Em 2017, poucos lançamentos despertaram minha atenção na cena do hardcore e punk, mas os poucos que foram divulgados, vieram caprichados. Na 43ª edição do Subsolo na Caldeira, apresentaremos os sete melhores discos de hardcore, punk e post-hardcore nacional. Saca só os melhores desse ano!
1 – Dinamite Club – Nós Somos Tudo O Que Temos
Se Tiro & Queda (2013) deixou o Dinamite Club em um alto patamar, saiba que em Nós Somos Tudo O Que Temos isso veio multiplicado. Doze músicas com letras sobre temas atuais que faz o ouvinte refletir sobre assuntos relevantes. Qualidade instrumental, vocal muito bem cantado e letras muito bem escritas fazem da banda uma das maiores do País.
A sonoridade do disco é única. Misturar esse pensamento positivo que a banda transmite com o pop punk fez uma mistura que torna o Dinamite Club no que é: uma das maiores bandas do estilo do mundo. Não é qualquer um que consegue fazer um pop punk de qualidade e em português. Em um disco em que não se dá para falar a pior música, imagina escolher a melhor. Mas se precisasse escolher uma que definiria o álbum em um só, seria Não Dá Para Ganhar Todas.
2- Depois da Tempestade – Multiverso
Em 2017 veio o tão esperado disco de estreia da Depois da Tempestade, depois de três ótimos EP’s. Nos trabalhos anteriores, já havíamos reparado na ótima qualidade do sexteto santista e era esperado que no primeiro álbum do grupo, viesse algo diferente. E, de fato, veio. Nessas 11 faixas, todas em português, podemos ver ótimas músicas, todas sem nenhum gutural – estilo que tinha em sons antigos.
Multiverso é um álbum de uma banda inteligente, madura e de ótima qualidade. Se antes o Depois da Tempestade não te conquistou com algum dos EP’s anteriores ou com suas apresentações energéticas, saiba que com esse disco, o grupo está pronto para se tornar um dos grandes de rock nacional.
3- Skinner – Made In Terior
Diretamente do interior do Rio Grande do Sul, a banda Skinner é, sem dúvida, a revelação do hardcore em 2017. O quarteto lançou seu primeiro álbum, intitulado Made In Terior, que curiosamente foi o primeiro nome da banda. O disco conta com dez faixas, sendo nove autorais e uma versão acústica da música Arlindo. O seu jeito cômico de expressar histórias com muito humor fez a banda ganhar uma rápida notoriedade. Faixas como Dicotomia, Clichê Sertanejo, Baile no 20 e Barco do Amor demonstram a diversidade de letras que a banda traz no álbum, conseguindo manter todas em alto nível.
O principal som da banda é Horipa City, uma sátira da vida na cidade natal. A música colocou a banda no topo das rádios da região e fez com que os caras participassem de muitos shows por lá.
A banda foi fundada em 2015, mas somente em 2017 eles lançaram seu primeiro álbum. Se foi para deixar tudo no melhor detalhe possível, conseguiram. Made In Terior pareceu um terceiro disco de uma banda enorme. É difícil ver um trabalho de estreia com tanta qualidade e tão maduro, mesmo tendo letras cômicas, como esse feito pela Skinner. Tenho certeza que irá fazer parte da seu playlist.
4- Mistanasia – Mistanasia
Com 12 faixas e pouco mais de 24 minutos de puro hardcore rápido e pesado, a banda mostra a sua cara para a cena da Baixada Santista. O disco de estreia conta com três participações: Cheeco Rocha em Lembranças, Kennedy Lui (Zebra Zebra) em Casulo e Gabriel Menezes (Zerão e Desenteria) em Democracia (Vote Nulo). Suas letras, totalmente em português, falam sobre o cotidiano, sobre como agir e também sobre o atual cenário político brasileiro.
O trio consegue manter uma qualidade tanto nas músicas mais pesadas, quanto nas mais leve quando a banda troca o hardcore meio thrashcore pelo hardcore melódico, como em Ruptura. Seus shows são sempre energéticos Se você curte bandas como Dead Fish e Surra, os santistas da Mistanasia irão te conquistar.
5- Disenteria – Quanto Vale Sua Mentira?
Imagina o que esperar de um supergrupo formado por membros de bandas como Like a Texas Murder, Zerão, Analog e Same Flann Choice. Não tinha como falhar, não é? E de fato não falhou. O disco Quanto Vale Sua Mentira? conta com nove musicas de no máximo dois minutos cada. Com muita rapidez e peso, no melhor estilo thrashcore, suas letras falam sobre o atual momento da sociedade merecendo total atenção e reflexão de quem escuta. Os shows de divulgação do disco devem ser animais pois as músicas instigam por circle pit’s e stage dives. Não há duvida que a banda vai conquistar mais fãs com suas apresentações.
6- New Day Rising – O Homem Comum
O N.D.R. é a melhor banda de rapcore, mistura de hardcore e rap, do Brasil. O Homem Comum é o terceiro e mais maduro EP do grupo. Durante todo o trabalho, as letras mostram a definição do “homem comum” em diferentes perspectivas somado à melodias rápidas, pesadas e agressivas, no melhor estilo New Day Rising. O disco, que conta com menos de 15 minutos, ainda traz a participação de Milton Aguiar, vocalista do Bayside Kings, na faixa Comece Por Você, melhor som do EP.
O Homem Comum foi o melhor trabalho, mesmo sendo um EP e não disco, lançado no estado do Rio de Janeiro. Essa é uma tremenda conquista para um quinteto de jovens que faz um bom trabalho batendo de frente com as grandes bandas do cenário hardcore brasileiro.
7- Lemori – Valores Inversos
Hardcore rápido. Essa é a marca da banda cearense Lemori em Valores Inversos. Com quase 30 minutos de muito hardcore melódico, esse terceiro registro é o melhor da banda.
Nele podemos ver muita influência de Dead Fish e CPM 22 em suas dez faixas em português. Suas letras não são tão politizadas como a do grupo capixaba, mas não com temas menos importantes. Elas abordam as dificuldades do cotidiano e a vontade e esperança de fazer algo que possa mudar para melhor a realidade em nossa volta. Clássico de uma boa banda de hardcore. O trabalho ainda conta com a participação de Sandro Turco, vocalista da Cannon of Hate, em Medo de Perder.
Lemori é uma das maiores bandas do Ceará e com Valores Inversos, a banda já pode esperar fãs de todos os cantos do País.
Além das bandas que estão aqui, bandas como Project 46, Bullet Bane e CPM 22 também divulgaram novos álbuns, mas não coloquei pois, de fato, os sete têm motivos para estar na frente.