MÁRIO JORGE
Foto: Getty Images
Em tempos de Copa do Mundo, vale dar uma palpitada no apaixonante esporte bretão que, de vez em quando, segue ao embalo do rock’n roll. Embora aqui no Brasil o futebol seja associado ao samba – nada contra – e até ao pagode e sertanejo – grande parte dos boleiros aprecia o som meloso e as infindáveis duplas -, o rock encontra brechas no universo das quatro linhas. Sim, jogadores que ouvem o som pesado e músicos que se atrevem a entrar em campo ou torcer fervorosamente.
Temos exemplos brazucas: os irmãos Max e Igor (Cavalera Conspiracy) são palmeirenses, assim como o vocalista do Sepultura, Derrick Green. Dessa mesma raiz, desponta o guitarrista Andreas Kisser e sua inseparável camisa do São Paulo, e Paulo Jr, Galo desde criancinha. João Gordo, do Ratos de Porão, é outro alviverde, mas acho que se dá bem com o corintiano Jão, guitarrista do mesmo grupo. Hugo Mariutti (Viper e Shaman) estaria na mesma parte da arquibancada, de preferência no Allianz Parque.
O mandachuva do Iron Maiden, Steve Harris, volta e meia aproveita uma brecha para bater uma bola. Torcedor do West Ham, da Inglaterra, o baixista faz jus à história do futebol, e não decepciona. Afinal, é da terra dos inventores da arte esportiva. Reza a lenda que Harris, em determinado momento da vida, teve que optar entre a bola e o baixo, até porque ele integrou as categorias de base do clube. É o que conta o guitarrista Janick Gers, este fanático pelo Newcastle. Ainda na Donzela de Ferro, Adrian Smith tem no Manchester United seu time de coração, enquanto Dave Murray é torcedor do Tottenham. Só o frontman Bruce Dickinson não mantém muitos laços com a bola. Fora do palco, trabalha duro pilotando aviões.
Outros ingleses também têm suas preferências. Figuras lendárias no Black Sabbath, o baixista Geezer Butler e o vocalista Ozzy Osbourne defendem as cores do Aston Villa, já que ambos, e os demais membros da banda, nasceram e se criaram no lugarejo colado em Birmingham. E dos riffs da guitarra de Jimmy Page, do Zeppelin, ecoam um certo grito de louvor ao Chelsea. Ainda na terra de sua majestade, Angus Young, que levou ao grau máximo as estripulias do AC/DC a partir da Austrália, curte mesmo é saborear uma partida do Glasgow Rangers. O endiabrado guitarrista nasceu na Escócia, assim como seu irmão, Malcolm, e Bon Scott.
Ícone do punk rock no final dos anos 1970, Johnny Rotthen, dos Pistols, é outro torcedor inveterado. E seria capaz de brigar pelo Arsenal, clube aliás que possui uma constelação de estrelas do rock entre seus fãs: Roger Waters, do Pink Floyd, Roger Glover, do Deep Purple, e Roger Daltrey, do The Who. Também escocês como os irmãos Young, Rod Stewart cultiva uma paixão doentia pelo Celtic FC. Quando pode, exibe sua cabeleira desalinhada nos estádios, e geralmente com a camisa do time.
Um caso suigeneris é Mick Jagger. Em cada brecha dos palcos, a estrela dos Rolling Stones está presente aos estádios para acompanhar a seleção inglesa. Dizem que simpatiza com outros times, mas leva junto uma quase indissociável fama de pé frio. Fazer o quê!!!??
No campo oposto, há os que se salvam da preferência quase unânime entre os jogadores. São boleiros que atuam embalados pelo rock’n roll. O ex-goleiro Rogério Ceni é tão fã do AC/DC que em jogos do São Paulo, a música que antecedia as partidas era Hells Bells, do quinteto australiano.
Rafael Sóbis, atacante do Cruzeiro, mas com passagens por vários outros clubes, também destoa e põe para escutar Metallica, The Killers, The Strokes e Blink 182. O ex-volante Magrão adota mais peso e ouve Sepultura. A lista não é tão grande, nem tão pequena: inclui Cássio, do Corinthians/Seleção Brasileira, o ex-goleiro Ronaldo e Casagrande. Sem contar o Pepinho, que já dirigiu categorias sub-20 do Santos e Corinthians, e é figura sempre lembrada no universo do rock por aqui.
Deep Purple batendo uma bolinha no intervalo do ensaio em Perfect Strangers:
