RICARDO AMARAL
Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band! Não há capacidade de síntese que nos permita avaliar este disco em um só ato. Trata-se da mais importante obra da música pop, cuja influência determinou o rumo da indústria fonográfica; da cultura pop e do comportamento social do mundo inteiro. O Sargento Pimenta era um estabelecimento (hoje abandonado) no centro da praça na qual termina Penny Lane.
Os Beatles criaram um contexto em que Billy Shears, ou Willian Campbell, substituíra Paul McCartney, morto em um acidente de carro em 1966. Há biografias inteiras sobre o cara, embora, em minha humilde opinião, tudo não passou de um golpe publicitário. A capa do álbum, considerada a pioneira do psicodelismo gráfico, traz um túmulo, contendo um baixo canhoto em flores. A figura dos quatro beatles velando Paul e uma boneca ironizando a lacuna com os dizeres: “Bem vindos, Rolling Stones”.
Uma palma de mão, sobre a cabeça de Paul era o sinal de benção por sua “morte”! Todos os personagens à esquerda de Paul eram mortos à época. Assim, a faixa 1, do lado A, apresenta a “nova banda”, com uma introdução nervosa na voz de Billy Shears. Em seguida, o encanto de With a Little Help From My Friends, tendo como voz principal Ringo Starr. Um ícone do movimento hippie, a canção foi eternizada na voz rouca e emocionada de Joe Cocker, durante o festival de Woodstock.
A terceira, de autoria de Lennon, Lucy in the Sky with Diamonds, tornou-se o símbolo das viagens lisérgicas, apresentando um mundo sob a ótica de uma viagem de LSD. Aliás, a abreviação da letras que formam o título da música. Lennon jurava que era apenas baseada em um desenho de seu filho Julian, no maternal, no qual retrata Lucy O’Donnell, coleguinha de classe, voando com estrelas em forma de diamantes. A letra surrealista se tornou um totem psicodélico.
Getting Better, a quarta, foi inspirada na fase em que Ringo fora substituído durante a turnê australiana por Jimmy Nicol, em razão de uma forte amidalite. A cada show Lennon perguntava a Nicol: “Está melhorando”? E ele respondia: “Melhora a toda hora”.
Fixing a Hole, a quinta, foi atribuída como uma experiência do uso de heroína, versão veementemente negada por Paul, seu autor, já que à época nenhum dos beatles jamais havia experimentado a droga.
She is Leaving Home, uma experiência barroca no meio de um disco de rock!!! A inspiração de Paul veio de uma notícia veiculada pelo Daily Mail, em 17 de fevereiro de 1967, que contava a história de uma jovem de 17 anos que saíra de casa sem seus pais saberem e estava desaparecida até então. Seu pai lamentava-se, não entendendo por que razão ela teria agido assim: ela possuía tudo em casa.
Fechando o Lado A, Being For The Benefit of Mr. Kite. Uma obra prima do realismo urbano de John Lennon. Toda ela inspirada em um cartaz de circo, contendo todos os chamados de atrações. Lennon cria um roteiro de carrossel, levado pelo som do mellotron, instrumento inaugurado pela banda no álbum. Assim, fechamos um lado. Ainda havia muito a mostrar e influenciar. Fica pra próxima.
7 Comments
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Olívia Peralta
23 de fevereiro de 2017 at 12:35
Incrível!! É tão bom poder entender cada música. Obrigada pelos ensinamentos.
camila madeira
23 de fevereiro de 2017 at 14:51
Conteúdo de qualidade! Texto muito bem escrito e informativo para quem quer aprender um pouco mais sobre essa obra genial!
Lucas Krempel
23 de fevereiro de 2017 at 15:39
Valeu, Camila! O Ricardo realmente entende muito. É uma honra contar com ele aqui
😉
Lucas Krempel
23 de fevereiro de 2017 at 15:40
Obrigado, Olívia! O Ricardo tem muita coisa boa guardada para as próximas semanas
😉
Ricardo Amaral
23 de fevereiro de 2017 at 18:40
Camila. Obrigadonpelas palavras! Estamos aqui para ajudar as gerações a gostarem ainda mais do bom e velho rock and roll
Ricardo Amaral
23 de fevereiro de 2017 at 18:41
Sem noção o quanto fiquei feliz com seu comentário!!! Muito fofa!!
Sami Douek
4 de abril de 2017 at 14:30
Sensacional a resenha do Ricardo Amaral.
Música e Beatles sem Ricky, o meu universo e cultura musical dão passos pra trás!