Não sou músico profissional, sou um entusiasta. Mas lembro que as primeiras coisas que saquei quando comecei a tocar há mais de dez anos foi que todos os guitarristas eram aficionado por pedais.
À época, onde poucas pessoas do meu ciclo social tinham computadores, a grande sacada era a compra de revistas que falassem dos recursos que os músicos que gostávamos estavam usando. Ou mesmo colar o ouvido nas caixas de som e tentar decifrar quais eram os efeitos e técnicas usadas pelos caras. Outra prática é ficar chateando os caras das lojas de música da região para descobrir coisas novas.
Creio que a missão teve bastante sucesso. Parece que a galera da minha geração, que também viveu a transição do off pro on, aprendeu (ou está aprendendo) a usar os recursos em favor da boa música. Vejo bons pontos nisso. A gafe é que ainda vejo algumas coisas bem malucas acontecendo.
Esses dias estava no estúdio para mais um ensaio com aquelas bandas que a gente forma no final de semana só para tirar uma onda – pra gente, roqueiro, ouvir uma guitarra alta e tocar algumas músicas serve como uma tremenda válvula de escape – e, claro, me deparei com outra banda ensaiando na sala principal.
Banda nova. Caras mais garotões do que eu, mas é sempre bom olhar, né? Sempre é possível aprender uma coisa ou outra. O que fiquei chocado é que o cara usava um Mesa Boogie Dual Rectifier e mesmo assim usava uma tonelada de pedais para tirar uma distorção que poderia ser timbrada no próprio amplificador e que sairia mil vezes melhor.
Pra quê?
Banda de hardcore, como aquela, é só distorção e velocidade. Algumas vezes você acaba usando um pedal de distorção pra dar um boost em uma parte ou outra. O resto é pura maquiagem. Ah! Claro! O afinador é primordial!
Basicamente, pedais de distorção são simulações dos amplificadores. Se você está com ele (um baita amplificador) na sua frente, valvulado, com caixa de 4×12, não há motivos pra ter o pedal ligado. Pedaleiras são ainda mais sintéticas, porque, basicamente, são bancos de dados simulando os amplificadores.
Claro, há pedais que são fantásticos, mas ainda são pedais. Tem algumas pedaleiras que pouquíssimas pessoas conseguiriam distinguir que não são os amplificadores de fato.
O Keith Richards gravou um vídeo bem legal falando sobre o motivo pelo qual ele não usa muitos pedais. E nesse conteúdo ele acaba falando da preocupação que vários guitarristas tem com ‘várias máquinas’ pra ligar e desligar e pouco curtindo o show.
Dá pra dar uma conferida no que ele disse no link abaixo.
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