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Sem limites para ousar no punk rock: Ouça Embracing the Sun, do The Bombers

Fotos: Felipe Buli/Divulgação

Misturar o peso do rock and roll com os instrumentos regionais do forró, colocar a rima firme e certeira do rap no repertório de uma banda muitas vezes ligada ao street punk, além de revisitar um clássico da música brasileira com uma releitura ousada. Não foram poucos os desafios enfrentados pela banda santista radicada em São Paulo The Bombers em seu novo álbum, Embracing the Sun (HBB Records). Mas se levarmos em consideração o que foi apresentado e o feedback positivo que o quarteto tem recebido da crítica especializada e do público, a ousadia foi bem-sucedida.

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Há 22 anos na estrada, o The Bombers, hoje formado por Matheus Krempel, Mick Six, Daniel Bock e Gustavo Trivela, participou de muitas coletâneas, lançou EP, gravou demo tape (sim, aquelas fitinhas k7), mas Embracing the Sun é apenas o quarto álbum cheio nessa trajetória.

É interessante ressaltar que apesar de soar ousado para os mais conservadores, o The Bombers segue uma linha não muito diferente de duas de suas principais influências, lá do início da carreira: Rancid e The Clash.

A primeira aparição da banda, quando ainda se chamava Una Bomber, no longínquo 1995, no Bar do Sesc, ao término de uma oficina de guitarra com Clemente Nascimento, do Inocentes e Plebe Rude, foi encerrada com o clássico dos britânicos, Should I Stay or Should I Go.

Se o Clash tem Sandinista e o Rancid conta com o Life Won’t Wait em suas discografias, o The Bombers pode se gabar de ter o Embracing the Sun. Eles não querem aproveitar um ritmo do momento para faturar, apenas querem mostrar como é possível ousar sem perder suas características.

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“A ideia sempre foi experimentar elementos diferentes para tentar criar algo próprio e original. Muito se diz o que seria um rock brasileiro. Inicialmente a ideia foi questionar se o rock brasileiro é o rock americano cantado em português ou se ele seria um rock com elementos regionais cantado em inglês. No final, chegamos a conclusão que nenhuma das duas era a resposta certa. A música, seja lá qual for o gênero, é universal e quem não se atreve a sair do quadrado não sabe a maravilha que é experimentar todas essas diferentes cores”, explica o vocalista do Bombers, Matheus Krempel.

A releitura de Mestre Jonas (Sá, Rodrix e Guarabyra), o rap ¿Qué Pasa?, o reggae Let’s Love, o rock com elementos do forró Exodus, além das roqueiras Passive Agressive, Feel so Good e Dancing Outta Steps, todas com aqueles refrões marcantes, característica dos caras, são os grandes destaques do álbum.

“O Henrike Baliu (Blind Pigs) estava me instigando a fazer um som em português e nessa acabamos compondo e gravando juntos a faixa Última Estação. Criamos uma forte amizade com uma galera da Zona Leste de São Paulo, mais precisamente no Itaim Paulista, tocando em uns eventos lá na quebrada dos caras do Shark Attack e do coletivo de rap Mafia Red. Dessa amizade veio a ideia de chamar o Jhou Bastos e o Jay Bone para participarem do disco. Eles escreveram a letra de ¿Qué Pasa? e mandaram ver na gravação. Além disso, tivemos a participação do DJ Follen nos beats da Its All Right. Saindo da leste, tivemos um reencontro com nosso ex-baixista, o Fernando Hago, fazendo backing vocals em Feel so Good, além dos gênios Zé Pitoco nos triângulos e zabumba e o Olívio Filho na sanfona da música Exodus“.

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Único integrante desde o início da banda, Matheus afirma que as referências de transformação sonora vão muito além de Rancid e The Clash. “Nada do que fazemos é novo. Sá, Rodrix e Guarabyra já misturavam rock com diversos elementos criando o Rock rural, os Stones experimentaram o reggae, Blondie gravou rap, Run DMC regravou Aerosmith e por aí vai. Talvez uma das maiores influências para esse disco tenha sido a dupla Chaos AD e Roots, do Sepultura”, completa.

Matheus diz que o principal elemento do novo é álbum é a dedicação de todos os integrantes do Bombers. “É o disco mais internamente colaborativo da banda. Ele não foi focado só em mim ou só no Trivela. Ele foi criado, composto e gravado pela banda inteira. Oito mãos, quatro caras abraçando o sol.Todos agregaram muito e nos ajudaram a chegar nesse novo nível que nós atingimos”.

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