VINICIUS SOUZA
Formada em 1990, Drive Like Jehu foi uma banda americana de post-hardcore que utilizava de elementos do rock progressivo para compor suas canções. A banda lançou dois álbuns, sendo que o primeiro autointitulado Drive Like Jehu (1991) não teve muita notoriedade. É o seu segundo trabalho, Yank Crime (1994), que os fãs acreditam ter sido o ápice da banda.
Yank Crime é apresentado ao ouvinte como um álbum extremamente agressivo, isso é perceptível logo na primeira faixa, Here Comes The Rome Plows. Os vocais excêntricos em conjunto com o ritmo da música transmitem uma sensação de tensão. A guitarra extremamente dissonante torna esse sentimento mais intenso, enquanto isso a bateria e o baixo ditam o andamento da música. Um sentimento constante ao longo da música é a vontade de “quebrar tudo” proveniente dessa instrumentação.
Na segunda faixa do álbum, Do You Compute, nos deparamos com uma canção mais cadenciada, porém não menos agressiva. Ela tem pouco mais de 7 minutos de duração, se aproveita bastante do uso de pausas para criar a tensão desejada. Aqui, o baixo é essencial, sendo o único instrumento que permanece o tempo inteiro presente, inclusive nas pausas. Por isso, ele é o principal encarregado de levar a música, desde a “calmaria” até os momentos de colapso.
Com maior espaço para a guitarra, Luau é outra música que passa uma sensação parecida com Do You Compute. Com nove minutos e meio de duração, ela é propícia para solos.
O restante do Yank Crime é uma boa e velha “porradaria” típica de álbuns do gênero. Entretanto, Drive Like Jehu é uma banda que sabe aplicar sua personalidade nas canções. Ou seja, músicas mais voltadas para o rock progressivos. Durante as demais faixas ainda podemos observar os mesmos sentimentos de tensão e a “vontade de quebrar tudo” em faixas como em Super Unision, New Math e Bullet Train to Vegas.
Vale ressaltar também que apesar de ser um álbum de hardcore, ainda tem o sentimento de progressão, devido principalmente aos riffs de guitarra estranhos e repetitivos. Porém, esse detalhe pode passar desapercebida por um ouvinte distraído, devido ao som constantemente agressivo que acaba por vezes se sobressaindo aos sutis elementos do rock progressivo.
O álbum encerra com Sinews, outra faixa de nove minutos e meio que inicialmente se mostra mais tranquila. No entanto, ela vai se transformando em um som agressivo e mais tenso no seu decorrer. É nada mais que um final digno para o Yank Crime, um encerramento que encaixa perfeitamente bem com todas as suas propostas e finaliza com chave de ouro esse clássico.