A música é historicamente uma das maneiras mais populares de expressão artística. Com o decorrer do tempo, em sua fase contemporânea, o espetáculo tornou uma forma ainda mais imersiva, cativante e por vezes até filosófica, causando sensações ainda mais impactantes no público.
Com a intenção de causar ainda mais buchicho em torno de seus nomes, artistas e bandas adotaram pseudônimos, alter egos e literalmente trocaram de identidade com a meta de conquistarem cada vez mais notoriedade. Máscaras, fantasias, pinturas faciais e muito mais marcaram e marcam a música, e hoje aqui na nossa humilde Romper Stomper falaremos de alguns desses nomes.
Kiss/Secos & Molhados:
Dois dos grandes nomes que popularizaram pinturas faciais foram os nossos Secos & Molhados e o mundialmente famoso Kiss, conhecido aqui no Brasil como Banda Beijo. Essa também foi a primeira grande treta por este motivo, pois algumas pessoas acusaram Gene Simmons e sua trupe de plagiar os brasileiros.
As duas bandas estouraram na mesma época, e devido à uma apresentação dos Secos no México em 1974, muito se especulou que a ideia das pinturas de rosto tenha sido roubada. O fato é que a tal apresentação aconteceu em Março de 74, 1 mês após o lançamento do primeiro disco do Kiss, o que dificulta saber se a galinha veio realmente antes do ovo e vice-versa, e contribui para que alguns dos fãs de Secos & Molhados tenham uma certa síndrome de Santos Dumont.
Quase 10 anos mais tarde, o Kiss entraria em declínio na sua carreira, e não houve outra alternativa para chamar atenção da mídia que não fosse remover as pinturas. O que resultou em uma das maiores pérolas da história do videoclipe.
King Diamond/Mercyful Fate:
Enquanto o Kiss se livrava de sua identidade visual, na Dinamarca um contador de histórias macabras se tornaria uma das figuras mais mitológicas da música. O nome Kim Bendix Petersen talvez não seja tão popular, mas King Diamond talvez seja mais familiar. Se não for, pergunte à Metallica, Marilyn Manson, Misfits, e outros que foram influenciados por esse verdadeiro rei da escuridão através do seu Mercyful Fate.
O Mercyful Fate fez parte da primeira onda do Black Metal, e apesar de não ter o mesmo sucesso musical em comparação às outras bandas que fizeram parte da mesma geração, como Bathory, Venom e Hellhammer, o Mercyful Fate foi pioneiro ao ser a primeira banda à usar a pintura facial que se tornou marca registrada do estilo, sendo popularizada anos mais tarde por bandas como Gorgoroth e Immortal.
Musicalmente o Mercyful Fate não fica para trás na temática. King Diamond, diferente de muitos outros compositores do gênero, não narra suas histórias em 3º pessoa, e sim se responsabiliza pela grande maioria dos contos presentes em suas músicas.
https://www.youtube.com/watch?v=LyRao18lxX4
Daft Punk:
Uma das mais bem-sucedidas duplas da história da música, isso é fato, mas nem sempre foi assim. Guy-Manuel de Homem Christo e Thomas Bengalter se conheceram no ensino médio, e a paixão por música fez com que o duo se concentrasse em compor suas próprias coisas. Um tempo depois, Laurent Brancowitz (mais conhecido por fundar o Phoenix) se juntou à banda, e a Darlin’ estaria formada, focando no indie rock. gravando a demo Cindy, So Loud/Darlin’, que fez parte da coletânea britânica Shimmies In Super 8, porém, o trio não duraria muito tempo e logo se debandaria. A demo foi rechaçada pela crítica na época, e a revista Melody Maker chegou à dizer que as músicas eram “tolas e podres”, traduzido do inglês “daft and punky”.
Laurent deixou a banda, mas Guy e Thomas continuaram na sede de fazer música. Ainda em 1993, ano que a Darlin’ chegaria ao fim, foram até uma rave na EuroDisney em Paris, e ficaram maravilhados com as drum machines, sintetizadores e toda a parafernalha envolvida na música eletrônica.
Após 1 ano de estudo, lançaram The New Wave, single de estréia sob a alcunha de Daft Punk, e logo em seguida, Da Funk, seu primeiro sucesso comercial, cm direito à clipe dirigido por Spike Jonze, e o disco Homework foi um devido sucesso, alavancando cada vez mais a notoriedade da banda a cada disco lançado.
A dupla também chamou a atenção por se trajarem como robôs, não revelando suas verdadeiras identidades, e até hoje, embora existam algumas fotos de Guy e Thomas, nenhuma é tão recente à ponto de reconhecê-los.
Em uma das poucas entrevistas concedidas pela banda, Bengalter disse que “Nós não acreditamos em estrelismo. Nós focamos em música. Se uma imagem for criada, essa imagem será artificial, Isso nos separa fisicamente do protagonismo que artistas têm na cultura pop, e mostra nossa visão à respeito disso.”
Neste vídeo a dupla explica melhor o porque (em inglês):
https://www.youtube.com/watch?v=1eEanxKIYXM
Nos dias de hoje:
Por motivos similares ao do Daft Punk, a cantora australiana Sia, que já possui 9 discos em sua carreira, esconde seu rosto ou por uma peruca, ou por algum acessório desde seu disco 1000 Forms Of Fear. Em uma entrevista no Carpool Karaoke, revelou o verdadeiro motivo de esconder o rosto depois de anos de carreira, e em seu Twitter, disse que “quer ser conhecida apenas como uma voz”.
O Punk Rock ainda contribui para esta categoria de artistas. O caso mais famoso seja talvez da Pussy Riot, banda russa que ganhou a atenção do mundo em 2013 por atitudes contundentes contra o patriarcado estabelecido pela religião, e focando também em protestos contra o presidente russo Vladmir Putin, que a banda considera um ditador.
Em 2013, Maria Alyokhina e Nadezhda Tolokonnikova, supostas integrantes do grupo foram presas sob acusações de hooliganismo. O caso tornou proporções mundiais até as duas serem soltas em Dezembro daquele ano.
Do lado Pop Punk da força, existe o Masked Intruder, banda de Wiscosin, EUA, bancada pela Fat Wreck Records. A banda que têm seus integrantes conhecidos apenas pelas cores correspondentes às suas máscaras, tênis e instrumentos, faz o estilo chicletudo e com letras sobre decepções amorosas.
Aqui no Brasil, o Porno Massacre é um exemplo de banda que não encarna o personagem apenas em suas letras. As apresentações de General Sade e sua igreja Pornomassácrica é algo singular, e que se você não viu, está perdendo tempo.
Menções Honrosas:
Mr. Bungle:
Antes de ser frontman do mundialmente conhecido Faith No More, o genial Mike Patton ficou anos frente ao Mr. Bungle. Banda que inclusive, teve influência direta na mudança do som de sua irmã famosa na metade dos anos 90.
Misfits:
Tem gente que gosta da fase do Danzig, tem gente que prefere a fase do Graves. Eu sou do time do Michale Graves, e com esse clipe dirigido por George Romero, o pai dos filmes de zumbi, fica fácil de decidir.
Gwar:
É a banda preferida do Beavis & Butt-Head. Eles não gostam de ninguém e “matam” todos no palco. De Donald Trump, passando por Marilyn Manson e indo à Justin Bieber.
Insane Clown Posse:
Dupla de Rap que se apresenta com pintura de palhaços noiabas. Nos anos 90 ficaram famosos por entrarem no ramo do Pro-Wrestling (Luta Livre ou Telecatch para nós brasileiros).
The Aquabats:
O ápice do Ska-Punk canastrão dos anos 90. O Aquabats é um grupo que acredita ser uma espécie de esquadrão de super-heróis.
Travis Barker do Blink-182 já passou pelas baquetas da banda.
Blue Man Group:
Eles não fazem apenas comercial de empresa de telefonia móvel, mas fazem experimentos musicais muito interessantes com tubos de PVC, caixotes, latas de tinta e o que encontrarem por aí.
Slipknot:
Embora todo mundo saiba quem estão por trás das máscaras, o Slipknot ainda mantém suas características e as muda à cada disco.
Dos anos 2000 para cá, é uma das bandas mais populares do mundo, e detém shows sold out por onde passam, e apresentações que fazem jus à quantidade de fãs que os seguem.
Mushroomhead:
O Slipknot porém foi acusado de plágio por fãs do Mushroomhead, que já existia 5 anos antes da banda de Corey Taylor. A treta porém foi esquecida por membros das duas bandas, e o próprio Corey Taylor já declarou que seria um sonho realizar uma tour com os dois grupos.
Mudvayne:
Outra banda da mesma época, “som de doido” segundo minha avó. A banda se dissolveu após o vocalista Chad Gray focar no HellYeah!
Gorillaz:
Talvez um dos projetos paralelos mais bem-sucedidos da história, a ponto da “banda mãe” ser totalmente esquecida. Há quem dispense o Blur só para o Gorillaz ter vida longa.
Hollywood Undead:
Tiveram a sacada de misturar Pop Punk e Rap, apesar de não fazer tanto sucesso por aqui, tem fãs muito fiéis.
Deadmau5:
Pronunciando corretamente o seu nome, “Dead Mouse”, e não “Dead Mau Five” como muitas pessoas dizem. Esse canadense é um dos maiores fenômenos da música eletrônica da última década, e possui um conhecimento profundo em questão de produção musical.
Cro:
Não é aquele da novela. Esse jovem de apenas 27 anos se envolve na música desde os 13 anos de idade, e apesar de ser praticamente desconhecido aqui no Brasil, é um dos artistas que mais vendem hoje em dia na Alemanha, seu país natal, e com seu mais recente álbum Tru., lançado ano passado, já está chegando aos poucos nos EUA e Reino Unido.
Marshmello:
Um promissor produtor musical e DJ que fez seu nome produzindo remixes da dupla Jack Ü. Este single abaixo, Alone foi o 4º de sua breve carreira, e chegou a ficar no top 10 da Billboard.
Essa foi nossa lista dos maiores mascarados, maquiados, pintados do mundo da música. Faltou algum nome importante? Deixe nos comentários.
Até mês que vem.