Crítica | O Pacto

Engenharia do Cinema Em um primeiro momento, pensamos que “O Pacto” seria mais uma mera adição ao catálogo do Prime Video, com o escopo da Guerra do Afeganistão. Porém, ao reparar no nome de Guy Ritchie envolvido na direção e roteiro (escrito em conjunto com seus constantes colaboradores Ivan Atkinson e Marn Davies), realmente merece uma atenção ainda maior (já que o próprio tem entregado filmes pipoca de qualidade). Sendo a primeira colaboração entre Jake Gyllenhaal e o citado (a segunda já está em produção, e também contará com Henry Cavill, no elenco), temos mais um enredo eletrizante e convincente do próprio. A história se passa em 2018, quando um grupo de soldados que estão atuando no Afeganistão, recebem uma última missão antes de ir para casa. Liderados pelo Sargento John Kinley (Gyllenhaal), a mesma acaba dando errado e leva o próprio a tentar chegar em sua base com segurança, na companhia do tradutor Ahmed (Dar Salim). Imagem: Amazon Studios/MGM (Divulgação) Não entrando no mérito de spoilers (uma vez que a graça deste filme se dá nos desdobramentos, e a forma como são retratados, por isso evite qualquer comercial ou trailer antes de conferir ao próprio), fica nítido que os roteiristas primeiro procuraram humanizar Kinley e Ahmed, de uma forma que qualquer um de nós pudéssemos ficar em seus lugares (algo que o trio já mostrou que sabe fazer muito bem, em outros projetos). Posteriormente, somos entregues aos cenários caóticos de ação, que o próprio Ritchie demora para apresentar (uma vez que sua marca dos takes rápidos e em slow-motion, com espaço para um pouco de humor negro, estão inexistentes aqui e isso é ótimo). E quando ela aparece, é condizente com a proposta do longa, porém seu foco é mais no suspense (já que estamos falando de um filme sobre fuga). Só que não chega a ser regada com muito sangue e sim com o impacto das ações (como tiros a queima-roupa). Mesmo com um nome mais clichê que mercadinho de bairro, “O Pacto” não demonstra sua grandiosidade até conferirmos ao próprio. Mais uma surpresa no Prime Video.
Papo com Colecionador #1 – William Tavares

Engenharia do Cinema Após um hiato nas entrevistas e papo com colecionadores de mídia física, o quadro não apenas retornou, como também para abrir o mesmo, nada mais justo do que trazer um dos principais nomes do meio e que muitos sequer imaginavam que tinha este hobby: o apresentador da ESPN, William Tavares. Se revelando um grande colecionador e entendedor do meio do cinema (seja na história das salas cinematográficas da baixada santista e até mesmo sobre os bastidores de várias produções), William aceitou nosso convite em bater este papo e claro, mostrar para nós sua coleção! Engenharia: Como você começou sua Coleção? Qual seu primeiro título em mídia física? William: Eu realmente não lembro qual foi o número um nem quando exatamente começou. Sei que foi no tempo do VHS. Não era muito comum as lojas venderem títulos direto ao consumidor, mesmo assim quando começou era caro e não tinha grana, então o que dava pra fazer quando finalmente comprei um video cassete era gravar filmes da Sessão da Tarde e Tela Quente. Assim vieram “Robocop“, “Curtindo a Vida Adoidado“, “Um Príncipe em Nova York“, “Um Tira da Pesada“, “Rocky“, “Cobra“, “Top Gun” e por aí vai. Quando comecei a trabalhar em locadora o dono me permitiu fazer uma compra conjunta com um pedido dele, assim ficava mais barato, dessa forma realizei meu primeiro sonho de consumo, a trilogia De Volta para o Futuro. Eu não sei se foram os primeiros, mas foram os mais marcantes por toda parte sentimental envolvida. Um outro que vale a pena destacar foi “Jurassic Park” naquela caixa especial em formato de fóssil. Ganhou um super destaque na ainda tímida coleção. Imagem: Autor (Divulgação) Imagem: Autor (Divulgação) Engenharia: Quais são seus maiores títulos da coleção? William: “Maiores títulos” dá pra analisar de muitas formas. São os mais raros? Os mais queridos? Os melhores filmes? Eu amo a edição especial do Superman com os cinco primeiros filmes incluindo o de 2006, a edição importada do “Cavaleiro da Trevas Ressurge” com a máscara quebrada, uma edição especial de musicais como “O Rei e Eu“, “A Noviça Rebelde“, entre outros. A caixa abre num formato carrossel com seis títulos diferentes, um dentro de cada aba. Tem uma lata linda com cards e uma edição especial do “Gladiador“, uma outra lata com edição especial de “ET“, uma edição linda com luva e material adicional dos “Goonies“, quase todos os filmes do Jerry Lewis, uma edição capa dura com livreto do “Mágico de Oz“, se eu continuar não paro mais. rsrs Imagem: Autor (Divulgação) Imagem: Autor (Divulgação) Engenharia: Com relação aos importados. Quais quesitos você acredita que compensa, na hora de trazer um título para sua coleção? William: São caros né? Aí tem que ser filmes que eu já vi, amo e vou ver mil vezes, edições especiais a partir de steelbooks. Eu acabei de comprar uma edição do “Nada de Novo no Front” que é espetacular, vem com capa dura, livreto com detalhes da produção. É maravilhosa. Peguei uma também dos “Dez Mandamentos” que vem num steelbook lindo e além do tradicional filme dos anos 50, vem também a versão dos anos 30. Imagem: Autor (Divulgação) Imagem: Autor (Divulgação) Imagem: Autor (Divulgação) Imagem: Autor (Divulgação) Engenharia: Além de mídia física, você coleciona outras coisas? William: Sim. Coleciono personagens de filmes. Action figures, Funkos, Minicos, estátuas e livros sobre cinema. Logo vou ter que sair de casa para acomodar tudo isso dentro dela. rsrs Imagem: Autor (Divulgação) Engenharia: Quais os maiores problemas que você acha que a mídia física passa no mercado nacional? William: O total abandono por parte dos estúdios, o custo dos direitos e produção, pra quem ainda lança e obviamente o streaming que catequiza uma nova geração. Infelizmente a cultura do colecionismo está ficando limitada a uma faixa etária mais velha que pouco se renova. Imagem: Autor (Divulgação)
Crítica | Que Horas Eu Te Pego?

Engenharia do Cinema Já tem certo tempo que a atriz Jennifer Lawrence (vencedora do Oscar por “O Lado Bom da Vida“), havia dito que estava atrás de uma comédia pastelão para estrelar. Tentou com “Debi e Loide 2“, mas voltou atrás e pediu para suas cenas serem excluídas do longa, e agora oficialmente está na nova comédia do cineasta Gene Stupnitsky (do ótimo “Bons Meninos”), “Que Horas Eu Te Pego?“. Nitidamente, o papel da protagonista foi escrito para a mesma, tamanho talento que ela conseguiu demonstrar neste (inclusive, em uma era onde o gênero raramente está indo para os cinemas). Após seu carro ser guinchado (que ela usava para trabalhar de Uber) e estar prestes a ser despejada de sua casa, Maddie (Lawrence) acaba abraçando a proposta do casal Laird (Matthew Broderick) e Allison (Laura Benanti) de ser uma “Namorada de Aluguel“, para o tímido filho destes, Percy (Andrew Barth Feldman). Como pagamento, ela ganhará um carro novo. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Desde os primeiros minutos, fica perceptível que Stupnitsky (que também escreveu o roteiro com John Phillips), deu total liberdade para Lawrence tentar improvisar em suas piadas e reações (de tamanha naturalidade que ela exerce em cena). Inclusive, há uma cena em específico que nós acabamos rindo não apenas por conta da situação, mas pela audácia da própria em exercer este tipo de arco (uma vez que nem todas as atrizes de seu calibre, topariam fazer). Porém, estamos falando de um enredo que remete e muito aos sucedidos “Pork’s“, “Superbad” e ao estilo John Hudges, uma vez que o foco não é o romance dos protagonistas, e sim o amadurecimento deles, em torno da situação que estão vivenciando. Outro mérito também é de Andrew Barth Feldman (em seu primeiro papel como protagonista, no cinema), que casa perfeitamente com o estereótipo do garoto tímido. Além de exercer uma ótima química com Lawrence, a todo momento compramos a motivação de ambos (uma vez muitas pessoas, se consegue colocar no lugar deles). “Que Horas Eu Te Pego?” arranca vários risos descompromissados, e demonstra que Jennifer Lawrence também possui um talento cômico na frente das câmeras.
Crítica | Fubar – 1ª Temporada

Engenharia do Cinema Depois de Sylvester Stallone se conciliar no streaming do Paramount+ com drama de ação “Tulsa King” e o reality “A Família Stallone“, seu amigo de longa data Arnold Schwarzenegger fez exatamente o mesmo na Netflix. O veterano está na minissérie “Arnold” (que foca em três fases na sua carreira) e nesta série de comédia/ação “Fubar” (que no ramo militar estadunidense, significa que os soldados estão f*didos). Com o intuito de não se levar a sério e homenagear o legado do próprio em vários sentidos (seja por intermédio de suas frases, situações que remetem aos seus filmes e sua vida pessoal), a atração funciona e muito, se você for assistir com esses pensamentos. Prestes a assinar sua aposentadoria, o agente secreto Luke (Schwarzenegger) é convocado inesperadamente para uma última missão: resgatar um agente que foi descoberto por um cartel de drogas, comandado pelo temido criminoso Boro (Gabriel Luna). Ao chegar no local, ele acaba descobrindo que o próprio trata-se de sua filha Emma (Monica Barbaro), que também está na carreira há anos. Imagem: Netflix (Divulgação) Dividido em oito episódios, com cerca de 50 minutos cada, a atração em momento algum se leva a sério em suas várias situações que vão a consertar a CPU de um computador com uma tampinha de alumínio ou atropelar “sem querer” um capanga do vilão durante uma discussão. Tudo isso sempre carregado de um CGI de péssima qualidade (remetendo a produções D do canal “Syfy“). Embora várias dessas situações nesta pegada são apresentadas pelo enredo, nem todas conseguem tirar risos do espectador, uma vez que vários arcos são clichês e previsíveis, como o jovem nerd namorando pela primeira vez, o galã bobão, a lésbica que rouba a cena dando fora nos outros personagens, um carro que vai explodir “inesperadamente” (muito devido aos enquadramentos da direção, entregarem que isso vai ocorrer) A única exceção se dá pela aparição do veterano Tom Arnold (que trabalhou com Schwarzenegger, em “True Lies”), que interpreta o torturador Norm Carlson (que é um dos mais engraçados e melhores personagens da trama). Mesmo assim, Schwarzenegger e Barbaro possuem uma boa química e entrosamento de Pai e Filha (uma vez que eles casem no timing cômico e de ação), e também rendem boas risadas (como a breve cena do batom). A primeira temporada de “Fubar” poderia ter sido um pouco melhor desenvolvida, mas ainda sim consegue entreter sutilmente e sem compromisso, os fãs do veterano australiano.
Crítica | 65 Ameaça Pré-Histórica

Engenharia do Cinema A humanidade possui diversas perguntas, sem resposta. Uma delas que vai se perpetuar durante anos vai ser como a Sony Pictures resolveu bancar o longa “65: Ameaça Pré-Histórica“, esperando que seria um filme plausível para alguma coisa, uma vez que ele não consegue entreter nem uma mosca que passa na frente do televisor. Estrelada por Adam Driver (“A História de Um Casamento“), e tendo a direção e roteiro assinada pela dupla Scott Beck e Bryan Woods (roteiristas dos dois “Um Lugar Silencioso”), a produção se vende como um filme de Dinossauros, que sequer mostra os mesmos devidamente. Após um acidente ocasionar na queda de uma nave espacial, em um então planeta desconhecido, o Astronauta Mills (Drive) e a jovem tripulante Koa (Ariana Greenblatt) se vêem em um cenário florestal repleto de seres pré-históricos e correndo um enorme risco de vida. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Realmente é um desafio grandioso começar a falar sobre este filme, uma vez que o roteiro não é interessante e em muitos momentos parece estarmos vendo uma produção inacabada e com efeitos visuais tão ruins, que fazem os filmes do canal Syfy serem obras primas (vide “Sharknado”). O longa se resume a Adam Driver e Ariana Greenblatt ficarem em um looping infinito de andarem na floresta, matarem dinossauros, se machucarem e o primeiro subir/cair de árvores. Ponto (não estou brincando). E em determinado ponto da projeção, me peguei pensando “porque diabos, este filme foi idealizado?” e “Como que um estúdio deve ter aprovado este roteiro imbecil?”. Uma coisa é fato: Driver aceitou este papel não apenas pelo cachê, mas também para reviver seus tempos onde serviu na marinha (inclusive, este foi seu primeiro papel no cinema, onde ele teve de ter um treinamento bélico). Ligamos para o seu personagem e para a jovem Koa? Não conseguimos sequer ter interesse em torcer para eles saírem daquele cenário de looping “inusitado”, uma vez que não existe uma verdadeira motivação para a dupla seguir naquele cenário. “65: Ameaça Pré-Histórica” facilmente entrará para a lista dos piores longas deste ano, e da carreira do ator Adam Driver. Evite.
Crítica | The Flash

Engenharia do Cinema Após um longo período de pré-produção, uma vez que o longa “The Flash” chegou a ser anunciado em 2016 e tendo passado por diversos cineastas (até mesmo Steven Spielberg e Robert Zemeckis), apenas em meados de 2021 o próprio acabou saindo do papel. Em meio a indecisões sobre Ben Affleck ficar ou não como Batman e qual o verdadeiro rumo da DC, o estúdio acabou contratando Andy Muschietti (“It – A Coisa”), para dirigir o longa e produzir com sua irmã Barbara Muschietti. De imediato Muschietti não teve uma missão apenas de entregar o primeiro grande filme, de um dos heróis mais populares do selo, como também trazer de volta, depois de 30 anos, o veterano Michael Keaton no papel de Batman/Bruce Wayne. Com uma pegada totalmente remetendo aos clássicos filmes do “Superman” e “De Volta Para o Futuro”, não hesito em dizer estamos falando de mais um acerto do estúdio. Porém, não se trata de um encerramento, mas sim novas lacunas que vão se abrir. Depois de descobrir que possui a capacidade de viajar no tempo, Barry Allen (Ezra Miller) resolve tentar fazer com que sua mãe sobreviva de um fatal acidente no passado, o que também inocenta seu Pai (Ron Livingston) nos tribunais. Ele consegue fazer isso, porém sua atitude acaba trazendo para aquele universo o General Zod (Michael Shannon). Imagem: Warner Bros Pictures (Divulgação) Começo enfatizando que o roteiro de Christina Hodson (“Aves de Rapina”) e Joby Harold (“Transformers: O Despertar das Feras”) é nitidamente simples, com várias pitadas de easter-eggs de filmes, quadrinhos e até mesmo memes que já foram apresentados pela DC. O recurso não só funciona, como também representa que o próprio está começando a entregar aos fãs exatamente aquilo que eles esperavam deste filme (diferente do que vimos em “Doutor Estranho no Multiverso da Loucura”). Inclusive, algumas participações especiais irão arrancar suspiros e gritos de emoções dos fãs mais aflorados (e sim, em maioria elas não estão jogadas sem contexto). E quase que uma delas acabou sendo da própria Supergirl (vivida por Sasha Calle, em uma boa interpretação e presença), que serve apenas para ser uma escada para os arcos do Batman e Flash (principalmente na batalha final). Uma pena não terem aproveitado ela mais. Felizmente, não posso deixar de citar que além de Miller estar muito a vontade no papel de Barry/Flash (inclusive, mais maduro), o show cai em cima de Michael Keaton. O veterano realmente estava feliz em ter voltado ao papel que lhe consagrou, e nas várias possibilidades que ele pode exercer. Uma vez que agora há o recurso de CGI lhe promove mais habilidades em cena. Porém, aí está o grande problema do longa. Com uma cena de abertura que parece ter sido tirada de um game do Playstation 1 (principalmente na estética dos bebês), chega a ser bizarro o que estávamos presenciando, uma vez que fica nitidamente explícito que a pós-produção foi caótica e feita às pressas (devido aos vários problemas nos bastidores com a mudança de Presidente da Warner, as polêmicas de Ezra Miller e outras coisas que colocaram em xeque o destino da produção). Agora, quando estamos nas cenas onde Flash está se preparando para ir em outras realidades, fica nítido que o aspecto cartunesco foi proposital (o que resultou no quesito do “Vale da Estranheza”, na maioria do espectador). Outro acerto, é a questão da trilha sonora de Benjamin Wallfisch (que já trabalhou com Muschietti, em “It”) não apenas remeter as melodias clássicas do próprio Batman estrelado por Keaton, como também outras produções do selo. Mas faltou uma que vendesse a aparição do próprio Flash (como ocorre nas aparições da Mulher Maravilha). Em seu término, “The Flash” não acaba sendo uma despedida do arco de Zack Snyder no universo DC, e sim uma abertura para novas e possíveis lacunas que ainda deverão serem exploradas nas próximas produções do estúdio. Obs: o longa tem uma cena pós-créditos, pelo qual não acrescenta em absolutamente nada, ou seja, veja por sua conta e risco. Porém, não compensa esperar os letreiros passarem.
Crítica | Homem-Aranha: Através do Aranhaverso

Engenharia do Cinema “Homem-Aranha no Aranhaverso” conseguiu ser uma das melhores animações dos últimos anos, e trouxe o primeiro Oscar de longa animado para a Sony Pictures/Marvel, em 2019. Muito se aguardou da continuação, rotulada como “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” (inclusive este é o primeiro de uma produção dividida em duas partes, pela qual a próxima rotulada de “Spider-Man: Beyond the Spider-Verse“, chegará em 28 de março de 2024) e até algumas semanas o estúdio não estava tendo um marketing plausível para o lançamento (como foi com o antecessor). Felizmente, estamos falando de mais uma divertida produção do selo, que não apenas cumpre o que promete, como também serve para homenagear ainda mais todo o legado do personagem, de diversas maneiras. Após os eventos mostrados no primeiro filme, Miles Morales tenta conciliar sua vida de adolescente com a de ser um Homem-Aranha. Porém, tudo decaí por terra quando o vilão Jonathan Ohnn surge e abre barreiras entre vários multiversos, fazendo o primeiro se unir mais uma vez a Gwen Stacy e outras versões de Homens-Aranhas, para combaterem o mesmo. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Nos primeiros minutos de projeção, há uma ótima sequência detalhando ainda mais a história de Gwen Stacy e como ela se tornou a Mulher-Aranha, em seu universo. Só que a estética usada é totalmente diferente do que já estava sendo visto, ou seja, cada protagonista tem um traço diferente na animação. E não hesito em dizer que mesmo sendo breve, o arco consegue ser melhor que todos os últimos live-actions da Sony Pictures/Marvel, nos últimos anos. Porém, nitidamente o roteiro de Phil Lord, Christopher Miller e Dave Callaham se inspirou fortemente no que foi visto em “Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa” (uma vez que o projeto tinha um roteiro raso, mas uma ótima execução). Sim, a produção consegue se sobrepor por conta da caracterização de personagens (apesar que alguns acabam sendo colocados em escanteio, em relação ao antecessor, uma vez que o foco agora se concentra totalmente em Miles e Gwen) e um enredo onde os fatos fazem sentido e casam (e não são meramente jogados, para depois serem explorados). A parte engraçada da animação, é que a direção de Joaquim Dos Santos, Kemp Powers e Justin K. Thompson brinca com os fãs, e coloca várias referências a todo momento (nos fazendo brincar de encontrar as próprias, e não vou adentrar como elas estão, por conta de spoilers). Consequentemente, os espectadores se verão na obrigação de ver e rever ao próprio (com o intuito de achar mais daquelas, durante a exibição). “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso” consegue divertir facilmente os fãs do personagens, e aqueles que estavam carentes de uma boa leva de ótimas animações.
Crítica | Império do Sol

Engenharia do Cinema Após ter se destacado pelo comando de “007 – Skyfall“, “007 – Contra Spectre” e “1917“, o cineasta Sam Mendes resolveu voltar a sua zona de conforto (que são os dramas e romances) com “Império do Sol“. Nitidamente sendo projetado como um “filme feito para ganhar Oscars”, o tiro acabou saindo pela culatra, uma vez que ele tenta explorar quatro tópicos profundos, de uma forma bastante rasteira. O fracasso foi tão grande (tendo uma bilheteria mundial de US$ 10 milhões, com US$ 1,1 milhões só nos EUA, para um orçamento que sequer foi divulgado), que no Brasil teve sua estreia nos cinemas cancelada e colocada direto no streaming do Star+. A história se passa no início dos anos 80 e é focado na rotina de Hilary (Olivia Colman) uma pacata funcionária de um cinema de rua, que se apaixona pelo novo funcionário do local Stephen (Micheal Ward). Enquanto eles vivenciam esta situação, somos apresentados a época dos grandes lançamentos do cinema daquela época (vide “Carruagens de Fogo“), um cenário totalmente racista dos EUA e segredos perturbadores da primeira. Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Era nítido que Mendes tentou em um primeiro momento exercer o quão o cinema era visto como um espetáculo por muitos, e como uma pequenas cidades são totalmente modificadas para receberem eventos gigantes do próprio (vide o arco englobando a Premiere de “Carruagens de Fogo“). Mostrando homeopaticamente como uma sala de projeção funcionava, como as películas eram preparadas para a exibição (e a complexidade que era exigida). Os mais cinéfilos realmente se prendem nesta história, por conta deste fator (que funciona perfeitamente). Porém, quando ele resolve colocar o romance da dupla citada como foco total do enredo, e entrelaça ao cenário racista da época, a produção começa a perder seu ritmo e, literalmente, troca aquela trama que estava interessante, por uma mera novela mexicana (que já estamos acostumados de ver em quaisquer produções). Mesmo com uma ótima atuação de Colman (que mais uma vez interpreta uma mulher em desconstrução) e de outros nomes como Colin Firth (que aparece pouco, mas transparece bem seus sentimentos em relação a Hillary), Ward realmente não convence com a primeira e não possui uma química interessante com ela (parece estar com a mente em outro projeto). “Império da Luz” consegue jogar uma possível bela homenagem aos exibidores cinematográficos no lixo, ao substituir a trama por um enredo clichê e banal.
Crítica | O Exorcista do Papa

Engenharia do Cinema Há alguns anos o ator Russell Crowe não havia se aventurado em um projeto que lhe fosse tão impactante (uma vez que ele só estava pegando papéis como coadjuvante ou pequenas pontas), quanto este “O Exorcista do Papa“. Sob a direção de Julius Avery (“Operação Overlord”), temos um longa de horror que pode parecer clichê em um primeiro momento, só que devido ao trabalho deste na função e do roteiro de Michael Petroni e Evan Spiliotopoulos abre a oportunidade disso tudo ser exercido. Baseado nos eventos reais que foram retratados no livro “An Exorcist Tells His Story’ and ‘An Exorcist: More Stories“, a história se passa em 1985 e é centrada no Padre Gabriel Amorth (Crowe) um dos mais respeitados exorcistas que residem no Vaticano. Colocado na função pelo próprio Papa, seu posto é colocado em cheque cada vez mais por conta de suas sessões nada ortodoxas e principalmente quando ele é escalado para auxiliar uma família, cujo filho Henry (Peter DeSouza-Feighoney) acaba sendo possuído por um espirito demoníaco. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Começo enfatizando em um primeiro momento o principal nome que ajudou na qualidade positiva deste filme: Russell Crowe. Pela primeira vez estrelando um longa de horror, o veterano se mostra totalmente a vontade no papel, e inclusive coloca um estilo de Sherlock Holmes em sua interpretação (o que faz criarmos um certo carinho e proximidade com o próprio). Mesmo com um elenco de apoio contendo nomes desconhecidos, ele só é ofuscado pelo novato Peter DeSouza-Feighoney, que realmente rouba a cena e possui uma presença digna dentro deste contexto. Quando a dupla está junta nas cenas de exorcismo, 60% do sucesso da mesma ocorre por conta deles (uma vez que Avery não usufrui de algo inovador ou até mesmo violento/assustador como vimos em “Operação Overlord“). Em contraponto, às cenas que englobam o contexto da trama não ficam enrolando demais ou exigindo muito do espectador. São sucintas e breves dentro do enredo (tanto que a metragem do longa ficou na casa dos 90 minutos), inclusive estamos falando de uma narrativa que se preocupa em contar uma história ao invés de pregar sucessos (como na franquia “Invocação do Mal”). “O Exorcista do Papa” consegue ser uma agradável surpresa positiva, em meio a uma época onde o gênero de terror está cada vez mais desgastado nos cinemas.