RICARDO AMARAL
O grau de risco ao escrever sobre os Monkees é enorme. A banda americana, criada a partir do estrondoso sucesso da Beatlemania pode ser alvo de inúmeras críticas, todas elas com sua relevância. Agora desconhecer o que foi este “fenômeno” é um erro digno da cegueira.
A banda foi criada em 1965 por uma rede de tv americana, a NBC. Já daí, as críticas quanto à autenticidade da banda emergem como lavas em uma erupção vulcânica. A ideia era criar uma série de comédia musical, nos passos de A Hard Day’s Night, que triturou as bilheterias em 1964. Mas a NBC não fez isso de forma leviana. Reuniu quatro músicos com diferentes perfis, espelhando a diversidade entre John, Paul, George e Ringo.
Mike Nesmith, um músico folk e com grandes composições; Peter Tork, multi instrumentista, Micky Dolenz, ator da série de TV O Menino do Circo e o quarto Monkee, David Jones, que estreara uma peça na Broadway (Oliver) como protagonista vocal.
Mas por que gastar este espaço para os Monkees, cuja criação foi praticamente um golpe empresarial estadunidense por sobre a esteira do Beatles? Porque nenhuma banda esteve tanto tempo com tantos álbuns, em um só ano, no topo do chart da Bilboard. Foram cinco meses em primeiro lugar!!!! Apenas cedendo os outros meses ao quatro em que esteve Sgt. Peppers’ Lonely Harts Club Band!!!!
Assim, pode-se dizer de tudo, mas não se pode contrariar fatos! As canções dos Monkees foram muito além do que imaginaram seus criadores. Colecionadas entre expoentes do pop americano, como Carole King e Neil Diamond, fizeram com que a crítica se rendesse à qualidade técnica de suas gravações. A linguagem jovem e menos rebuscada do britânico, fez com que se tornassem imediatamente um fenômeno.
I Am a Beliver, de autoria de Neil Diamond, virou uma espécie de hino infanto-juvenil e o autor só conseguiu executa-la após o término da exceção contratual. Isso quase 20 anos depois. Day Dream Believer é uma crônica de paixão escolar americana, retratando o mito do garoto que sonha acordado com a rainha do baile de formatura.
Tamanho era o poder de comunicação e linguagem de suas canções que, na música título de abertura da série encenada pela banda, a letra ironiza: “Estamos muito ocupados cantando, para deixar qualquer um triste. O álbum More of the Monkees é a despedida formal dos tempos e ritmos da beatlemania. Não há realmente como ficar triste ao deixar a agulha deslizar pelo vinil.