by Vinicius Holanda

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VINICIUS HOLANDA

Neil Hannon é um dândi. Culto, gravou uma música, The Booklovers, na qual cita nada menos que 73 escritores consagrados. Aprecia bons vinhos. Está sempre trajado em elegantes ternos bem cortados. Ama cavalos, a ponto de manter uma entidade de proteção a equinos. Mas, o que importa aqui, é que o norte-irlandês é um dos mais talentosos artistas da música pop atual.

Hannon está à frente do The Divine Comedy (o próprio nome, uma referência literata). À frente é modo de dizer: ele é o The Divine Comedy. Além de vocalista, guitarrista, pianista e letrista do grupo, é quem pensa e põe em prática a estrutura nada convencional do grupo, com 11 álbuns na carreira iniciada em 1989.

A banda lançou no final do ano passado o disco Foreverland, após hiato de seis anos em que Hannon se dedicou a projetos paralelos. Valeu a espera. O músico despeja lirismo e beleza ao longo das 12 faixas. O estilo se mantém o mesmo: arrojadas canções pop, embaladas em orquestrações, naipe de metais e instrumentos pouco usuais.

A sofisticação do grupo rendeu, de um crítico inglês, a denominação ‘pop de câmara’. Cai bem. Apesar de se tratar basicamente de uma banda de rock, a produção recheada de detalhes e sutilezas traz a seu som tonalidades quase eruditas. À parte as peculiaridades sonoras, há ainda as inspiradas e inusitadas letras de Hannon – onde a veia literária aflora. Afinal não é comum encontrar em hit parades uma música toda dedicada a Catarina, a Grande, a imperatriz russa (em Catherine The Great). Ou versos como There have been other people in your life/ You have had other lovers/ So have I/ And hum… blah, blah, blah.

O primeiro single, To The Rescue, é uma boa mostra da típica atmosfera divinecomediana. Sobre cravos, órgãos e uma guitarra pontual, Hannon recita versos céticos que vão ganhando em intensidade no decorrer da música até chegar ao ápice com a adição da orquestra.

As belas Happy Place, algo melancólica, e The One Who Loves You, com sonoridade mais solar, não fariam feio em alguns dos discos mais inspirados da banda, como Promenade (1994) ou Fin de Siècle (1998). A já citada Other People encaixaria bem em um musical triste da Broadway. Napoleon Complex retoma o ar de cabaré extravagante presente em algumas músicas de outros trabalhos.

Foreverland traz de volta às mãos de Neil Hannon a supremacia na arte de fazer do pop uma arte maior. É algo para poucos, verdade – que sorte dessa minoria.

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David Bowie é uma estrela imprevisível e cercada de polêmicas. Somente nos últimos três anos, ele já foi “aposentado” pelo seu biógrafo, “escalado” para tocar na festa de encerramento das Olimpíadas de Londres e “diagnosticado” com uma doença degenerativa. Nada, no entanto, se confirmou.A quebra do silêncio, após dez anos sem lançar material inédito, foi o primeiro passo da comprovação de que Bowie ainda tem muita lenha para queimar, apesar dos seus 66 anos de vida. Anunciado no início deste ano para o dia 11 de março, o 24o álbum da carreira, The Next Day, já está disponível para audição no site do iTunes. Os fãs podem ouvir as 14 faixas inéditas até o dia do lançamento.E as polêmicas envolvendo Bowie não param por aí. Produtores e músicos comentam o tempo todo sobre a possibilidade da realização de uma turnê de divulgação do álbum. Para entender o motivo da discussão, precisamos retornar a 2006. Naquele ano, o músico desmaiou durante um show na Alemanha e, após uma série de exames, descobriu que teria que fazer uma cirurgia no coração.A estrela de Bowie se apagou. Parecia o fim da carreira de um dos músicos mais influentes do século 20. Boatos sobre a saúde do britânico pipocavam com frequência nos tabloides ingleses.

Na semana do lançamento do primeiro single de The Next Day, We Are We Now, o produtor Tony Visconti disse em entrevista ao tabloide inglês The Sunday Telegraph que Bowie está bem, mas não deverá entrar em turnê.Ele está afiadíssimo. Não perdeu nenhuma célula do cérebro. Só que não quer mais fazer turnês. Não aguenta mais. Mas não descarta fazer um show ou outro. Foi um alívio ouvir isso”, diz Visconti.Se Visconti não acredita em uma turnê do álbum, o guitarrista e diretor musical do artista, Gerry Leonard, já alimenta as esperanças dos fãs. Ele declarou para a revista americana Rolling Stone que acredita que Bowie possa fazer uma turnê. Para Leonard, as chances são de 50%.Leonard reforça sua opinião com os comentários do cantor. “Bowie falava sobre como determinada canção soaria ótima ao vivo”, disse. Para o guitarrista, o fator decisivo seria o cantor sentir o ímpeto pela estrada já que, segundo ele, Bowie está com “um preparo de voz ótimo e em grande forma física”.E, se engana quem pensa que The Next Day seja apenas sobras de estúdio. Visconti afirmou ao The Sunday Telegraph que 29 músicas foram gravadas e que pelo menos quatro delas poderiam dar início a um novo álbum. “Se tudo correr bem, voltaremos ao estúdio no fim deste ano”.O álbum

Os fãs mais saudosistas do Camaleão, que curtem o passado vanguardista dele, vão se deliciar com The Next Day. Da capa às músicas, os admiradores vão encontrar diversas referências aos três álbuns lançados por Bowie no final da década de 1970, período em que morou na Alemanha.A capa traz uma evidência bem explícita, ao estampar um quadrado branco sobre a imagem da arte de Heroes (1977). As canções lembram muito os clássicos de Low (1977) e Lodger (1979).Os refrões são fortes e ficam na cabeça, como no caso das músicas Dirty Boys, Love is Lost, How Does The Grass Grow? e (You Will) Set the World on Fire.Já com seus videoclipes lançados, The Stars (Are Out Tonight) e Where Are We Now são fortes postulantes ao posto de hits do álbum. O vídeo da primeira, inclusive, conta com a participação da atriz britânica Tilda Swinton, Oscar de Atriz Coadjuvante em 2008 (Michael Clayton).Valentine’s Day e You Feel So Lonely You Could Die são duas das mais belas faixas. Com solos de guitarra, piano e arranjo de cordas, as faixas vêm carregadas de emoção. A mesma de quem não aguentava mais ficar sem ouvir algo novo de Bowie.Se uma possível turnê mundial do álbum The Next Day não é confirmada por David Bowie, os fãs brasileiros podem se preparar para uma invasão do britânico em 2014. No início deste ano, a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, divulgou que a exposição David Bowie Is virá ao Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, em janeiro próximo.Atualmente em cartaz no Victoria and Albert Museum, em Londres, a mostra do Camaleão do Rock apresenta 300 peças relacionadas ao músico. Manuscritos de letras de música, vídeos de turnês, fotografias de artistas que trabalharam com Bowie, vídeos e objetos pessoais são alguns dos tesouros.Conhecido por suas roupas extravagantes, Bowie também liberou cerca de 60 figurinos para a exposição, inclusive a peça original de Ziggy Stardust, de 1972, um de seus personagens mais marcantes. Os trajes de Aladdin Sane e Thin White Duke são outros destaques da mostra.SériesPara quem não aguentar a espera pela exposição, shows ou o próximo álbum do britânico, duas séries inglesas são boas pedidas para os fãs. Life on Mars e Ashes to Ashes, nome de dois clássicos do cantor, narram a história de dois detetives que voltam no tempo após sofrerem atentados e precisam fazer o impossível para retornar aos dias atuais.Life on Mars, focada no personagem Sam Tyler (John Simm), é facilmente encontrada nas principais lojas virtuais. Quase sempre em promoção. Além disso, a série está em exibição no Net Now.Ashes to Ashes não foi lançada em DVD no Brasil, mas está para download em vários sites especializados em seriados. As referências com Bowie vão dos nomes das séries às trilhas sonoras, além de personagens inspirados no músico.Confira os vídeos dos dois primeiros singles de The Next DayWhere Are We Now The Stars (Are Out Tonight)

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