Considerado o Bowie Americano, Jobriath foi o primeiro rock star abertamente gay e dono da célebre frase “Eu sou uma verdadeira fada”.
Lançando seu primeiro disco em 1973, homônimo, Jobriath começava uma das histórias mais esquecidas e tristes do rock. Mas para chegar até a sua estreia solo, precisamos retornar um pouco mais no tempo. O ano era 1969, o músico fazia parte da banda Pidgeon, dona de apenas um disco com músicas meiguinhas e acordes bonitinhos.
Descoberto pelo empresário Jerry Brandt, virou a galinha dos ovos de ouro. Se a Inglaterra tinha David Bowie e Marc Bolan, por que os Estados Unidos não poderia ter uma estrela glam rock?
Mesmo enviando demos durante os seus tempos obscuros, que andava com o elenco da peça Hair!, sem ter onde dormir, usando drogas e se prostituindo, Jobriath teve o apoio incondicional de Jerry. O empresário, com sua poderosa lábia, conseguiu um contrato de US$500 mil com a gravadora Elektra e mais US$ 500 mil para a promoção do álbum.
O álbum de estreia veio com uma capa icônica e provocadora: uma boneca de cerâmica com o rosto de Jobriath e com as pernas quebradas. Tudo para dar certo, mas… não.
Enquanto alguns o chamavam de “Imitação de Bowie”, outros cravavam: “O glam rock acabou!”. Nenhuma das citações era muito animadora.
Com influências de Bowie e Elton John, o disco ainda levava na bagagem participações de Peter Frampton e John Paul Jones. Mesmo sendo pretensioso, Jobriath, nos dias atuais, pode ser considerado um representante pop dos anos 1970. Merecia o seu lugar ao sol (ou na purpurina).
Mas no fundo da história americana, como todos nós conhecemos, que nas costas leva histórias de racismo e homofobia, o caso de Jobriath chegou cedo demais para a América. Andar com os discos de Elton John e David Bowie debaixo do braço era ok. Mas andar com o álbum de um artista homossexual assumido, que dizia que gostava de dar, que queria suruba com homens todos os dias e até dar para o repórter (como falou em uma entrevista à Rolling Stones), era um tabu gigante.
Após o lançamento de seu segundo disco, Creatures Of The Street, em 1974, a ladeira começou a descer para Jobriath – mesmo com um público fiel que estava aparecendo, o que acarretou em sua perda do contrato com a Elektra e a dissolução da parceira com Brandt.
Meses depois, tornou-se Cole Berlim, uma cantora de cabaré que se apresentava em um piano bar em Nova Iorque. No dia 4 de agosto de 1983, o artista faleceu vítima da aids, esquecido até pelos vizinhos, tanto que seu corpo só foi descoberto quatro dias depois.
Mesmo tendo uma história trágica, ao mesmo tempo foi inspiradora. Se não fosse Jobriath, o caminho para a aceitação para músicos LGBT estaria fechado para as novas gerações de artistas como Pet Shop Boys, Morrissey, Rio Okkervil.
Jobriath foi homenageado no filme Velvet Goldmine, com a reprodução de seu primeiro disco como inspiração para o disco do papel principal, Brian Slade. Com um documentário lançado em 2012, e com uma biografia a ser lançada sem data prevista, Jobriath deixou a sua marca.
Bruce Wayne Campbell (14 de Dezembro de 1946 – 4 de Agosto de 1983)
Discografia:
1973 – Jobriath
1974 – Creatures Of The Street
1 Comment
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Matheus Krempel
17 de outubro de 2016 at 17:55
FODIDO!