Revista POP, o flash de uma época

Revista POP, o flash de uma época

MÁRIO JORGE

Houve uma publicação icônica, quase que obrigatória, para adolescentes e jovens em fins dos anos 1970: a Revista POP. Seu formato era diferente, com duas capas distintas – após a metade, ficava de cabeça para baixo, porque ali vinham os temas da outra capa.

Num universo onde nem se imaginava o advento da internet, com suas informações instantâneas, era o tempo de se esperar o período de publicação. A POP, na verdade, era Geração POP, mas o “Geração” ficava meio que escondido dentro do primeiro P. Ela trazia variedades, tendências de comportamento, alguma coisa de esportes – geralmente surf e skate – e muita música, além de reunir uma nata de colunistas bem informados sobre o showbiz.

O rock passeava pelas páginas que transmitiam, em palavra escrita, o que talvez víssemos em programas de TV da época, um certo Rock In Concert, ou algum disco que demoraria pra chegar aqui, porém tocava no rádio, embora fosse raro. Pessoal, não se assuste: estou falando de tempos passados mesmo, tipo 1976/1977/1978.

Eu era moleque, mas adorava os bailinhos feitos em casa por minha irmã. Sem distinguir muito bem, me fixei no showman Alice Cooper e nas pegadas de bandas como Deep Purple, Uriah Heep, Jethro Tull e os onipresentes de então, Rod Stewart e Peter Frampton. Kansas, Yes, Black Sabbath completavam a lista.

Acho que em 1976, a POP trouxe uma reportagem com uma banda que começava a estourar: Aerosmith. Nela, claro, Steven Tyler e Joe Perry… Tyler, a respeito de sua semelhança física com Mick Jagger – o bocão -, foi logo soltando o verbo: “Os Stones estão velhos demais para o rock”. Acho que a profecia dele não se confirmou. Ao contrário, foi o próprio Aerosmith que viveu uma fase no limbo, enquanto que os ingleses contemporâneos dos Beatles faziam e ainda fazem turnês mundiais. Beleza, o Aerosmith foi resgatado do ostracismo e voltou a encantar o público com suas baladas hard.

Em outra edição, também mais ou menos naquele período, tomei contato pela revista com um furor que ousava minar as estruturas tradicionais do rock: o movimento punk, com Malcolm McLaren organizando a trupe Sex Pistols. Mas havia o Ramones, o Ultravox etc. O resto da história desta fenda aberta todo mundo já sabe: vieram a New Wave, o Dark e tudo mais.

Agora, com a anunciada e discutida crise das publicações em papel, tudo é virtual. As fontes de conhecimento e de novidades chegam pelo celular/tablete/PC, sem precisar ir à banca mais próxima buscar um exemplar e se abastecer de cultura jovem. Não estou contestando, apenas constatando a mudança.

De qualquer forma, ficou o registro de uma época. E a POP, publicação da Editora Abril, que durou de 1972 a 1979, cumpriu muito bem sua missão. Como nada é eterno…