Quem deu o que falar em 2018: Discos do ano

Quem deu o que falar em 2018: Discos do ano

Revelações, experimentos, consolidações de carreira, 2018 foi um ano bem diferente dos outros. Nomes acostumados a frequentar listas dos mais vendidos ou melhores do ano não deram as caras nos últimos meses, abrindo espaço para outros artistas. De Halestorm até Rita Ora, selecionamos alguns dos discos mais empolgantes.

Não fosse tão desligado (nas férias, pelo menos), teria conversado com a simpática Lzzy Hale, vocalista da norte-americana Halestorm, responsável por um dos discos que mais me empolgou em 2018, Vicious.

Algumas semanas depois de chegar às lojas, Vicious levou Lzzy para a emblemática loja Amoeba, em San Francisco, para uma sessão de autógrafos. Nos cumprimentamos rapidamente e fui atrás do álbum. O quarto registro da banda rendeu, até o momento, dois singles matadores, que revelam uma banda ainda mais madura: Uncomfortable e Do Not Disturb.

Para quem vive reclamando da falta de novos e bons nomes no rock, Vicious é uma bela resposta. O álbum chegou a figurar no top 10 da Billboard 200.

A minha viagem para a Califórnia também me levou a prestar mais atenção em dois nomes emergentes: Cardi B e Post Malone. Em agosto, pelo menos, a chance de escutar uma música de cada durante uma corrida de Uber em Los Angeles, em algum restaurante de San Francisco ou mesmo em um bar de San Diego, era imensa.

A rapper Cardi B teve uma impulsão após abrir os shows da turnê de Bruno Mars. Com o disco de estreia, Invasion of Privacy, a cantora conseguiu um feito e tanto: o primeiro álbum feminino a ter todas as faixas certificadas com ouro (500 mil cópias vendidas).

Bodak Yellow, Be Careful e I Like It certamente já apareceram em alguma festa ou rádio. Impossível fugir. Invasion of Privacy ainda tem a participação de Chance the Rapper, um dos nomes mais empolgantes do RAP americano.

Atração do próximo Lollapalooza, Post Malone emplacou duas das faixas mais hypadas: Rockstar e Better Now. Seu segundo disco, Beerbongs & Bentleys, entretanto, tem muito mais.

E por falar em novidades, a cantora Rita Ora, nascida no Kosovo, roubou todos os holofotes no segundo semestre com Phoenix. Polêmica, Girls foi um dos hinos do ano.

No primeiro semestre, todavia, quem roubou a cena foi a cubana Camila Cabello. Na reta final de 2017, ela já havia adiantado os hits Havana e Never be the Same. O que veio depois disso a colocou em um lugar de destaque.

Florence + The Machine (High as Hope) e Kacey Musgraves (Golden Hour) agradaram com propostas distintas. Enquanto a primeira manteve a fórmula dos seus três primeiros discos – o famoso não se mexe em time que está ganhando – a segunda optou por dar um reset na carreira. Deixou o country de lado e mergulhou de cabeça no pop. Resultados satisfatórios.

Nossa lista ainda guarda algumas honras para Arctic Monkeys (com o esquisito, porém, muito bom Tranquility Base Hotel Casino), Kedrick Lamar (com a melhor trilha sonora do ano: Black Panther), Ghost (Prequelle), Kamasi Washington (Heaven and Earth), Judas Priest (Firepower), Greta Van Fleet (Anthem of the Peaceful Army) e The Carters (Everything is Love, debute do poderoso casal Beyoncè e Jay-Z).

Nacionais fizeram bonito demais
Entre os nacionais, uma turma que não sabe o que é fazer um disco médio ou ruim deu as caras novamente. E quem saiu ganhando foi o público. Baco Exu do Blues, Elza Soares, Djavan, Gilberto Gil, Karol Conka e Caetano Veloso foram alguns dos artistas mais festejados nos últimos 12 meses.

Mas também teve espaço para as revelações. IZA chegou com tudo, Rubel consolidou a carreira, Luiza Lian, Duda Beat, Catavento, Carne Doce e BK, todos escalados para o Lollapalooza, justificaram suas contratações. E o Armada, surgido das cinzas da banda punk paulistana Blind Pigs, entregou um dos melhores discos do ano, Bandeira Negra, com participações especiais de Kiko Zambianchi e Sérgio Reis.

O baiano Baco Exu do Blues conseguiu superar, com facilidade, a tal sombra do segundo disco. Aos 22 anos, lançou Bluesman, o sucessor de Esú, eleito um dos melhores de 2017, e não deixou por menos. Queima Minha Pele (com Tim Bernardes) e Me Desculpa Jay Z (com mais 4 milhões de visualizações no YouTube) comprovam todo o hype em cima do cara.

E o que falar de Elza Soares? Depois do emblemático A Mulher do Fim do Mundo (2015), que rendeu nominação até em listas gringas, a cantora retornou ainda mais poderosa em Deus é Mulher, com letras fortes e parcerias curiosas. Apenas ouça!



Alice Caymmi provou que o DNA tem vida longa ainda. O disco Alice, que marca seu mergulho no pop, apareceu como uma das gratas surpresas.

Pesadão (com mais de 200 milhões de visualizações no YouTube) e Ginga. Se você não ouviu essas faixas nos últimos meses, provavelmente estava congelado ou desligado do mundo. O crescimento da cantora IZA foi um dos pontos mais comentados no ano.

Rashid (Crise) e Anavitória (O Tempo é Agora), tal como Baco Exu do Blues, consolidaram suas marcas com os novos discos. A dupla feminina, inclusive, chegou aos cinemas. Fizeram bonito!

Vesúvio, recém-lançado trabalho de Djavan, chegou aos 48 do segundo tempo. Meu Romance, Tenho Medo de Ficar Só e Esplendor (com Jorge Drexler) são as prediletas da casa. A turnê do alagoano tem início em Santos, no dia 22 de março.

Entre os veteranos, Caetano Veloso (Ofertório – Ao Vivo), Gilberto Gil (Ok, Ok, Ok), Erasmo Carlos (…Amor é Isso) e Gal Costa (A Pele do Futuro) deram amostras que ainda podem produzir por muitos anos. Acompanhado dos filhos, Caetano, inclusive, foi escalado para as edições argentina e chilena do Lollapalooza.

O ano também reservou alguns retornos, mas nenhum veio tão forte como Viagem ao Coração do Sol, disco do Cordel do Fogo Encantado. Faz falta uma banda tão criativa como essa no cenário nacional.

Com Libido, o Autoramas voltou a chamar a atenção do público. Mesmo com algumas mudanças na formação, o grupo não perdeu seu poder.

Tal como nos internacionais, vale menções aos discos Para Dias Ruins (Mahmundi), Connection (Riviera Gaz) e Yin Yang (Bayside Kings e Mais que Palavras).