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Som na Vitrola - Victor Persico

Som Na Vitrola #18 – Os vocais do Black Sabbath

Não é novidade para ninguém que o Black Sabbath teve várias fases – algumas estranhas, mas sem sair da linha – e mudanças em suas formações, desde a década de 1970.  Diante de drogas, bebidas, encheções de saco, entraram cinco vocalistas entre 1969 e 2017, o último ano antes que a banda coloque um fim definitivo na sua existência pré-histórica.

Hoje no Som na Vitrola, vamos relembrar aqueles malucos – ou não tão malucos – que passaram pelo Sabbath.

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  • Ozzy Osbourne

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Começando por Ozzy Osbourne, o Príncipe das Trevas, a pessoa que coloca medo no Batman, Madman, e por aí vai.

Ozzy entrou na banda em 1969, quando ainda era conhecida pelo nome  de “Earth”, passando depois para The Polka Tulk Blues Band (nome inspirado no talco que a mãe do Ozzy passava nas axilas – é sério), e ficou na banda até o dia 27 de abril de 1979, devido ao excesso de drogas, bebidas e não comprometimento com a banda.

Com Ozzy, o Sabbath lançou os principais álbuns da carreira da banda, como: Black Sabbath (1970), Paranoid (1970), Master Of Reality (1971), Vol.4 (1972), Sabbath Bloody Sabbath (1973), Sabotage (1975), Technical Ecstasy (1976), Never Say Die! (1978).

Em 2013, o grupo anunciou a última reunião do Sabbath, e o lançamento do álbum 13 (2013), juntamente com um EP no ano passado com o nome de The End.

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  • Ronnie James Dio

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Com a saída de Ozzy em 1979, após o lançamento do álbum Never Say Die!, todo mundo, de David Coverdale a Robert Plant e Glenn Hughes, estava na lista de possíveis substitutos. Eis que o nome de Ronnie James Dio, ex – Rainbow foi cantado aos ouvidos de Tony Iommi.

A entrada de Ronnie no Black Sabbath foi de fato uma daquelas típicas histórias de acaso do rock’n’roll. Ligações telefônicas foram feitas, que não levaram a lugar algum, e planos não concretizados. Então, um dia Ronnie cruzou com Tony no Rainbow Bar & Grill, e na sequência fizeram uma jam.

O resto da história todo mundo conhece. Ronnie lançou Heaven and Hell (1980), um dos maiores clássicos da banda, e discos de sucessos na sequência como Mob Rules (1981) e o primeiro álbum ao vivo da banda, até hoje adorado para quem gosta de rock, Live Evil (1982), voltando em Dehumanizer (1992). Sem esquecer da banda Heaven and Hell em 2006 com Geezer e Iommi, que durou até 2010.

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Ronnie fez a seguinte reflexão sobre sua passagem pela banda:

Como sou muito diferente do Ozzy e mais compositor do que ele, ajudei a moldar a banda um pouco mais do meu jeito.  Mas ainda era o Black Sabbath. Ozzy chamava diferente, de Black Rainbow. Nunca tentei fazer um novo grupo como o Rainbow. Quero dizer, o tema era muito diferente, e os riffs que o Tony escreveu, por exemplo, durante Heaven & Hell, são muito diferentes dos de Ritchie. Nós fizemos o Sabbath Mach II”

Ronnie faleceu no dia 16 de maio de 2010, após seis meses de luta contra um câncer no estômago.

  • Ian Gillan

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Uma terceira era na história do Black Sabbath estava prestes a começar, mas a questão confusa é como essa era poderia ser categorizada. Poderia ser chamada de Era Gillan, mas como ela só dura um álbum, talvez seja mesmo a era da dança das cadeiras, com dois álbuns surgindo, cada um com uma formação amplamente diferente.

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A história sobre a aliança Gillan e Sabbath, é de um encontro casual entre Tony e Ian em um pub. Ambos beberam muito e ficaram bêbados, e no dia seguinte disseram a Ian que ao longo da noite ele havia concordado em entrar para o Black Sabbath. Na verdade,  o encontro havia sido arranjado com essa finalidade, para que eles pudessem se conhecer e beber algumas.

No início, Gillan recusou novamente seu ingresso ao grupo, mas então seu próprio empresário sugeriu um novo encontro com Geezer e Tony. Eles escolheram um pub e montaram acampamento por 12 horas. E assim eles começaram.

Após o lançamento de Born Again (1983), Ian Gillan picou a mula. Mas ele saiu ou foi demitido? Nem um e nem outro, porque o real motivo foi a lucrativa reunião da Fase II original do Deep Purple, que resultou no álbum Perfect Strangers.

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  • David Donato

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Após a saída de Gillan, o plano seguinte era que um desconhecido ocupasse o papel de vocalista, com a banda iniciando uma séria busca em “Quem colocar como vocalista?”. A oportunidade foi seriamente dada a David Donato, e a situação acabou indo para um prematuro ensaio fotográfico e uma grande matéria na revista Keerang! sobre o novo vocalista do Sabbath.

David acabou sumindo após alguns meses, e sem mais nem menos, seguiu em frente e montou o White Tiger junto com Mark St. John, ex-guitarrista do Kiss, e lançou um único álbum, antes de sumir da cena musical para abrir uma oficina de motocicletas.

Não houve nenhum lançamento em disco desta fase, porém na internet se encontra algumas demos.

Segundo Tony Iommi:

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Nós achávamos que estávamos prontos para começar a gravar nosso novo disco, mas aí percebemos que a banda não estava realmente tão boa quanto queríamos que estivesse. O Black Sabbath tem uma reputação incrível a zelar, e eu prefiro desmanchar o grupo a fazer algo que o prejudique. David agiu como um astro desde o dia em que o conhecemos. Não há nada de errado nisso, mas já tivemos problemas suficientes com egomaníacos nos últimos anos. Queremos alguém que seja confiante e com quem nos demos bem. A resposta talvez seja encontrar alguém britânico

  • Glenn Hughes

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O ex-Deep Purple passou pelo Sabbath e não foi uma das melhores coisas. Hughes passava por uma época turbulenta na década de 1980 com bebidas, drogas, o que acabou influenciando bastante a sua carreira.

Após a tentativa de colocar um desconhecido nos vocais e o mesmo sumir, a oportunidade foi jogada no colo de Glenn, que já havia feito os clássicos Burn, Stormbringer e Come Taste The Band com o Purple e tinha passagem pelo Trapeze.

Com o lançamento de Seventh Star, a banda entrou em uma turnê desastrosa. Glenn admite que estragou tudo e foi demitido após cinco shows ruins, devido um machucado na garganta causado durante um desentendimento com um funcionário do Sabbath que estava tentando segurar um Hughes completamente alucinado. O golpe foi tão forte, que resultou em um pedaço da órbita ocular do vocalista se alojando nos seios paranasais e em todo tipo de hematoma no rosto.

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Glenn fala sobre esta época:

Eu gostaria de apagar aqueles cinco shows. Eu pedi minha voz antes mesmo de fazer o primeiro. Havia um monte de sangue que ficou na minha garganta devido a um soco no nariz, no olho e eu precisei fazer uma raspagem na garganta, então não conseguia cantar. Você consegue imaginar chegar na frente de 15 mil pessoas sabendo que não pode cantar e nem cancelar o show? E eu também não me sentia à vontade no formato do Sabbath. Simplesmente porque eu não acredito no Diabo; eu não acredito em cantar sobre o Diabo. O Black Sabbath pertence à Ozzy.

  • Ray Gillen

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Ray entrou no grupo para terminar o resto da turnê desastrosa com Glenn Hughes, e já se jogou num estúdio logo em seguida para a gravação de The Eternal Idol. Porém, com diversos problemas financeiros e a saída de Eric Singer (Kiss), e do baixista David Spitz, Ray também seguiu os companheiros de banda, mesmo com um disco totalmente gravado, para se juntar com John Sykes no Blue Murder.

Ray tentou o sucesso, alguns bem sucedidos na Europa e Estados Unidos, com o grupo Badlands, junto com Eric Singer e Jake E. Lee.

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Ray faleceu no dia 1 de dezembro de 1993 após uma batalha contra a Aids.

  • Tony Martin

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Tony entrou na banda antes do lançamento do álbum The Eternal Idol em 1987, gravou Headless Cross de 1989, Tyr de 1990, Cross Purposes”de 1994 e seu último álbum com a banda Cross Purposes Live de 1995.

Após uma conversa com o empresário de Martin, Iommi chamou o vocalista para a banda, mesmo achando que seria uma tarefa árdua, já que os seguidores do Sabbath na época “São um tipo especialmente difícil de fã. Se eles não gostarem, eles não gostam e mostram isso durante os shows”, relembra o guitarrista.

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Com Tony, após a catástrofe que foi os shows, e por um lado o álbum, com Glenn Hugues, o Sabbath conseguiu dar uma subida nas escadas do sucesso. Os três álbuns lançados, mesmo dando uma repaginada de leve no som da banda, que neste espaço de tempo contou com Eric Singer (Kiss), Cozy Powell (Rainbow) na bateria, Bob Daisley (ex-Mungo Jerry, Gary Moore, Ozzy Osbourne e Thin Lizzy) no baixo, só havendo Tony Iommi como membro original empurrando o barco à toda a força, receberam críticas boas, o que deu para dar uma uma respirada mais aliviada.

Após os três álbuns e as turnês bem sucedidas, o futuro da banda mudaria novamente, com o álbum seguinte, Dehumanizer, com a volta de Ronnie James Dio e Geezer Butler, membro original, nos baixos.

https://www.youtube.com/watch?v=K2SrLC3LXqQ

  • Rob Halford

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O vocal do Judas Priest entrou no Sabbath, mas também não entrou. Acabou sendo um quebra galho após um desentendimento entre a banda e Ronnie James Dio, quando eles foram contatados a tocar num show do Ozzy como abertura, no que seria o último show da carreira de Ozzy em 1992 – pausa para rir sobre esse “último show”.

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Geezer Buttler se recorda do momento do convite:

Sharon Osbourne ligou para a minha esposa e disse que Ozzy adoraria que fizéssemos seu último show com ele, meio que selasse o fim de toda a carreira dele. Ele queria fazer um bis com a formação original. Então nós aceitamos.

Então a briga de ego começou, já que Dio estava na banda, não teria razão de colocá-lo no mesmo palco junto com o Príncipe das Trevas. Ronnie se viu um coadjuvante de Ozzy, e as palavras exatas dele foram:

Eu sou tão famoso quanto, se não mais famoso do que Ozzy, então porque eu deveria servir de suporte para ele ?

E a resposta dada pelo Sabbath foi um “Vamos com ou sem você.” E Rob Halford entra na história.

Com Halford nos vocais, e a recente separação do udas, a banda incluiu apenas Dehumanizer do novo disco, embora quatro outras músicas da fase Dio houvessem entrado. Com Ozzy no bis, e Bill Ward, o baterista original que entra e sai do Sabbath por problemas tanto de ego quanto de saúde, o Sabbath tocou os clássicos da banda. O lance com Halford foi tão bem que planos foram feitos para colocar Rob no Black Sabbath, que também fracassaram.

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Nunca saiu no papel. Eu acho que aquele momento foi tão especial e único, e criou bastante interesse e foco e muitas possibilidades para todo mundo. Mas só foi até aí. Todo mundo sabe que eu sou um grande fã de Black Sabbath, e sempre serei. Tive a sorte em ter a oportunidade de pisar no palco e cantar com a banda. Mas acho que foi mais longe que chegamos.

https://www.youtube.com/watch?v=7OgXkAgm_tQ

3 Comments

3 Comments

  1. Arthur Henrique

    16 de janeiro de 2017 at 13:49

    Texto muito bem elaborado, informativo, sucinto e leve de ler, pagina de parabéns!

  2. Arthur Henrique

    16 de janeiro de 2017 at 14:05

    Texto bem escrito, divertido e direto, tão de parabéns!

  3. Rocker

    18 de janeiro de 2017 at 06:00

    Mesmo sabendo que a historia do Black Sabbath é gigante, para ser contada em apenas uma pagina, o texto até que ficou bom. E quanta briga de egos nisso…para o educado Dio ter abandonado a banda em 1992, só pode ter sido por algum mal-estar que o Ozzy, deve ter criado com alguma declaração antiga, através da imprensa, dai o Dio não quis nem saber, de pisar no mesmo palco que ele. Mas se tivesse rolado, seria histórico.

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