Foram muitos meses de expectativa até a chegada da exposição Nirvana – Taking Punk for the Masses a São Paulo. Mostra permanente do Museu de Cultura Pop em Seattle (MoPOP), essa coleção de objetos, instrumentos e pertences pessoais de uma das maiores bandas de rock da história, enfim, saiu de sua terra natal.
A primeira parada foi no Rio de Janeiro, entre junho e agosto. Agora, poderá ser visitada no Lounge Bienal, no Ibirapuera, na Capital, até dezembro.
Para o curador, Jacob McMurray, a vinda ao Brasil foi natural, devido à relação entre o MoPOP e a Samsung, responsável pela exposição no País. “Havíamos trabalhado juntos na mostra do Jimi Hendrix, deu tudo certo e vir para cá foi algo natural”, comenta ele, que conversou com os jornalistas antes de fazer o primeiro tour guiado com a imprensa.
Imperdível aos fãs do Nirvana e do movimento grunge como um todo, a Taking Punk for the Masses – que faz parte da plataforma Samsung Rock Exhibition –, decepciona um pouco pelo tamanho (ou seria a disposição?).
Apesar de expor mais de 200 itens, instrumentos icônicos, fotos, vídeos, depoimentos, álbuns, objetos pessoais dos integrantes, cartazes, e peças que vão da origem do grupo, em Aberdeen, às grandes turnês internacionais, a sensação que temos é que ela funciona bem como um aperitivo para quem pretende visitar Seattle.
No entanto, não muda em nada para quem pretende visitar no Brasil. A crítica está relacionada ao fator de comparação com as recentes exibições de David Bowie e Jimi Hendrix, por exemplo. Dois artistas muito mais antigos que Kurt Cobain e companhia, mas que foram melhores representados por aqui.
“Algumas peças não saem de Seattle, o público precisa ir lá para conhecer. Como é uma mostra com itens de várias pessoas, precisamos de todas as autorizações para viajar com eles”, explica McMurray, que citou uma guitarra de Cobain, que ficou lá.
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O curador da exposição começou a trabalhar com o acervo do Nirvana em 2009 e afirma que quis fazer uma coletânea da música de Seattle, o movimento grunge, além do Nirvana. “Um dos assuntos mais difíceis é que muitas das pessoas que viveram com o Kurt estão vivas e foram muito críticas com a montagem. Um dos grandes desafios sempre foi que a exposição fosse à frente para o público geral, mas também para o pessoal de Seattle. Não é uma exposição focada somente no Nirvana, mas no cenário de Seattle, que começou com o punk dos anos 1970”.
Durante a coletiva de imprensa, McMurray explicou que houve contato com o espólio de Kurt Cobain, mas que tanto a viúva (Courtney Love) quanto a filha (Frances) de Kurt Cobain não intervieram no processo. “Courtney ficou silenciosa durante todo o processo de montagem da exposição, o que pode ter sido uma coisa boa”, brincou.
As guitarras do falecido vocalista do Nirvana são um show à parte na exposição. Isto porque elas dificilmente aparecem intactas. Famoso por destruir seus instrumentos no palco, Cobain deixou como recordação uma série de pedaços dos instrumentos. Uma delas foi a primeira vítima do músico, uma Fender Mustang, quebrada em um show no dia 30 de outubro de 1988.
Outros destaques da mostra, além do destruído e alguns figurinos marcantes dos integrantes, são a coleção de discos que influenciou o baixista, Krist Novoselic.
O baixista, por sinal, foi o grande apoiador da mostra que veio para o Brasil. Segundo o curador, Novoselic, por morar próximo de Seattle, participou ativamente da montagem. Chegou a ser cogitado até para uma visita ao Lounge Bienal, o que não ocorreu. “Ele está muito ocupado com shows, turnês e ensaios do Giants in the Trees, sua nova banda. Mas cedeu muitas coisas legais para a exposição”.
E há a possibilidade de participar de uma montagem da clássica capa do Nevermind, maior álbum da carreira do Nirvana, que tem um bebezinho pelado na piscina com uma nota de dólar pendurada como uma isca.
Turnê desastrosa pelo Brasil está na exposição
Minhas primeiras lembranças como público de rock and roll remetem ao histórico show dos Rolling Stones em Atlantic City, nos Estados Unidos, em 1989, que fora exibido pela Bandeirantes. Naquela oportunidade, com apenas 4 anos de idade, me divertia em frente à TV, imitando Mick Jagger. Guns n’ Roses e seus shows incendiários, quase sempre repletos de atrasos e confusões, vieram na sequência. Mas o momento mais fora do comum, certamente, veio em 1993, com a desastrosa apresentação do Nirvana, no Hollywood Rock, com transmissão da Rede Globo.
Totalmente sem condições de se manter em pé no palco, Kurt Cobain fez, muito provavelmente, uma das piores apresentações de sua história. Parecia perdido em algum planeta distante, tamanha a chapação com o consumo de drogas, fato esse já relatado por João Gordo, líder do Ratos de Porão, em sua autobiografia.
Em um dos momentos mais polêmicos daquela apresentação, Cobain colocou a genitália para fora, puxou a câmera da Globo e praticamente obrigou o camera man a registrar aquela cena patética, diante de milhares de pessoas.
E um pequeno cantinho da exposição Taking Punk to the Masses relembra esse momento histórico, que aconteceu pouco mais de um ano antes de Kurt Cobain encerrar sua trajetória com um tiro na cabeça, em 5 de abril de 1994.
Os dois setlists, dos shows de São Paulo e Rio de Janeiro, escritos à mão por Dave Grohl, lá estão. Quem se recorda das apresentações, no entanto, sabe que aquilo é apenas um esboço do que eles tentaram tocar na íntegra. Flea, baixista do Red Hot Chili Peppers, participou de um dos shows tocando trompete no hino Smells Like Teen Spirit.
Mas não é somente a passagem pelo Brasil que vai mexer com os fãs. Figurinos do Acústico MTV, o baixo que caiu na cabeça de Krist Novoselic no Video Music Awards, o primeiro contrato da banda com a gravadora do SubPop, que rendeu um adiantamento de US$ 600, além do cartaz do show que teve a estreia, ao vivo, de Smells Like Teen Spirit são alguns dos pontos marcantes.
Vem mais por ai
A diretora de Marketing Corporativo e Consumer Electronics da Samsung Brasil, Andréa Mello, lembrou durante conversa com os jornalistas que ainda restam três anos de contrato da série Rock Exhibition. E garantiu que vem mais mostras para cá. A The Rolling Stones Exhibitionism está em turnê mundial. Fica a dica para os organizadores!
Serviço
O Lounge Bienal fica na Av. Pedro Álvares Cabral, s/n, no Parque Ibirapuera, em São Paulo. Os horários de visitação da mostra são de terça a sexta, das 10h às 19h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h. Os ingressos custam entre R$ 25,00 (terça a quinta) e R$ 35,00 (sexta a domingo) e podem ser adquiridos no site Ingresso Rápido.