Foto: Juka Tavares/Divulgação
Completando 18 anos de estrada, a banda mineira Porcas Borboletas chega a 2017 no auge da forma, com o lançamento de Momento Íntimo – quarto álbum da carreira. Agora, o grupo conta com a produção musical de Gustavo Ruiz, ganhador do Grammy Latino com a produção de Tulipa Ruiz, que também participa do disco. A cantora Juliana Perdigão, o percussionista e cantor Nereu Gargalo (Trio Mocotó), o guitarrista Luiz Chagas (Isca de Polícia, Itamar Assumpção), a percussionista Nath Calan, o tecladista Chicão e Quique Brown (Leptospirose) completam as participações.
O álbum renova a verve particular do Porcas, cutucando tabus das relações na contemporaneidade e buscando acessar uma problemática mais ampla em torno da definição do ser, com seus questionamentos, paradoxos e medos. Há alguns dados recorrentes, como a figura masculina imersa em momento de impasse. Em Cara pra Casar, por exemplo, esse homem revela-se perplexo diante da suposta heterodoxia sexual da parceira. Já Momento Íntimo, faixa-título do disco, apresenta a situação de um homem que tem vergonha do seu corpo.
Momento íntimo pra mim é vexame / Eu não gosto de tirar a roupa / Isso não é normal pra mim / Eu tenho vergonha do meu corpo / Se eu pudesse esconder / Era melhor assim – Momento Íntimo
“É como se a velha postura de vida desse homem se revelasse insuficiente diante do momento em que vive”, reflete o vocalista Danislau. Isso tudo pode gerar a suposição de que se trata de um disco sobre a masculinidade, mas é importante perceber que, ao mesmo tempo, esse é também um disco sobre o feminino. Ao longo das narrativas, é a figura da mulher que age em favor da superação do que já não mais satisfaz. Nessas canções, “o impasse masculino passa por um processo de conversão redentora, sempre pelas mãos da mulher que, dona de si, já transformou os tabus em totens”, conclui.
A tudo isso, junta-se a sonoridade pop-inventiva do sexteto, que ganha, desta vez, o tempero da musicalidade de Ruiz. Para o produtor, se misturar ao Porcas veio em boa hora: “É um novo momento para a banda – a chegada do baterista Pedro Gongom e a premissa de concebermos juntos os arranjos e a sonoridade do álbum. Temos códigos em comum, sacamos a vanguarda paulista e crescemos em Minas. Dito e feito: um disco pop, croc, empoderador”. O álbum foi gravado nos estúdios da YB Music, em São Paulo, com lançamento pelo selo Matraca Records.
Histórico
O Porcas Borboletas surgiu no final da década de 1990 nos corredores da Universidade Federal de Uberlândia, MG. De lá pra cá, consolidou-se com uma das bandas de maior circulação no cenário da música independente nacional. O grupo se apresentou em 21 estados nas cinco regiões brasileiras, entre festivais e casas de shows. O exterior também entrou na rota da banda, que foi a Londres tocar no Southbank Centre e no Lovebox Festival, além das passagens por Paris e Buenos Aires.
Entre os convidados célebres de seus shows estão Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Otto, Arrigo Barnabé, Paulo Barnabé, BNegão e Helio Flanders. É também do Porcas Borboletas a música tema do premiado filme Nome Próprio, de Murilo Salles, protagonizado por Leandra Leal (que participa do segundo disco da banda). Com o espetáculo Às próprias custas S.A., a banda fez uma releitura do segundo disco do compositor Itamar Assumpção para a temporada de shows de lançamento da Caixa Preta, discografia completa do artista.
Momento Íntimo completa a discografia iniciada pelos discos Um Carinho com os Dentes (2005), A Passeio (2009) e Porcas Borboletas (2013), que emplacou faixas como Tudo que eu tentei falhou e Todo mundo tá pensando em sexo. Curiosamente, o grupo mantém a regra de lançar um novo disco a cada quatro anos.