VINICIUS HOLANDA
Antes de mais nada, abro o jogo: na minha humilde opinião, a edição deste ano do Lollapalooza é a mais fraca do festival desde que este aportou em solo brasileiro. Posto isto, me arrisco a destacar alguns shows que ocorrerão no Autódromo de Interlagos no próximo final de semana tendo em vista o pendor indie desta coluna.
No sábado, Bob Moses (Palco Axe, 15h45) é um bom aperitivo para quem reservou o dia para ver o The XX. Apesar do nome, trata-se de uma dupla canadense que traz um som eletrônico majoritariamente calmo, daí a proximidade com os colegas ingleses mais famosos. Ao vivo a dupla se transforma em banda e o som ganha texturas mais orgânicas.
Cage The Elephant (Palco Skol, 16h25) já é conhecido do evento: fez uma apresentação elogiadíssima na edição de 2012. Quem assistiu sabe da energia que os caras têm em cima do palco. Desta vez, vêm ao país com um disco muito interessante – Tell Me I’m Pretty, de 2015 –, menos acelerado que os três anteriores, mais denso. Deve render bem ao vivo.
O The 1975 (Palco Onix, 17h30) (foto) pode fazer alguns alternativos mais encardidos virarem o nariz. O som dos ingleses é assumidamente pop deslavado, mas, sob o manto mainstream, há um inegável talento para as melodias e os refrões marcantes. A banda é boa ao vivo – foi destaque nos principais festivais do ano passado.
Embora não seja o foco da coluna, o Rancid (Palco Skol, 18h35) é imperdível. Assim como o Bad Religion no ano passado, o 90’s punk dos norte-americanos deve arregimentar uma legião de fãs no principal palco do evento. Vai ser foda.
Um dos headliners do dia, o The XX volta ao Brasil após quatro anos com novo status: de grupo grande que, ao respeito da crítica, aliou o sucesso de público. O novo trabalho, I See You (2017), é mais solar e dançante que os dois anteriores. As apresentações do trio são um verdadeiro show de imagens e luzes. Não tem erro.
No domingo, um bom começo é assistir o Catfish and the Bottlemen (Palco Onix, 14h20). Os galeses não vão mudar a vida de ninguém, mas fazem um rock honesto, simples e enérgico. Para um começo de tarde, está bem bom.
Duran Duran (Palco Onix, 16h30) foi um um dos principais grupos dos anos 1980. Os tempos dourados, claro, se foram. Mas o legado da banda de Simon Le Bon é imenso: uma infinidade de grupos das décadas posteriores se inspiraram no pop elegante, herdeiro direto do Roxy Music, dos ingleses. Não se sabe a quantas anda o desempenho da trupe em cima do palco, mas o desfile de hits é garantido.
O Two Door Cinema Club (Palco Skol, 17h35) foi alvo de texto na coluna da semana passada. Cada vez mais pop, o trio norte-irlandês deve ganhar o público de cara, com sua pegada dançante e vigorosa.
O palco Perry’s, dedicado à música eletrônica, mereceria uma coluna à parte. De qualquer modo, fica a dica para as apresentações de GRiZ (17h), americano que arma um caldeirão efervescente com dub, hip hop e funk, e o holandês Oliver Heldens (18h15), que investe numa house music tradicional, mas bem bacana.
Para encerrar, o The Strokes (Palco Skol, 20h30). Símbolo de sua geração, foi um dos ícones da retomada das bandas de guitarras com o perfeito Is This It (2001). Os últimos trabalhos alternam altos e baixos. Particularmente, acho que o passar do tempo fez com que o time de Julian Casablancas perdesse aquele frescor inicial. Faz parte. Mas não é todo mundo que pode rechear duas horas de show com pérolas como The Modern Age, Last Nite e Reptilia, entre muitas outras. Não é pouco.