Crítica | Eduardo e Mônica

Engenharia do Cinema Após ficar engavetado por quase dois anos, finalmente nós brasileiros conferimos o aguardado longa Eduardo e Mônica. Inspirado na canção de Renato Russo, o casal é vivido por Alice Braga e Gabriel Leone, a produção tem como embasamento a própria melodia da citada e ainda nos apresenta um divertido enredo que se passa nitidamente durante os anos 80/90 (época que a música estava nas alturas). Assim como na própria música, vemos a história do casal Eduardo e Mônica, que são totalmente diferentes e mesmo com um estilo totalmente distinto acabam se apaixonando e tendo de saber lidar com estas dificuldades em seus cotidianos. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Dirigido por René Sampaio (que também comandou a adaptação cinematográfica de “Faroeste Caboclo“), ele conduz a história em seu primeiro arco de uma forma totalmente alegórica, com uma divisão de tela explicando como ambos são diferentes em tudo, nas suas atividades diárias (regada pela melodia de Russo). Só que estamos falando de um roteiro escrito por cinco pessoas (Gabriel Bortolini, Jessica Candal, Michele Frantz, Claudia Souto e Matheus Souza) e isso claramente acaba trazendo problemas no decorrer do enredo. A começar por algumas cenas pelas quais Mônica realiza discursos ativistas e que não fazem sentido algum para o enredo (existem outras formas de explorar que a personagem era liberal e hippie), como a ridícula cena da ceia natalina na casa do Avô de Eduardo (Otávio Augusto), cujos discursos de “militares x esquerdistas” são feitos apenas para renderem memes em redes sociais e acrescentarem falas políticas ao marketing do filme (lembrando que estamos falando sobre uma história de amor, não um filme sobre política). Embora estes deslizes acabam prejudicando uma pequena parcela da produção, o restante acaba sendo bastante alegórico, pois vemos que Leone e Braga possuem química e convencem dentro de seus papéis. A começar que o primeiro já se mostrou ser um verdadeiro camaleão (porque no filme “Minha Fama de Mau” viveu Roberto Carlos, e logo depois virou o bandido Pedro Dom, na série “Dom“), e facilmente convenceu como um adolescente de 16 anos, totalmente desleixado e nerd. Enquanto Braga viveu basicamente ela mesma, ou seja, não necessitou ter mais um baque na sua personalidade. “Eduardo e Mônica” acaba sendo uma simpática produção de romance, que conseguirá divertir os fãs de Renato Russo e do cinema nacional, que estavam carentes deste tipo de filme.
Eduardo e Mônica fica para 2021: “Fizemos o filme pensando nos cinemas” diz diretor

A expectativa é grande, mas a espera será ainda maior. Antes programado para 2020, o filme Eduardo e Mônica ficou para 2021. O anúncio foi feito durante o painel do longa na CCXP Worlds, que contou com as presenças dos atores Alice Braga, Gabriel Leone e o diretor René Sampaio. Na abertura do painel, antes da entrevista conduzida pelo moderador Marcelo Forlani, na Thunder Arena, o público foi presenteado com um trailer do longa. “Vários motivos (para adiar a estreia). Fizemos o filme pensando nos cinemas. Tem a questão do nosso desejo, mas é um filme evento, para você levar a família, ter a catarse e ver na tela grande. É uma experiência muito enriquecedora. A missão do filme é começar nos cinemas. É como ir num show do Legião Urbana. Vou cortar a onda e lançar no streaming? Recebi muitas propostas, mas vamos esperar pelo cinema”, comentou Sampaio. Os atores fizeram coro ao diretor. “Fomos para o Festival de Miami, um pouco antes da pandemia, e tive a oportunidade de ver numa baita sala e foi uma experiência incrível, a reação do público, tanto brasileiro quanto gringo. Como é um filme atemporal e universal, ele comunica diretamente com os dias de hoje. Ele tem que ser assistido na tela”. Alice foi mais na linha da ligação emocional do público com a banda. “Quero ver com os meus pais no cinema, eles gostam da Legião. São tantas gerações que nós temos que celebrar o nosso cinema. É muito importante a conexão entre público e cinema”. Trilogia à vista Segunda adaptação cinematográfica de um sucesso da Legião Urbana – o primeiro foi Faroeste Caboclo (também dirigido por Sampaio), o longa teve sua estreia mundial no 37° Festival internacional de Miami, e retrata o relacionamento do famoso casal, na Brasília dos anos 1980. “Nosso planejamento sempre foi uma trilogia. Eu já sei qual é, mas quero ver o que povo pensa”, comentou Sampaio sobre um provável terceiro filme, mas sem revelar qual será a música adaptada. Em outro momento divertido, Leone falou do desespero do diretor com o físico e aparência totalmente diferente de Eduardo. “Vinha de uma série que eu tinha corpo, tava malhado, careca. Lembro que quando fui fazer figurino, o René ficava tenso de me ver todo rasgado, com aquele físico. Tive que fazer dieta para emagrecer. Megahair na raiz. Foi um trabalho árduo e em conjunto”. Leone conta que gosta muito de se transformar para cada personagem. “Eu tinha 25 anos, em 2018, mas o personagem tem 18 anos. Tinha um trabalho muito grande de composição e corporal. E tinha essa parte toda da caracterização e que ia me ajudar bastante”. Estreia na comédia romântica Já Alice, destacou o fato de fazer pela primeira vez uma comédia romântica. “Foi uma experiência muito linda. Ele (diretor) queria me tirar do drama, da coisa pesada, para algo mais solar. Meu encontro com René, dele me tirar dessa zona de conforto, como ela transformava a minha vida, a vida do Eduardo. Tentamos muito fazer essa relação ser verdadeira, um complementa o outro, a diferença entre eles é o que potencializa os dois”. E o cuidado do diretor com Eduardo e Mônica vai muito além da música, como destacou Leone durante o painel. “Dentro das nossas pesquisas, fomos além da música, fomos atrás dos lugares onde o Renato frequentava em Brasília. E um dos pontos que chegamos, o Renato colocou muito dele na música. Dizem que ele tinha muito do Eduardo e muito da Mônica”.
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