RICARDO AMARAL
Já ouvi muita história e estória sobre “destino”, mas esta impressiona! No pequeno lugarejo de St.Albans, Hertfordshire, Inglaterra, cinco rapazes (como tantos, à época) pegaram seus instrumentos e começaram a ensaiar em um celeiro. Era 1961 e tudo começava a se transformar no Velho Mundo! Obviamente, imitar os Beatles era uma espécie de obsessão de todas as pequenas bandas que nasciam como ervas no jardim.
Rod Argent (teclados), Paul Atkinson (guitarra), Colin Blunstone (vocal), Hugh Grundy (batera) e Chris White (baixo) iniciaram sem quase nenhuma expressão, até que em 1964, lançam She’s not There, talvez a maior expressão de vanguarda até então. A batida, a métrica, tudo parecia muito diferente daquilo que se ouvira, mesmo vindo dos álbuns dos quatro de Liverpool. A música fez covers marcantes nas interpretações de Vanilla Fudge (1967) e, coroando, em 1977, no álbum Moonflower, sob a assinatura de Santana! O sucesso chegava para os Zombies!
Segundo lugar na América e excursão por lá, determinavam que nada mais seria simples. Pois o sucesso e a pressão das gravadoras desmanchavam os Zombies em 1966, apagando sua história… Não, não…. Chris White, desconsolado com o término na banda, procurou a cada um de seus parceiros e eles resolveram se encontrar para gravar um último álbum, Odessey And Oracle. Nascia um dos mais importantes discos da história do rock psicodélico e uma das maiores influências da época.
Odessey and Oracle não é apenas um disco, é uma marca. Não se trata de um disco comercial, mas foi o mais enaltecido pela crítica depois de Sgt. Peppers! É audição obrigatória para aqueles que tentam entender a origem de bandas como Emerson, Lake and Palmer; Triumvirat e Yes, dentre outras tantas. Não há uma só canção “quadrada”. Os dissonantes, caídas menores e sustenidos provocam atalhos auditivos, sugerindo várias canções em uma.
Com notória influência de Pet Sounds e Sgt. Peppers, Odessey and Oracle abre seu lado A com uma canção que poderia ter saído da genialidade de Brian Wilson, maestro dos Beach Boys! Care of Cell 44 é uma valsinha que nos leva da influência do ragtime até a modernidade de Heros and Villans!
A Rose For Emily é uma odisseia sobre a solidão. De um lirismo magnífico, a estória é uma espécie de capítulo segundo de Eleanor Rigby! Uma sequência maravilhosa de inspiradas obras do inesperado! Assim podemos simplificar este álbum surpreendente.
Na faixa que encerra a odisseia e oráculo, Time of the Season! Um hit que levou The Zombies ao lado de Lucy in the Sky para os primeiros lugares da Billboard. A cadência e o contra passo das palmas, acompanhadas pelo suspiro vocal, traz a beleza de um dos trabalhos mais importantes da época. Detalhe! Após grande batalha, os Zombies conseguiram gravar Odessey and Oracle nos estúdios Abbey Road. Quando? Na sessão seguinte a Sgt. Peppers. Todos os equipamentos e instrumentos estavam lá, como propositadamente deixados por eles para a banda. Rod, o tecladista, o gênio da banda, viu o mellotron num canto e transformou Odessey and Oracle numa das maravilhas do psicodelismo! Baixem, escutem, viajem! É imperdível!!!