Crítica | Papai é Pop

Engenharia do Cinema Apesar de resolverem ter lançado nos cinemas em plena época do dia dos pais, e quando os atores Lázaro Ramos e Paolla Oliveira estão em alta, “Papai é Pop” sofre do principal problema que vários outros projetos do cinema nacionais sofrem: bons filmes, que acabam sendo boicotados pela maioria do público, devido ao marketing escasso não ter conseguido atingir fora da bolha cinéfila. Inspirado no livro de Marcos Piangers, a história tem início com Tom (Ramos) e Eliza (Oliveira) que são pais de primeira viagem e começam a enfrentar diversos problemas por conta do fato de o primeiro não conseguir mudar seu estilo de vida, em prol da paternidade. Enquanto a segunda começa a se deteriorar aos poucos, por conta do trabalho excessivo em torno da criança.     Imagem: Galeria Distribuidora (Divulgação) Sim, por incrível que pareça não estou falando de uma comédia pastelão ou uma produção brasileira genérica. Estamos falando de um projeto que nos coloca dentro de um cenário real, embora tenha pitadas de formas caricatas em partes. E digo isso, pois o diretor Caito Ortiz sabe dosar quando entramos no contexto dramático e cômico do filme, uma vez que estamos falando de alguns assuntos delicados (como o arco envolvendo o porteiro do prédio onde o casal vive, que cuida de seu filho sozinho, devido a sua esposa ter falecido o parto).     Agora partindo para o quesito de atuações, apesar de Ramos estar bem à vontade no papel, o show decai em cima de Paolla Oliveira, que visivelmente se entregou ao papel e realmente se assemelha com uma mãe que acabou de ter um filho. Inclusive, o trabalho de maquiagem em algumas cenas chega a ser assustador de tão realista. Faço também uma menção honrosa à veterana Elisa Lucinda (que interpreta Gladys, mãe de Tom), pois serve como a verdadeira adição homeopática na trama.    “Papai é Pop” é um dos raros casos onde o próprio marketing em cima da qualidade do projeto, acaba ofuscando sua verdadeira ideia e sentimentos em prol ao público. Certamente irá fazer algum sucesso quando estiver na Netflix.    

Medida Provisória na CCXP: “Estamos pensando na nossa participação em mais setores”, diz Seu Jorge

O primeiro dia da CCXP Worlds, pela primeira vez em formato online, reuniu grandes nomes de Hollywood, como Vince Vaughn, Milla Jovovich, entre muitos outros. Mas quem roubou a cena foram os atores Seu Jorge, Lázaro Ramos e Taís Araújo. Em resumo, o trio foi apresentar o longa Medida Provisória, que chega aos cinemas em 2021, pela Globo Filmes. Baseado na peça Namíbia, Não, de Aldri Anunciação, o filme marca a estreia de Lázaro Ramos na direção de um longa. “A estreia no cinema foi forçada. Dirigi a peça no teatro e um mês depois pensei que aquilo pudesse ir para o cinema. Ofereci para alguns amigos, mas ninguém quis dirigir e comecei a investir nisso há nove anos”, comentou Ramos, que dividiu a tela com a esposa, Taís Araújo, que estava em um computador ao fundo. Para o cineasta, Medida Provisória é um filme que vai trazer um impacto grande para as pessoas. “Elas vão se divertir, mas vão pensar muito”. “Foi uma experiência transformadora. Poder contar essa história, elaborando uma nova linguagem que acho que temos experimentado pouco no Brasil. É um filme que mistura três gêneros: comédia, thriller e drama”, completou Ramos durante o painel. Racismo estrutural Primordialmente, o racismo estrutural do Brasil foi pauta da discussão. Taís Araújo, que vive a médica Capitú, comentou sobre sua personagem. “É uma provocação para quem entra num consultório e ainda se surpreende ao ver um médico negro, além de construir um imaginário que já existe. Existem muitos médicos e médicas negros. Além da solidão desses personagens que não veem nenhum parecido com eles”. Seu Jorge, que já possui mais de 20 papéis no cinema, foi além na discussão e deu o exemplo de um amigo negro. “O quadro ainda não está do jeito que gostaríamos. Uma vez indiquei um amigo a procurar um psicólogo, mas ele não quis. Disse que ser atendido por um profissional branco não resolveria pois seus problemas estão relacionados à origem. É uma discussão no Brasil do futuro, daqui uns três, quatro presidentes. Estamos pensando na nossa participação em mais setores”. Ramos, então, comentou que algumas pessoas falavam que seu filme poderia se encaixar como favela movie. “Mas queria falar de outro extrato dessas pessoas. Eles vão se encontrando, buscando a identidade e forma de lutar”. O filme A ficção se passa em um Brasil do futuro, no qual uma medida de reparação social afeta diretamente a vida de uma família, formada pela médica Capitú (Taís Araújo), o advogado Antonio (Alfred Enoch) e o primo, o jornalista André (Seu Jorge), que mora na casa da dupla. Posteriormente, uma medida de reparação financeira pelos tempos de escravidão no Brasil é proposta, e é respondida com outra. Com isso, o casal acaba separado sem saber se poderá se reencontrar.