Bad Religion dá aula de punk rock no Primavera Sound

A régua para o Bad Religion no Brasil é muito alta. Com inúmeras passagens pelo país, os fãs mais fervorosos já o acompanharam em bares menores e com repertório cheio. Em Santos mesmo já foram dois shows memoráveis, na Jump e na Capital Disco. Mas nada tira o brilho de ver Greg Graffin, Jay Bentley e Brian Baker juntos em um palco maior. A entrega é de alto nível do início ao fim. Uma aula de punk rock que fez muita gente cantar junto na frente do palco principal, onde aguardavam pelo The Cure. O set trouxe muitos petardos da carreira, de Generator até Los Angeles Is Burning, passando por hits como American Jesus e 21st Century (Digital Boy), que marcaram época com videoclipes na MTV. Com Jay Bentley afinadíssimo nos backing vocals, o público também foi brindado com as melódicas My Sanity e Sorrow. Punk Rock Song, Do What You Want e Fuck You colocaram o público para pogar como se não houvesse o amanhã em Interlagos. Não foi a primeira vez do Bad Religion em Interlagos, mas mais uma vez eles conseguiram conquistar mais fãs com um show extremamente técnico e vigoroso. The DefenseLos Angeles Is BurningWrong Way KidsWe’re Only Gonna DieAnesthesiaRequiem for DissentInfectedMy SanityBeyond Electric DreamsTomorrowNo ControlDo What You WantRecipe for HateFuck You21st Century (Digital Boy)Punk Rock SongDrunk SincerityCandidateI Want to Conquer the WorldSorrowYouGeneratorFuck Armageddon… This Is HellAmerican Jesus

Após cancelar show no Rio, Beck entrega apresentação dançante em SP

Na noite anterior ao show no Primavera Sound, Beck tinha uma apresentação agendada no Rio de Janeiro, mas cancelou de última hora por questões de saúde. Logo se criou uma incerteza sobre a participação dele no festival. Doente ou não, o músico de 53 anos apareceu em Interlagos. E engana-se quem pensa que faltou disposição. Beck cantou, dançou, deitou no chão e manteve um clima animado do início ao fim. No palco, ele estava acompanhado de músicos renomados do cenário alternativo norte-americano, como o guitarrista Jason Falkner (Jellyfish, The Three O’Clock e The Grays) e o tecladista Roger Manning Jr (Jellyfish, The Moog Cookbook e Imperial Drag). Apesar desse suporte power pop, Beck sempre foi um artista imprevisível. Sua discografia passeia por gêneros distintos como indie rock, bluegrass, funk, eletrônico, hip hop, entre outros. Mas em Interlagos foi mais no rock alternativo que o consagrou em 1994 com o álbum Mellow Gold. Porém, adicionou muitas camadas dançantes também. Aliás, o superhit Loser foi o grande momento do show. Era nítida a alegria de Beck ao ver o público cantando o refrão em alto e bom som. Beck tem uma relação íntima com a música brasileira, que inclui amizades com Caetano Velozo e outros artistas renomados, além de uma lembrança marcante pré carreira. “Meu primeiro show foi do Tom Jobim”, declarou ao público. The Valley of the Pagans, parceria do músico com o Gorillaz, caiu bem no repertório, principalmente pela sonoridade mais dançante. O show de Beck é um prato cheio para quem prefere ouvir música boa ao invés de bla bla bla de “amo o Brasil”, “vocês são lindos” e coisas do gênero. Aqui é música atrás de música. Setlist Devils HaircutMixed BiznessThe New PollutionGirlQué Onda GueroNicotine & GravyThe Valley of the Pagans (Gorillaz cover)WowGamma RayLost CauseEverybody’s Got to Learn Sometime (The Korgis cover)DreamsUp All NightE-ProLoserWhere It’s AtOne Foot in the Grave

Pet Shop Boys comanda sing along no Primavera Sound

Pet Shop Boys

Referência monstra do synth-pop e ícone grandioso da comunidade LGBTQIAPN+, o duo Pet Shop Boys mostrou que ainda tem muita lenha para queimar. Mais de 40 anos depois do início da carreira, Neil Tennant e Chris Lowe possuem um repertório riquíssimo de hits. E não desperdiça nenhum. No encerramento do palco secundário do Primavera Sound, na primeira noite da edição 2023, souberam equilibrar bem o passeio discográfico. Suburbia abriu o show e ali já era possível ver que o Pet Shop Boys dominaria o público do início ao fim. Logo no começo, Neil e Chris ainda fizeram um medley de Where the Streets Have No Name e I Can’t Take My Eyes Off You, do U2 e Elvis Presley, respectivamente. You Were Always on My Mind encontrou eco, inclusive, no palco principal, onde os fãs buscavam uma melhor posição para o show do The Killers, principal headliner da noite. Com o jogo ganho, foi hora de buscar os sing along mais fortes do dia até então, com Go West (Village People), It’s a Sin e West End Girls. Quem perdeu o Pet Shop Boys no Primavera, tem mais uma chance. O duo se apresenta na segunda-feira (4), na Audio, em São Paulo. Ainda há ingressos. Setlist   Suburbia Can You Forgive Her? Opportunities (Let’s Make Lots of Money) Where the Streets Have No Name (I Can’t Take My Eyes Off You) Rent I Don’t Know What You Want but I Can’t Give It Any More So Hard Left to My Own Devices Domino Dancing Love Comes Quickly Paninaro You Were Always on My Mind (Gwen McCrae cover) Dreamland Heart It’s Alright (Sterling Void cover) Vocal Go West (Village People cover) It’s a Sin Bis: West End Girls Being Boring

Black Midi justifica hype com show animado no Primavera Sound

Black Midi

No começo da tarde, debaixo de forte sol, os ingleses do Black Midi justificaram o grande hype em cima deles. No Palco Corona, o principal do Primavera Sound 2023, mostrou desenvoltura e brindou o público com um belo apanhado dos três álbuns da carreira. Difícil categorizar o som da banda. Tem muitos elementos por ali. Do experimental ao punk, do math rock ao blues, do progressivo ao art rock. O mais importante é que eles transitam muito bem entre esses subgêneros do rock. A banda também tem senso de humor de sobra. Se na quarta-feira, no Cine Joia, entrou ao som de Anunciação, de Alceu Valença, em Interlagos optaram por Bonde do Tigrão. O guitarrista Matt Kelvin entrou com uma camisa do Corinthians, com o nome de Ronaldo. Foi o suficiente para arrancar alguns gritos de “Vai Corinthians” da plateia. Já o baterista Morgan Simpson entrou com uma camiseta regata do Brasil, mas logo tirou em função do forte calor. Aliás, Morgan é um show à parte. Fuma o tempo todo, faz solos de bateria no meio das músicas e consegue orquestrar a banda sentadinho do banquinho dele. Welcome to Hell, John L e Western, com seus oito minutos de duração, foram alguns dos principais destaques do repertório.  O Black Midi é Geordie Greep (voz e guitarra), Matt Kelvin (voz e guitarra), Cameron Picton (voz, baixo e sintetizadores) e Morgan Simpson (bateria).