Acredito que pela primeira vez me aprofundei na carreira de Neil Young. Primeiro foi o álbum Songs For Judy (que você pode ler a resenha feita no Som na Vitrola aqui) lançado há poucos dias. Dessa vez, entra em cena o ao vivo Roxy: Tonight’s The Night, algo totalmente diferente do citado anteriormente.
Quem não conhece a lendária casa de show Roxy, localizada na Sunset Strip? Neil Young colocou seus pés, junto com sua banda de apoio Santa Monica Flyers, logo após o encerramento das sessões que se tornariam o álbum de 1975, Tonight’s The Night. Assim, receberam o convite de batizar o palco da boate. E quem melhor para ajudar na abertura com Graham Nash e os comediantes Cheech & Chong?
O set feito na primeira noite de reinado do clube mostra uma sonoridade mais carnuda, com mais pressão, diferente das versões que acabaram sendo gravadas no álbum de estúdio, mas ainda cru e tenso. A presença de solos estendidos é praticamente nula, com a banda entregue ao modelo Good Show Club: tocar os coração e encorajar o público a arrebentar as vozes e se juntar a eles na diversão.
Mas essa gravação parece um alívio, um suspiro, uma alegre exalação por parte da banda após passar noites e noites tentando acalmar musicalmente suas mentes conturbadas pelas mortes de Bruce Berry, um roadie da banda, e o guitarrista do Crazy Horse, Danny Whitten. Como que se Young e os Flyers se libertavam e os espíritos deles estão prontos para se aquecer no brilho das luzes do palco e de seus aplausos.
É evidente o tom de brincadeira de Young, fazendo referências do passado burlesco da Sunset Strip, e dedica a canção Roll Another Number (For The Road), para David Geffen (criador da Asylum Records) e os policiais. Há também uma pequena improvisação em Roll Out The Barrel. Destaque para a banda que dá para ser ouvida rindo, berrando durante as músicas, tocando as músicas de modo mais direto possível, com a mente voltada para o fato de que ninguém na platéia havia ouvido as faixas antes. É um show completamente inédito, praticamente!!
A adrenalina que corre é evidente até mesmo em canções mais lentas como Speakin Out e Tired Eyes. Os músicos fazem um trabalho sincero, tocando notas e acordes com um toque mais intenso. E os vocais de Young estão sempre na medida, em seu estilo rachado. É um álbum humanizado, se mostrando um documento crucial, e trazendo em todo seu brilhantismo, a banda a nosso nível de meros mortais, mesmo que por um breve momento.