Um dos fundadores do Sepultura, considerada a maior banda brasileira de metal com exposição internacional, Max Cavalera, costuma falar em entrevistas: “Não fosse a Woodstock Discos o Sepultura talvez nunca tivesse existido”.
E a loja paulistana, comandada desde 1978 por Walcir Chalas, é o foco central do documentário Woodstock – Mais Que Uma Loja, dirigido pelo jornalista santista Wladimyr Cruz. A produção tem estreia programada para o dia 2 de dezembro, às 20 horas, no Cine Roxy 4, no Pátio Iporanga.
“A Woodstock foi o marco zero do heavy metal no Brasil. Além disso, foi também a mais influente loja de rock do País. Sem ela, centenas de bandas não existiriam, milhares de pessoas não gostariam deste tipo de música, e também, muitas outras lojas não teriam sido abertas, caso da clássica Metal Rock, aqui de Santos”, argumenta o diretor.
Wlad, como é conhecido, conta que foi na porta da loja que muita gente se conheceu e se reconheceu, formando toda uma cena do metal, não apenas bandas, mas também fanzines, colecionadores, comerciantes, músicos e principalmente, público. “A Woodstock foi o aglutinador que permitiu todo um cenário nacional do heavy metal existir”.
Questionado se o longa, com mais de duas horas de duração, pode ser considerado o registro oficial da história do gênero no Brasil, o jornalista diz que o foco está apenas no começo de tudo e cita a participação de vários nomes fortes no filme.
“Estão ali Max e Iggor Cavalera, João Gordo (Ratos De Porão), Andreas Kisser (Sepultura), Gastão Moreira (Kiss FM), Chris Skepis (Cock Sparrer), Felipe Machado (Viper), Ricardo Mendonça (89 FM), Ricardo Batalha (Roadie Crew), André Pomba (Vudu/Dynamite), Marcos Kleine (Ultraje a Rigor) e outros, além, é claro, do prata da casa, Pepinho Macia (treinador do time Sub-20 do Santos Futebol Clube”.
Woodstock – Mais que uma Loja é um projeto em conjunto com a BDT filmes, produtora paulistana com quem Wlad também fez o programa Rockoala, exibido na Play TV.
“O filme foi muito rápido de fazer, o pessoal entrevistado colaborou muito e a equipe também foi nota dez. Fizemos tudo em meio ano, mais ou menos. E acredito que este seja só o primeiro que estamos fazendo juntos”, diz, satisfeito.
Edição de luxo
O jornalista avisa que uma versão com mais de quatro horas do documentário será lançada em DVD. “Na verdade isso não é muito comum, ainda mais no formato documentário, mas a gente acredita que o público que curte rock e especialmente heavy metal gosta de informação, ouvir histórias e enfrentaria um filme mais longo pela sede de informação”.
Uma outra versão, reduzida, também foi editada, segundo o jornalista. “É para o público médio. Um redux, só com o crème de la crèeme, para exibições mais pontuais, em festivais de cinema”.
A escolha de Santos para a première do filme não foi por acaso, segundo o editor do portal Zona Punk, um dos principais em música independente do Brasil.
“Uma cidade que teve a Metal Rock, a Sound Of Fish e a Blaster já fala por si só. Isso se estivermos apenas falando de lojas de rock, se falarmos de bandas, casas de show, figuras, a lista de motivos não tem fim. Santos sempre foi e sempre será uma das cidades mais roqueiras do Brasil”.
Questionado sobre quais são os próximos projetos, o jornalista utilizou um refrão de Neil Young: “Keep on rockin in a free world (continue balançando no mundo livre na tradução literal)”.
Crédito da foto principal: Claudio Vitor Vaz / A Tribuna