Vácuo, resistência e rock na veia

MÁRIO JORGE

Devo admitir, ando meio por fora das novas bandas de heavy metal. O tempo, quase escasso pra fazer zilhões de coisas, talvez seja o obstáculo. É uma falha, reconheço, que tento corrigir arrumando um espaço dentro das 24 horas do dia. Vez por outra, por lapsos de minuto, escuto as novidades, embora tenha certa dificuldade pra guardar os nomes e seus personagens.

Mas aí você vai a um bar de rock, daqueles que honram o nome, e vê/ouve as bandas destilando o melhor do heavy/hard. E dá-lhe Sabbath, Helloween, Purple, Motörhead, Metallica, Judas, Maiden, AC/DC, Whitesnake… É para delirar e vejo que a galera está inteiramente sintonizada.

Recentemente, numa entrevista, Ozzy falou que não há um rockstar como décadas atrás. Não sei exatamente se de fato é isso ou se a internet está levando às alturas e, ao mesmo tempo, jogando ao limbo na velocidade da luz. Todos nós estamos ainda aprendendo com essa coisa de rede mundial de computadores. O que soaria como um potente difusor de ideias e tendências, também tem seu lado coveiro, de enterrar em questão de minutos.

Ou talvez seja aquele período de vacas magras, falta de oportunidades, ou simplesmente de um vácuo na empatia com o público. Como disse em artigos anteriores, o rock está aí, com uma geração produzindo o melhor que o ritmo pode oferecer, e que bom que isso aconteça.

As trincheiras de sempre, especialmente em Santos, mantêm-se firmes e fortes, reunindo velhas e novas gerações de headbangers, um pessoal resistente à massificação das músicas de sofrência e quetais. Tá bom, há espaço para todos os sons e ritmos e o gosto é algo individual. Não é isso que questiono. Toco na tecla da superexposição de gêneros musicais à exaustão. Isso, claro, é outra conversa, pois toca no aspecto mercadológico, dinheiro, falando Português claro.

Pensando bem, o rock, ou seu estilo mais agressivo em termos de sonoridade, sempre foi algo meio marginal, vivendo das sombras, mas mexendo com as emoções de quem o escuta e o digere com o fígado, coração e mente. Longe de parecer um mimimi, expresso neste espaço a necessidade de ver os filhos crescerem, porque seus pais continuam dando as cartas – ótimo -, sessentões, setentões e por aí vai.

De certo é que, volta e meia, o Brasil produz boas bandas, inclusive com prestígio internacional. E as casas especializadas continuam a trazer as novidades (aplausos). Acho que o caminho é esse. Aquela história de água mole em pedra dura… Que venham as novas bandas, mas sigamos cultuando quem nos mostrou os caminhos.

A lista é grande, mas seguem algumas bandas novas e muito boas:

A canadense Cauldron

A inglesa (não tão nova assim) Hell

A brasileira Axecuter

A santista Opus Tenebrae (extremo há 15 anos no cenário)