiros. É o que conta Roberto Opus na entrevista a seguir.

O que é a Cena Metal Santista?
A ideia surgiu quando eu e o Mário, vocais do Opus Tenebrae e Empire of Souls, respectivamente, ao fazermos shows em outras cidades e estados. Sempre éramos indagados por integrantes de outras bandas, que também estavam lá pra se apresentar ou só pra curtir mesmo, “como fazia pra poder tocar em Santos?” A “fama Metal” daqui sempre foi muito grande independentemente do apoio da mídia ou não. E ao mesmo tempo muitas bandas aqui da Baixada não tinham espaço pra poder apresentar seu trabalho e viviam só ensaiando. E o público local também não tinha oportunidade de ver nem conhecer essas bandas. Só tentamos unir tudo isso.

São as bandas que entram em contato ou são vocês que procuram os grupos?
Ambas. Algumas nós mesmos escolhemos por gostos pessoais e/ou amizade mesmo e outras vieram falar com a gente e as datas e condições bateram. Pretendemos continuar dando oportunidade pra tocar em nossos eventos bandas de qualquer vertente dentro do Metal.

A Baixada tem um forte apelo para o hardcore. E o metal? Também tem muitas bandas?
O hardcore sofreu um boom na década de 90 principalmente por filmes e vídeos sobre skate e surf que utilizavam seu som nas trilhas sonoras e sabemos que são esportes muito praticados por aqui. Mas mesmo nessa época tínhamos o Praia Sport Bar, Caipirão, Chopp Chopp (só pra citar alguns) que lotavam quando tinham shows de bandas de Metal. Hoje em dia temos mais bandas do que nunca e com qualidade que não devem nada a outras regiões e até outros países e os músicos dessas vertentes musicais são amigos entre si.

Além do Boteco Valongo, que é uma referência no rock da região, tem algum outro espaço por aqui ou ainda falta locais para bandas heavy?
Espaços bons para shows temos muitos até. Mas a grande maioria prefere colocar bandas cover que recebe aquele público que está mais preocupado em beber, “azarar”, com a balada em si, e a música é só fundo musical pra sua noite, ficando em segundo plano. Se juntarmos esses bares, com eventos de moto clube, festas, etc… teremos dezenas de eventos de covers numa semana, quando pro Metal autoral as vezes tínhamos um por mês ou nem isso. O Boteco Valongo ouviu nossa ideia, abriu as portas pro nosso projeto e hoje é mais do que a casa em que realizamos nosso evento, é nosso parceiro.

Esse pessoal se apresenta só pela região ou abre espaços na Capital e outras áreas do Estado?
A CENA já colocou no palco bandas que já tocaram em todo o País e até em turnês internacionais como quem fez seu primeiro show com a gente. O espaço sempre estará aberto para quem realmente se engaja na ideia e mostra profissionalismo. Temos muitas bandas de todo o País (já recebemos mensagens até de algumas de fora) querendo tocar por aqui como temos bandas locais pegando a estrada para outros estados.

Quais subgêneros predominam na região (heavy metal puro, thrash, death ou tem de tudo um pouco)?
Hoje em dia, como desde o início, o Metal sempre esteve muito bem representado por bandas locais em todos os gêneros. Às vezes um ou outro está um pouco mais em evidência mas sempre teremos representantes em todos.

Podemos dizer que há uma Nova Onda do Heavy Metal da Baixada Santista?
O Metal como a maioria das coisas é cíclico. Umas horas mais em evidência, outras menos. Hoje temos sim a mídia (não só a especializada) seja impressa ou virtual com os olhos voltados novamente para o Metal. Mas sempre vai ter aquele moleque pegando uma guitarra pela primeira vez e querendo ter sua banda como aqueles “old school” que o emprego, família e vários outros fatores não conseguiram afasta-lo disso. Está e sempre estará na veia.

Quem quiser entrar em contato, fazer alguma sugestão ou simplesmente conhecer mais sobre o projeto Cena Metal Santista, acesse a página no Facebook.

Sonzeira:

https://www.youtube.com/watch?v=CC6lMepElzc