MÁRIO JORGE
Antes da internet e do YouTube popularizarem clipes e bandas, a TV brasileira tratava de dar um tira-gosto aos jovens dos anos 1970/1980. O Rock Concert, da Globo, era imperdível. Por ali, passavam algumas das bandas que agitavam o cenário roqueiro de então.
As performances, tirando uma ou outra teatralização contextual, não diferenciavam muito do que vemos hoje. Bandas como Kansas (EUA), Bachman-Turner Overdrive (Canadá), Manfred Mann’s Earth Band (Inglaterra), Steppenwolf, Led Zeppelin, Black Sabbath e até as nacionais se exibiam ali. O Rock Concert, mesmo em seu curto período de existência (12 de março de 1977 a 9 de setembro de 1978), deixou marcas.
Tinha em seu corpo técnico a narração do cantor Gileno e pesquisa e textos de Big Boy – tido como o mais famoso DJ da época, responsável por bordões como Hello Crazy People. Uma curiosidade, segundo o setor de documentação da Globo, é que Big Boy, mesmo tendo produzido os textos e as pesquisas, morreu pouco antes do programa ir ao ar. O Rock Concert era exibido nas tardes de sábado, em plena ditadura militar. O general-presidente na época era Ernesto Geisel.
Vinheta
Joelho de Porco
https://www.youtube.com/watch?v=OnSZJ1ucOJE
Outro que tinha uma audiência considerável, já nos anos 1980, era o Som Pop, da TV Cultura. Ali, tocava muita banda brazuca, como Made In Brazil, Tutti Frutti, Joelho de Porco e as dezenas de grupos do efervescente – no Brasil – movimento punk, especialmente o paulistano.
Lembro bem do Made, dos irmãos Vecchione, mostrando seu estilo hard para um público comportado. Era 1981 e a mais longeva banda de rock autêntico do País destilava seu som. Assim como o Tutti Frutti, que inaugurou o programa em 1981 na fase pós-Rita Lee.
O apresentador era um cantor da época, Ronaldo Resedá, bem aclamado e frequentador assíduo de programas de auditório, tipo Chacrinha. O Som Pop teve outra fase, mais atual, digamos assim, com o comando, entre 1989 e 1993, do saudoso Kid Vinil.
Made (Som Pop)
https://www.youtube.com/watch?v=K-Y2e25I3OQ
A Cultura era pródiga em lançar programas voltados ao público jovem, daqueles que saíam do script tradicional das emissoras abertas. O Fábrica do Som, um de seus produtos, também deixou seu nome na história, especialmente quando passou a ser comandado por Tadeu Jungle.
O cenário, uma mistura de caos moderno num teatro de arena, foi o Sesc Pompeia, em São Paulo. O seu grande mérito, além de trazer grupos com história no rock, foi abrir as portas para quem estava começando… Os Titãs, por exemplo. E uma infinidade de bandas pop que também deixaram suas marcas no roteiro do Fábrica.
Em entrevista de alguns anos atrás, ao Sonhar TV, Tadeu falou do Fábrica: “Era um programa muito careta… Ele começou a se desvirtuar nos cinco, seis programas…”. Tadeu conta que chegou a ficar deprimido nessa fase até se encontrar seu eixo. Passou a empreender um outro estilo, mais seu, assimilando trejeitos dos apresentadores tradicionais. “A grande força do programa era que o público participava… Politicamente, 83/84, era o regime militar… Era uma época que as pessoas queriam muito falar e eu botava as pessoas pra falar”. A coisa pegou.
Chave do Sol (Fábrica do Som)
Claro que, tempos depois, até com a chegada da MTV ao País, os programas de rock passaram a ganhar um pouco mais de espaço, com a trincheira do excelente Gastão Moreira. E dá-lhe Gás Total e Fúria Metal. Mas aí já é outra história!
Fontes: TV Cultura, Wikipedia, SonharTV, memoriaglobo.globo.com