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Rota 54: banda punk fala sobre clipe, planos e política

Na semana passada, a Rota 54 lançou Garota Suicida, o primeiro videoclipe da banda. Em conversa com o Blog n’ Roll, o vocalista Caio Uehbe conta um pouco sobre esta importante etapa!

Na semana passada, a banda de punk rock Rota 54 divulgou Garota Suicida, o primeiro videoclipe da carreira. Em resumo, a faixa integra o último álbum de estúdio dos paulistas, Náusea, lançado no fim do ano passado. Apesar da recente chegada da música às plataformas digitais, a composição estava guardada na gaveta do vocalista Caio Uehbe desde 2006.

“É uma letra fictícia, criei uma personagem em minha cabeça e compus a música. Uma personagem que resumidamente seria uma falsa suicida, que vê muito mais graça em flertar com a morte do que em de fato se matar. Como se isso a fizesse sentir vitoriosa por algum momento em sua vida frustrada, como se ela pensasse: já que perco na vida ao menos flerto com a morte e saio vencedora”, explica Uehbe em conversa com o Blog n’ Roll.

Dirigido por João Pedro Feitosa, Arianny Rosso Beviani e João Victor Andrade, o videoclipe mescla entre intimista e urbano. A captação das imagens aconteceu no estúdio onde a Rota 54 ensaia. Além disso, também há takes rápidos da cidade de São Paulo, remetendo ao agito da grande metrópole.

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“Pensamos em vários locais e no final foi um consenso que, como é o primeiro clipe da banda, seria legal esse momento mais intimista no local de ensaio e composição das músicas, que tem uma aparência bem tradicional de estúdios de garagem”, reforça o vocalista.

Garota Suicida

Escolher o primeiro single para ser representado em videoclipe não é uma tarefa fácil. No entanto, a banda contou com a ajuda do produtor Clemente Nascimento (Inocentes e Plebe Rude) para esta importante decisão.

“Achamos que essa música tem uma melodia boa e um refrão marcante! Apesar de carregar uma temática que foge um pouco das demais, que são mais politizadas. Não que filosoficamente falando Garota Suicida não seja politizada, mas ela é menos direta” comenta o vocalista.

Ademais, ele também fala sobre como a música pode alcançar um vasto público. “Garota Suicida acaba sendo uma boa porta de entrada para as pessoas se interessarem pela banda e depois irem atrás das demais músicas”.

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Ao mesmo tempo que apresenta uma garota seduzida pela morte, o single também aborda uma semente do flerte: São Paulo.

“A vida em uma grande metrópole, como São Paulo, sempre nos proporciona o imprevisível a cada esquina! Nos dá a chance de inúmeras possibilidades de encontros e desencontros, de satisfações e frustrações. E a música mostra de certa forma isso, como a cidade que ao mesmo tempo nos enlouquece, criando uma garota suicida, também possibilita de certa forma uma redenção a essa loucura, através das mais variadas formas de prazeres”.

Próximos projetos

O quinto álbum da Rota 54 já estava dando os primeiros passos. No entanto, em decorrer da pandemia do novo coronavírus, a banda deu uma pausa por tempo indeterminado. Porém, Uehbe revelou que o disco encontra-se em fase de composição, com duas músicas praticamente prontas.

“Espero que no ano que vem já tenhamos a possibilidade de entrar em estúdio para gravar essas músicas”.

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Além disso, o grupo também já havia cotado outro single para videoclipe. “Durante a gravação de Garota Suicida estávamos já articulando de fazer o clipe de Dente por Dente, que é uma música que gostamos bastante. Mas a pandemia acabou atrapalhando esse plano. Espero que quando tudo passar, consigamos dar continuidade nessa ideia”, finaliza.

Política

Com a crescente polarização política na qual o Brasil atravessa, declarações de artistas dividem opiniões nas redes sociais. Apesar das bandas de punk rock carregarem um histórico de resistência contra o fascismo, há fãs que desaprovam posicionamentos contra o governo Bolsonaro.

“Acredito que as pessoas que fazem esse tipo de reclamação contra as bandas e seus integrantes que se posicionam politicamente caem nessa cilada do sistema”, afirma Caio Uehbe.

O líder da banda ainda critica a despolitização da sociedade que, segundo ele, é incentivado pelo sistema. “Numa sociedade desigual como a nossa, isso significa ser complacente com essas desigualdades. Ou seja, quem se diz nem de direita, nem de esquerda, na verdade favorece o estado atual das coisas, e no fundo se torna alguém de direita, um conformista e, indiretamente, reprodutor dessa lógica perversa e desumana em que vivemos”.

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Enfim, Uehbe reforça o posicionamento do grupo. “Nós enquanto banda nos sentimos na obrigação de nos posicionarmos contra o atual governo e qualquer movimentação da sociedade civil que aponte para um neofascismo como faz o governo e seus apoiadores”.

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