Sir Christopher Lee, terror e metal

Sir Christopher Lee, terror e metal

MÁRIO JORGE

Sir Christopher Lee seria mais um daqueles ingleses aristocráticos, não fosse sua predileção e vocação para filmes de terror. Nascido em 1922, em Londres, foi escalando papéis no cinema, especialmente como vilão: sim, o porte físico (1,96 metro) e o rosto marcante abriam as portas para o homem mau na telona.

Mas Lee gostava de música. Mais do que isso: amava o heavy metal. O eterno Conde Drácula ou Saruman (Senhor dos Anéis), só para citar dois papéis marcantes de sua carreira, gravou um álbum com som pesado. Charlemagne: By the Sword and the Cross foi o disco lançado pelo ator quando estava com 91 anos. Antes, ele já havia feito incursões no metal e enlouquecido o público com participações especiais com bandas como Manowar e em apresentações com feras, Tony Iommi entre eles, no Spirit of Metal, em 2010.

Tudo a ver. A temática de terror é um componente do metal, tanto nas letras como nas capas dos discos e vestimentas dos músicos. O primeiro disco do Black Sabbath já apresenta o enredo. A capa é antológica, com uma figura fantasmagórica à frente de uma casa com traços macabros. A música tema dispensa apresentações. O resto é história: vide Iron Maiden, Slayer e a infinidade de bandas nórdicas.

Não é só isso, evidentemente. Há outras inspirações que se transformam em acordes potentes e arregimentam fãs pelo mundo afora. Mas o terror – aquele que nos divertem na telona – casa bem com o metal. E ninguém é tão representativo nessa seara como Christopher Lee. Aliás, passei boa parte da minha infância/adolescência vendo Drácula. Hoje, estes filmes soariam como algo cômico dada a enxurrada de produções hollywoodianas com seus efeitos tecnológicos. Mas sempre existem os precursores, que jamais podem ser esquecidos. Santos Dumont , com seu modesto 14 Bis, é lembrado até hoje, mesmo com os mais modernos jatos que cortam o céu. Ou Charles Chaplin, eterno ator cômico com sua crítica social e política.

Enfim! Sir Christopher Lee nasceu para o cinema, deixou uma história fabulosa e permaneceu, até sua existência – em 2015, aos 93 anos -, como um velho e bom headbanger. Que assim seja. Longa vida ao rock!