Uma das principais atrações do Rio-Santos Jazz Fest, que acontece neste sábado, no Theatro Guarany, em Santos, o paulistano Ricardo Baldacci conseguiu uma façanha e tanto com o seu segundo álbum, Brothers in Swing. Reuniu dois membros da família Pizzarelli, referência mundial em swing jazz, um ritmo muito popular na década de 1930, com as big bands nos Estados Unidos. Entre eles, o patriarca e lendário guitarrista Bucky Pizzarelli, de 90 anos.
O resultado desse álbum, que tem seu lançamento oficial programado para este sábado, a partir das 18 horas, poderá ser conferido, gratuitamente, pelo público da região. Além de Bucky, Baldacci teve a companhia de Martin Pizzarelli no disco.
“Minha ligação com os Pizzarelli começou com uma paixão em comum: Nat King Cole. Gostava de formações menores porque conseguia ouvir bem cada instrumento. Fui em uma loja de discos e tinha uma coletânea do Nat King Cole Trio e na capa tinha um guitarrista. Aquilo me chamou a atenção. À época, ficava muito no trânsito e escutava o tempo todo esse álbum no discman. Voltei na loja para comprar outro, mas encontrei um do John Pizzarelli com várias faixas da coletânea. Achei muito bacana. Era um cara mais novo, tocando músicas que eu já conhecia, mas de uma forma bem diferente”.
O timbre de guitarra dos Pizzareli foi o que mais despertou o interesse de Baldacci. E tudo mudou para o paulistano depois de ouvir aquela releitura de John. O músico passou a acompanhar de perto o trabalho da família.
“Quando John veio pela primeira vez ao Brasil (2004), fiquei com medo de não conseguir falar as coisas com ele e escrevi uma carta. Entreguei no final do show, disse que estava aprendendo a tocar e pedi para ele autografar minha guitarra. A mensagem dele foi: Practice Makes Perfect”.
A partir daquele momento, o paulistano continuou a acompanhar de perto as apresentações de John Pizzarelli no Brasil. Desenvolveu uma amizade com o irmão de John, Martin, que passou a indicar produtores para ajudar na produção dos trabalhos de Baldacci.
O empenho do paulistano em fazer sua carreira musical decolar fez com que ele alçasse voos. Tocou na Suécia, Estados Unidos, Argentina e Paraguai.
A apresentação em Nova Iorque, em maio de 2014, o aproximou do patriarca da família Pizzarelli. “O Martin me levou à sua casa para conhecer o Bucky, para batermos papo e eu aprender alguma coisa depois de filmá-lo tocando. Também aproveitei a ocasião para conhecer o Bill Moss (um dos mais respeitados produtores e engenheiros de som na linguagem do jazz, do lendário Nola Studios) num almoço”.
O contato com Bill abriu espaço para um plano mais ambicioso: gravar com Martin e Bucky Pizzarelli. Baldacci o procurou no início do ano passado e obteve um retorno rápido, com as datas marcadas para as gravações com os dois músicos.
“Fiz uma breve seleção de músicas, escrevi alguns arranjos e fui para Nova Iorque 15 dias depois. Gravamos o Brothers in Swing em duas sessões no Samurai Hotel Studios”.
Ir tão rápido aos Estados Unidos foi possível por conta das milhas que estavam prestes a vencer e uma campanha de financiamento coletivo, segundo o guitarrista.
Baldacci reconhece que a carreira de um guitarrista de jazz é difícil em qualquer lugar do mundo, principalmente no Brasil. “Nos Estados Unidos também não é fácil. A vantagem é que lá temos mais casas voltadas para esse público”.
Para a apresentação no Guarany, o músico promete canções do novo álbum, faixas inéditas e releituras. “Me sinto bastante confortável com o nome do festival. Porque realmente me sinto um santista. Toquei muitas vezes na Cidade. As apresentações são sempre bem vibrantes”.