Já são sete anos sem lançar um material inédito. Esse tempo foi preenchido com dois álbuns ao vivo. O motivo? O baterista do Paralamas do Sucesso, João Barone, resume em poucas palavras: “Apenas por gostarmos de registros realistas, à vera, no palco”. Logo, o público do Cubatão Danado de Bom tem motivos de sobra para esperar por um show histórico de Herbert Vianna, Bi Ribeiro e Barone, nesta quinta-feira (7), às 23 horas, no Kartódromo Municipal (Rua Pedro de Toledo, s/nº), na abertura do evento, que amanhã terá Nação Zumbi no palco.
Mesmo com o longo tempo sem um disco de estúdio, Barone afirma que algo está sendo preparado pelos integrantes. A má notícia, no entanto, é que nada novo será apresentado no show de Cubatão. “Estamos lapidando uma safra de músicas novas, em breve teremos um novo trabalho”.
Se por um lado não haverá novidade no repertório, o público poderá ouvir os principais hits da carreira da banda. No pacote pode colocar canções como Alagados, Ela disse adeus, Óculos, Meu Erro, Vital e sua Moto, além da cover da Legião Urbana Que País é Esse?
Conhecido por retratar muitas questões sociais e políticas em suas canções, o Paralamas evita comentar o atual momento político-econômico do País. Segundo Barone, o recado é dado em cima do palco apenas. “Não queremos fazer nenhum posicionamento que não seja o nosso trabalho, que já contribui muito nessa questão”. Tal postura vai na contramão de muitos artistas que vêm sofrendo retaliações de coxinhas e petralhas nos últimos meses, casos de Roger (Ultraje a Rigor), Chico Buarque, Caetano Veloso e Lobão.
Formato convencional
Para a apresentação, o Paralamas retoma seu formato convencional, com músicos de apoio. Recentemente, em São Paulo, a banda voltou a experimentar a apresentação como power trio, tal como fazia no início da carreira, nos tempos da Heavy Metal, em Santos, nos anos 1980. “Eram tempos de muita batalha e idealismo, Santos foi a primeira cidade onde tocamos fora do Rio”, relembra.
A nostalgia do Paralamas, porém, fica restrita ao repertório, que mescla várias fases da carreira do grupo. Ações comemorativas como tocar determinados álbuns na íntegra ou mesmo relançar seus trabalhos em formato de vinil não são prioridades do trio.
Em 2011, por exemplo, tocou Selvagem? (1986) na íntegra em algumas apresentações. “Já fizemos isso e não temos previsão de repetir”, diz Barone, frustrando os planos dos fãs que gostariam de ouvir discos clássicos como O Passo de Lui (1984).
Quanto ao formato dos seus trabalhos, Barone também deixou sua opinião: “O vinil voltou mas não é representativo comercialmente. Uma hora a gente queria ver alguns dos nossos álbuns relançados nesse formato. Streaming é legal, toda a discoteca do planeta ao seu dispor. Falta só pagarem melhor os artistas, pois as porcentagens e direitos ainda são do tempo do vinil”.