Há sete anos, no dia 29 de janeiro de 2012, Rita Lee se despedia dos palcos. E bem, ela o fez de uma maneira, no mínimo, muito Rita Lee. Não consigo ver outra descrição para uma cantora pela qual já estaria na ativa desde meados dos anos 60, ainda conter forças em si para enfrentar um possível abuso policial em sua performance de despedida, numa praia de Aracaju, em Sergipe.
Hoje, espontaneamente (e curiosamente), acordei justamente com uma das canções da ex-Mutantes em mente. Trata-se da faixa Desculpe O Auê lançada no álbum Bombom (1983) de Rita Lee & Roberto de Carvalho. Pop como sempre, a cantora soa doce entre seu timbre perfeitamente sussurrado. O arranjo não fica atrás e dá toda uma densidade à canção que considero como uma das melhores baladas românticas brasileiras até hoje.
Em 1998, a música foi relançada em dois formatos. Na coletânea Lança perfume e outras manias – que reúne sucessos como Luz del Fuego, Agora só falta Você, Dançar pra não dançar, entre outros. E no Acústico MTV, a faixa ganhou uma versão mais intimista, introduzida por um trecho “desplugado” de Ando Jururu. Ela ainda é embelezada pela cantoria em parceria com a “Kid Abelha Rainha”, Paula Toller. Logo essa última versão, é a minha favorita de todas.
Enfim, pouco mais de ano após a aposentadoria de Rita Lee dos palcos, o programa Som Brasil homenageou a cantora. A cantora Tiê foi uma das convidadas e executou uma versão louvável de Desculpe O Auê. O baixo acústico foi essencial para que a canção ficasse tão bonita, enquanto diferenciava-se do que Rita já fez anteriormente nesta faixa. Ainda na ocasião, Tiê também cantou a faixa mutântica Ando Meio Desligado.
Bem, se algumas versões ocorrem “para o bem”, outras podem ter a capacidade de destroçar a obra. E esse é o caso do que Lulu Santos fez com a faixa em questão. A bateria, que surge logo no início da canção, já me irritou de cara. No entanto, um synth sútil me iludiu sorrateiramente. Sinceramente, meio segundo (ou em torno disso) foi o suficiente para perceber a derrocada. O cantor vai bem até meter-se a colocar tantos falsetes ao ponto disso torna-se irritante. Isso é questão de gosto, ou clubismo, como podem também entender. Mas não me bateu muito bem.
E pra você, qual canção da Rita foi mais marcante?