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Saia do lugar comum: com vocês, Fat White Family

No próximo dia 26, John Cale realizará um único show em solo europeu, em Liverpool, para celebrar os 50 anos do primeiro álbum do Velvet Underground, o famoso e obrigatório Velvet Underground & Nico – o ‘disco da banana’. Para o que promete ser uma noite memorável, o músico chamou seis artistas mais novos para acompanhá-lo na empreitada. Entre estes, o Fat White Family.

Cale pode ter ouvido apenas as faixas Is It Raining in Your Mouth? e Wild American Praire, do trabalho de estreia dos ingleses (Champagne Holocaust, de 2013), para bater martelo na escolha. Enquanto Nadine Shah deve encarnar a musa gélida Nico e aos Wild Beasts provavelmente serão destinados os números art rock do show, o sexteto londrino se encaixa bem nos momentos mais caóticos e experimentais da antiga banda de Lou Reed.

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Se o primeiro álbum era cru, o segundo – Songs for Our Mothers, de 2016 – tem uma produção mais elaborada. Pelo menos no que o universo fatwhitefamilyano permite se considerar elaboração. Mais que esteticamente, a afinidade do grupo com o Velvet se dá artisticamente. Assim como os pioneiros norte-americanos, o grupo pouco se importa em se encaixar em determinada escola. O novo álbum eleva ainda mais essa impressão: é praticamente impossível carimbar um estilo para a trupe.

Um certo ar de embriaguez continua a rondar as composições. As dissonâncias, desafinações e estranhezas também. A adição de metais ocasionais e alguns efeitos eletrônicos não refrescaram a coisa. As letras abstratas e esquizofrênicas persistem. Ou seja: o que na estreia poderia soar como imprecisão iniciante, aqui, se revela parte do contexto geral. Muito parecido com o que os colegas de Andy Warhol faziam, não?

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À parte o tom anárquico, o andamento de boa parte de Songs é mais lento do que o do debute. Pode-se pescar aqui e ali influências do pós-punk (PIL, Killing Joke), gótico (Bauhaus, Alien Sex Fiend), folk, experimentalismo, industrial, valsa, a predileção por hinos, mas a amálgama disso tudo traz à tona um produto fora dos padrões convencionais. E indecifrável.

Ao vivo, os caras não esclarecem muito mais. Já se apresentaram trajados como mendigos, caubóis, neonazistas, com roupas femininas. E não raro o vocalista Lias Kaci Saoudi prefere não levar roupa nenhuma para o palco. As long necks se destacam na paisagem.

O Fat White Family não veio para explicar, mas confundir. Talvez como o próprio Velvet Underground, venha a ser melhor compreendido no futuro.

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