MÁRIO JORGE
Washington Luiz é um cara persistente. Ele insiste no que gosta e se dedica à atividade, no auge de seus 60 anos, com a mesma energia que o motivou ainda criança. Desde então, a música embala a trilha sonora de sua vida. O rock’n roll, mais precisamente.
Washington é vocalista e guitarrista da banda Lacre das Virgens, uma trupe que despeja sobre a plateia o melhor do rock dos anos 1970 pelos bares da Baixada Santista. O cara esbanja simpatia e tem uma incrível capacidade de fazer amigos.
Aposentado de uma atividade paralela, ele não cultiva o hábito (delicioso para alguns) de ficar estirado no sofá até o sono chegar. Não. Se não está tocando, vai aos bares especializados em rock para ver amigos ou uma banda que lhe agrade. E invariavelmente usa seu celular para registar esses momentos.
Washington, como foi dito, está aposentado. Não para o rock. Enfim, ele descobriu o que muita gente procura com o passar dos anos. A chave para se reinventar fazendo o que mais ama: no caso dele, tocar.
1) Há quanto tempo você faz música?
Washington: Eu faço música desde muito jovem. Quando aprendi os primeiros acordes, já me meti a fazer minhas próprias músicas. Devia ter uns 14 anos, quando tive meu primeiro emprego registrado em carteira, primeiro salário etc. Aí, já entrei em uma escola de música e comprei minha primeira guitarra. Era pra ser um violão, mas preferi a guitar, onde aprendi a ligar em uma vitrola ABC, que tínhamos em casa (risos).
2) Como começou seu interesse em tocar e cantar?
Washington: Olha! Faz muito tempo, não tínhamos chegado nem nos anos 1970, eu tinha uns 7 anos de idade, e assistia em TV preto e branco aquelas séries de uma banda chamada The Monkees (grupo criado em 1965 pela rede de TV norte-americana NBC para ser uma série no gênero comédia). Depois começou a passar a Jovem Guarda, com Roberto Carlos, e nesta época, meu instrumento era a vassoura de casa, que usava como guitarra!
3) Quando aprendeu?
Washington : Que aprendi a tocar mesmo foi lá com meus 17 anos, quando já rolava uns Rolling Stones, Beatles, Deep Purple, Grand Funk, Black Sabbath. Mas na época eu ainda não tocava profissionalmente, ficava mais no meu quarto, tocando sozinho, estudando o que era me passado na escola de música. Tinha que trabalhar pra pagar escola e comprar instrumento.
4) Você sempre trabalhou com música ou tinha outras atividades?
Washington: Eu deixei os estudos, sem concluir o fundamental com 15 anos pra poder trabalhar e ganhar meu dinheiro, pra investir na música, com muita relutância de meus país! Tínhamos uma condição financeira muito humilde! Então, minha paixão pela música foi sempre desde muito cedo. Consegui convencer minha mãe, que foi minha grande incentivadora e guru, para a vida!!!
5) O que te levou pra esse caminho?
Washington: Foi a paixão ardente que sempre tive pela música, ou sendo bem especial, o velho e bom rock n roll!
6) Você tem uma banda, a Lacre das Virgens. Foi seu primeiro grupo ou já teve outros?
Washington: Esta banda surgiu no começo dos anos 1990. Já havia tocado em bandas de baile como vocalista e guitarra base. Ainda mais jovem montei uma banda chamada Apotheosis, onde tocamos em vários programas de TV. Na TV Cultura, nos apresentamos com o nome de Dilúvio Sonoro; na TV Record, fizemos a parte musical do programa de entrevistas chamado Sonia Ribeiro. Foi minha guru, minha mãe, que conseguiu pra mim. Ela trabalhava em salão de beleza na Bela Vista, em São Paulo. E uma cliente dela era atriz de teatro, que conhecia o grande produtor de TV na época, o Durval de Souza. Então, tocamos neste programa uma música da banda de rock brazuka Casa das Máquinas.
E depois, com o nome Apotheosis, tocamos na TV Tupy em um concurso de bandas. Onde fizemos nossa apresentação, tocando um cover, uma música do grupo O Terço, chamada Deus, e outra autoral, que é O Circo. Havia jurados que davam notas, de 0 a 10. Que eu me lembre havia um professor de Música, um locutor radialista e o cantor Wilson Simonal. Havia também uma moça que era apresentadora de TV… O resultado foi que tiramos nota 10 de três jurados, incluindo um elogio especial do Simonal. Só o professor de Música deu nota 9, pois perguntou se todos da banda estudavam música ou eram autodidatas. Como só eu estudava Música, ficaria como incentivo para todos estudarem!!
Havia bandas muito boas neste concurso! Pesquisei recentemente no Google e descobri que um dos Titãs, com sua banda, competiu com a gente! Mas, foi naquela época que a Tupy pegou fogo! E não teve definição este concurso! Modéstia parte, íamos ganhar (risos).
7) Como surgiu a ideia de montar a banda? Onde vocês tocam?
Washington: Bom! Ideia de banda própria foi sempre meu objetivo. Como eu toco e canto, fica melhor pra trabalhar! Tecladista na banda eu sempre quis ter um, mas de rock and roll é difícil. Por enquanto, tenho um que está comigo agora, e já tínhamos tocado juntos com a Xandra Joplin (cantora santista). Mas na maioria das formações era power trio!
8) Qual sua intenção: é apenas diversão ou pensa em seguir carreira nessa área?
Washington: Neste momento a banda está em seu novo recomeço! Com a formação: eu, guitarra e vocal; Felipe Zack no baixo; Reinaldo Vieira, nos teclados e back’n vocal; e Heittor Jabbur na bateria. Depois de alguns ensaios, já fizemos duas vezes no Boteco Valongo Santos e no bar O Quinto. A minha intenção é primeiramente me divertir e consequentemente, ganhar uns trocos (risos). Como diz meu mestre Mauro Hector (músico e professor de guitarra), “tem que tocar por diversão, pois ela tem a ver com o entretenimento e se é feita com paixão e honestidade, iremos colher frutos!”.
9) Qual o som de vocês? Metal, rock setentista, enfim…?
Washington: Nosso som tem a sonoridade dos anos 1970. Rock brazuka!
10) Onde você nasceu, há quanto tempo está em Santos?
Washington: Nasci em São Paulo e vivi até os 43 anos na Zona Leste, em um bairro chamado Vila Rica, que de rico eu não tinha nada!!! Underground de tudo. Aliás vivi… Estou em Santos desde 2002, minha filha era uma bebê de 2 anos! É justamente desde época que a banda está parada. Há uns 5 anos, eu havia tomado um rumo obscuro em minha vida, se é que me entendem, do qual retornei com o apoio da mulher que conheci em 1997, que hoje é minha esposa. Eu a chamo de Lady Su, a primeira dama do rock brazuka!!! Ela me deu uma filha maravilhosa.
Em Santos, minha filha estudava o fundamental infantil em uma escola no Canal 1. Lá conheci o pai de um amiguinho dela que era músico. Era o Miguel Mega, da lendária banda santista Last Jocker, que me ajudou a gravar minhas músicas, produzindo-as em seu estúdio! Hoje ele está no Reino Unido com sua família e a banda. Momento, Gratidão!!!
11) Beleza, Washington, e como contratar a banda?
Washington: Para contratar a banda, WhatsApp: 13-99736 0191 Facebook- Washington Luiz.