Crítica | De Férias da Família

Engenharia do Cinema Não é novidade que Kevin Hart e Mark Walhberg são um dos maiores astros de Hollywood, atualmente. Anualmente a dupla chega a lançar quase cinco filmes (quase sempre como protagonistas), era uma questão de tempo até fazerem uma produção que unisse a dupla. Realizado pela Netflix, a comédia “De Férias da Família” nitidamente parece que retirou piadas clichês de longas já estrelados pela dupla e nos apresenta um projeto bastante rasteiro e previsível. A história mostra os amigos de longa data Sonny (Hart) e Huck (Walhberg), onde enquanto o primeiro é um exemplar Pai de família, o segundo vive uma vida boêmia e aventureira. Com o hábito de realizar várias modalidades malucas em seus aniversários, após um “inusitado” acidente, Sonny prometeu a si mesmo que nunca mais iria participar das festividades daquele. Mas após uma viagem de sua esposa e filhos, ele fica sem destino e resolve ir até a comemoração de Huck. Só que ele não esperava que essa edição seria a mais maluca de todas. Imagem: Netflix (Divulgação) Para quem acompanha os projetos da dupla, é nítido que ambos possuem uma veia cômica realmente muito boa. Porém, o roteiro de John Hamburg (“Eu Te Amo, Cara“) parece beber demais de piadas clichês e totalmente sem graça, apenas com o intuito de tentar sanar o quão “eles são engraçados juntos”. Nitidamente não houve lugar para improvisos destes (que são conhecidos por isso), e o texto que havia em mãos para eles, além de previsível, parece que foi escrito por uma criança de 10 anos (como se não soubéssemos o desfecho que cada piada mostrada). Outro ponto que vale destacar é que embora em um breve diálogo o personagem de Walhberg cita que a “pandemia tenha barrado por um tempo, as festividades gigantes”, faltou o roteiro ter dosado isso e até mesmo trabalhado este tópico (seria interessante e até “diferente”, pois todos nós vivenciamos isso e o cinema aos poucos está se embasado nisso). “De Férias da Família” termina sendo mais uma produção que nos mostra que realmente a Netflix está interessada em ter apenas volume em seu catálogo, sempre com grandes astros na capa e não importa o quão ruim seja o conteúdo.
Crítica | Luta Pela Fé – A História do Padre Stu

Engenharia do Cinema Aqui temos um claro exemplo de como um ator consegue levantar projetos de forma independente. “Luta Pela Fé – A História do Padre Stu” foi levado para grande maioria dos estúdios de cinema por Mark Walhberg (que quando não está atuando, é um respeitado produtor cinematográfico) e nenhum deles quis bancar o projeto (sendo adquirido pela Sony, apenas quando ele se encontrou pronto). Então ele literalmente se juntou ao amigo Mel Gibson, que colocou sua noiva Rosalind Ross para dirigir, roteirizar o projeto e produzir o longa. O resultado foi um filme totalmente com ares pessoais, pois o escopo engloba o lado conservador-católico de Walhberg e Gibson (que são conhecidos por serem praticantes). Baseado em fatos reais, a história mostra o falido lutador de Boxe Stuart Long (Walhberg), que resolve se mudar para Los Angeles e investir na carreira de ator. Mas após ele conhecer a latina Carmen (Teresa Ruiz), ele sente uma paixão enorme pela mesma, que lhe faz ingressar na igreja católica. Porém, logo após um ocorrido ele percebe que deverá se tornar um Padre. Imagem: Sony Pictures (Divulgação) Realmente estamos falando de um filme cuja temática pode gerar muitas polêmicas, devido ao seu assunto ser tratado com bastante tabu pela indústria cinematográfica e por vários pseudo-intelectuais (o que vem fazendo a qualidade de muitos filmes caírem, gradativamente). Não vemos pautas humanitárias, muito menos discussões ideológicas sendo jogadas na pauta. Apenas vemos a realidade de uma família que realmente foi afetada por conta da fé em Deus, e como um homem pode evoluir diante da presença do mesmo. Sim, isso deve ser destacado, pois vem sumindo do cinema há tempos. Já adianto, que se você não comprar o que foi dito no parágrafo anterior, não estamos falando de um filme para você. Embora estejamos falando da história de um Padre, a narrativa realmente se mostra bastante pessoal por conta dos fatos que englobam a vida pessoal de Walhberg e Gibson (que no passado já tiveram problemas com álcool e confusões). Vivendo Pai e Filho mais uma vez nos cinemas (depois do divertidíssimo “Pai em Dose Dupla 2“), os caracteres de ambos a todo momento remetem experiências passadas deles (tanto que é nítido que eles entraram de cabeça nas interpretações). Mas como nem tudo é perfeito, há uma certa rapidez para mostrar o arco de Stu se tornado Padre e uma maior ênfase quando ele estava tendo uma vida boêmia. Faltou mostrar em cena ainda mais a importância que o mesmo teve para os moradores de sua cidade (já que isso ficou resumido em uma cena de cinco minutos). E nestes momentos, a maquiagem usada para vermos uma versão obesa de Walhberg consegue ser mais bizarra que a mostrada em Chris Hemsworth (o Thor), em “Vingadores Ultimato“. Isso sem citar que a diretora Rosalind Ross estava claramente com certo receio em assumir a função (e obviamente contou com a ajuda de Gibson, em algumas tomadas), pois alguns recursos ela literalmente se assemelhou como um diretora amadora (como por exemplo, em uma simples conversa ela foca no rosto dos atores, no ambiente e ainda balança a câmera). Uma lástima, pois este detalhe pesou no resultado final. “Luta Pela Fé – A História do Padre Stu” vale ser conferido como um mero entretenimento gospel, e se você for fã de Mark Walhberg e Mel Gibson.