Com muitas novidades no set, Mudhoney prioriza álbuns recentes no Cine Joia

A casa estava programada para abrir às 20h, mas uma hora e meia antes a frente do Cine Joia, no bairro da Liberdade, em São Paulo, já estava lotada, com o público fazendo o esquenta nas redondezas. Velha guarda reunida, público 40+ em peso, várias figurinhas carimbadas da cena, até mesmo Evan Dando, vocalista do The Lemonheads, compareceu. E não é pra menos, pois mesmo já tendo vindo várias vezes para o Brasil, o Mudhoney sempre é uma atração imperdível. Abrindo a noite, o compositor Elder Effe veio do Pará com sua banda, apresentando um rock alternativo com letras em português, algo como um ‘pop sujo’, que se destaca principalmente por trazer a representatividade do Norte do país na cena do rock independente, inclusive mencionando a Amazônia várias vezes nas músicas e lembrando a importância de preservá-la. Elder definiu o som como “músicas de protesto”, com direito a discursos contra homofobia, xenofobia e outros preconceitos. Além de demonstrar a emoção de estar abrindo o show do Mudhoney, Elder fez questão de ressaltar a presença de sua baixista, Inesita, representando as mulheres musicistas do Pará. Em seguida, Apnea, direto da Baixada Santista, fez um show impecável para uma plateia atenta! Escolha muito acertada para a abertura, pois a banda mistura elementos dos anos 1990 e 1970, produzindo um stoner rock de muita personalidade, com pitadas de indie, heavy metal e muito grunge, tudo isso muito bem executado por músicos já veteranos do rolê, conhecidos por integrarem outras bandas queridas como Ratos de Porão, Garage Fuzz e Safari Hamburguers. Destaque para o DJ Damaso, também do Pará, que manteve a energia da pista animada nos intervalos das bandas, indo de Lemonheads a Ramones, passando por Dead Kennedys, L7 e, claro, The Stooges, que não poderia faltar. >> LEIA ENTREVISTA COM MARK ARM, VOCALISTA DO MUDHONEY Às 22h30 em ponto o Mudhoney entrou no palco e logo mostrou porque é uma banda que todo fã de rock quer assistir. A banda influenciou um movimento e continua na ativa, com a mesma energia de 35 anos atrás, fazendo o que sabem fazer, com muita sinceridade. No set list, mais de 20 músicas pontuando a trajetória da banda, com todas as clássicas que levaram geral a cantar junto, naquela energia linda já tradicional em seus shows. Se o desafio era cobrir três décadas de músicas em quase duas horas de show, podemos considerar dever cumprido, a julgar pelos sorrisos estampados no público durante a saída. E agora já temos foto do Mark Arm com sua guitarra original pra substituir na Wikipedia. O repertório priorizou bastante o conteúdo mais recente da banda. Essa é uma característica que Mark Arm mantém. Mesmo sabendo que boa parte do público espera por uma atenção maior pelos primeiros álbuns, ele sempre dá uma refrescada no set list. Foram 19 faixas diferentes na comparação com o último show em São Paulo, que havia rolado em 2014. Desse montante, dez dos dois álbuns mais recentes, Plastic Eternity (2023) e Digital Garbage (2018). Mark Arm, no entanto, não deixou seus maiores clássicos de fora. Touch Me I’m Sick e Suck You Dry são praticamente proibidas de sair do set. E melhor assim. Afinal, elas garantem momentos apoteóticos na relação entre banda e público. Cine Joia ficou pequeno nesses momentos. Edit this setlist | More Mudhoney setlists

Entrevista | Mudhoney – “Por favor atualizem minha foto no Wikipedia”

Uma das bandas mais autênticas e influentes da geração grunge, o Mudhoney está prestes a chegar ao Brasil para apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Ainda há ingressos disponíveis. O último álbum do Mudhoney, Plastic Eternity (2023), será uma parte importante do repertório da apresentação, mas o setlist não está 100% definido. Segundo o vocalista, Mark Arm, a banda pretende cobrir diferentes fases da carreira, resgatando músicas do início e dos anos intermediários. “Temos 35 anos para cobrir. Trabalho duro”, brincou o artista em entrevista ao Blog n’ Roll. Além de falar sobre o show, Mark Arm relembrou uma situação inusitada que viveu no Brasil: durante uma passagem pelo país, ele percebeu que havia esquecido sua guitarra nos Estados Unidos, mas só se deu conta disso ao abrir o case vazio em São Paulo. “Imediatamente pensei que alguém tinha roubado minha guitarra”, contou. A solução foi improvisar com instrumentos emprestados, um dos quais aparece na foto de sua página na Wikipedia até hoje, fato que o incomoda bastante. Na mesma entrevista, Mark Arm compartilhou suas expectativas para os shows no Brasil e relembrou momentos marcantes da trajetória do grupo. Quais são suas expectativas para os shows no Brasil? Você já tem um set list definido?  Não temos um set list pronto em particular, mas temos uma ideia geral e esperamos nos divertir. Pretende priorizar algum álbum?  Tocaremos uma boa quantidade de músicas do último disco, Plastic Eternity, mas tocaremos coisas dos primeiros álbuns e dos anos intermediários. Temos 35 anos para cobrir, é um trabalho duro. Você se recorda de alguma história memorável no Brasil? Você já veio com o Mudhoney e também com o MC5. Uma vez voamos para cá e eu tinha um case de guitarra muito pesado, tipo um case tipo bigorna com metal ao redor. E estávamos na passagem de som em São Paulo e abri meu case e ele estava vazio. Eu imediatamente pensei que alguém tinha roubado minha guitarra. E fiquei, tipo, puta merda. Então meio que me recompus, isso foi antes de ter um celular que ligasse para o exterior e confirmasse. O André Barcinski (jornalista) me ajudou a ligar para casa e perguntei para minha esposa se ela poderia descer e dar uma olhada na sala da banda. E lá estava a guitarra. O case era tão pesado que não percebi que não tinha uma guitarra dentro. E como você conseguiu tocar?  Tive que pegar emprestada as guitarras das pessoas. Na foto principal da minha Wikipedia estou com uma das guitarras emprestadas daquela turnê, uma SG. Eu não tenho uma SG, toco com uma Gretsch, por favor atualizem essa foto. Foi uma estupidez da minha parte esquecer essa guitarra. Mudhoney sempre foi uma das bandas que representou o grunge de uma forma mais autêntica e crua. Como você descreveria a evolução do som da banda desde o começo até hoje?  No começo, nós apenas pensávamos em nós mesmos como uma espécie de banda punk rock e underground, nós não pensávamos nessa coisa chamada grunge. Isso nem era uma coisa que existia em termos de marketing ainda. Nós apenas sentíamos que fazíamos parte daquela tradição underground realmente ampla que incluiria Butthole Surfers, Sonic Youth, Big Black, The Replacements, entre outras. Quero dizer, essas são algumas das bandas mais conhecidas, mas tinha também Killdozer e Scratch Acid, além de muitas australianas como Feedtime, The Beasts of Suburban, The Scientists e Cosmic Psychos. Essas eram as coisas com as quais sentíamos afinidade. Assim como nossos amigos em Seattle, Portland e Vancouver.  Seattle foi o centro das atenções entre o final dos anos 1980 e o início dos anos 1990. Você acha que um novo movimento de bandas como o grunge é possível hoje?  Eu não sei. Claro, tudo é possível.  Para muitos críticos musicais, Mudhoney é o padrinho do grunge. Você acha que Nirvana, Alice in Chains, entre outros, teriam existido sem vocês?  Sim, Alice in Chains estava em um caminho diferente. Quer dizer, eles começaram em meados dos anos 80. Pelo menos esse nome estava por aí, sabe, eles não mudaram o som. Acho que originalmente eram mais como uma banda de glam metal. O Soundgarden existia bem antes do Mudhoney começar. Eles eram contemporâneos do Green River. As pessoas estariam tocando música, quer existíssemos ou não. Mas o Mudhoney tem uma grande influência nessa geração de músicos, mesmo soando diferente, certo? Sim, acho que há muitas bandas de Seattle que soam diferentes o suficiente para nós. Pearl Jam, que são grandes amigos nossos, eles não soam como nós. Então talvez nós os influenciamos de uma forma que eles disseram: ‘nós não queremos soar assim. Isso não nos levará a lugar nenhum’. (risos) A morte de Kurt Cobain foi o começo do fim do grunge ou houve outros fatores que contribuíram para a perda de força da cena?  Sim, tenho certeza. Essa foi uma lápide fácil de colocar e não acabou com nada para mim. Só me deixou terrivelmente triste. A energia do Mudhoney no palco é uma das mais comentadas sobre coisas dos fãs. O que você sente quando está no palco? É difícil colocar em palavras o que sentimos. É só que não consigo realmente analisar e destilar em algo que seja, mas é um show muito bom e o público gosta, então, nós nos alimentamos uns dos outros. Como se sentíssemos a energia deles. Espero que eles sintam a nossa. E isso meio que, conforme o show avança, fica meio mais forte e intenso. Esse é o marcador de um ótimo show. Como essa experiência ao vivo evoluiu ao longo dos anos?  Ficamos muito mais velhos, não sou nem de longe tão flexível quanto costumava ser. Minhas articulações doem de vez em quando. Dói meu tornozelo e meu quadril. Não quero ter uma conversa de velho, onde fico sentado e reclamando, mas realmente me dói toda vez que acordo. Mas, por exemplo, acho que quando você envelhece, tem um entendimento melhor disso. Quando você é mais

Ícone do grunge, Mudhoney anuncia três shows no Brasil

Mudhoney, um dos maiores nomes da cena grunge dos anos 90 que revelou bandas como Nirvana, Soundgarden, Pearl Jam e Alice in Chains, retorna ao Brasil em março de 2025 para uma turnê que passará por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, além de um show em Buenos Aires. O show de São Paulo acontece no dia 21 de março, no Cine Joia, e é uma produção da Maraty, produtora do jornalista André Barcinski e do produtor Leandro Carbonato. Os ingressos estão à venda. Quem já viu Mudhoney num palco sabe o que esperar: uma das maiores bandas ao vivo das últimas quatro décadas, mesclando punk e rock de garagem em shows intensos e empolgantes. A banda convidada é a santista Apnea, quarteto que conta com o baterista Boka, do Ratos de Porão, com um som influenciado pela música dos anos 70 e 90, mesclando grunge, heavy metal e stoner rock. Mudhoney, uma lenda viva do rock Formada em 1988, a banda lançou 12 álbuns de estúdio e chega ao Brasil embalada pelo elogiado Plastic Eternity (2023), grande disco que recebeu críticas entusiasmadas. Mudhoney esteve pela primeira vez no Brasil em 2001, abriu a turnê do Pearl Jam em 2005 e não se apresenta no país desde 2014. O disco de estreia do Mudhoney, o EP Superfuzz Bigmuff(1988), é um clássico do grunge, com hinos como Touch Me I’m Sick, In ‘n’ Out of Grace e Sweet Young Thing Ain’t Sweet No More. Kurt Cobain o considerava um dos 50 maiores discos da história do rock. Nos discos seguintes, Mudhoney (1989), Every Good Boy Deserves Fudge (1991) e Piece of Cake, o Mudhoney embalou uma sequência impressionante de grandes canções, como Here Come Sickness, This Gift, Good Enough, Into the Drink, Suck You Dry e Blinding Sun, entre muitas outras. A formação da banda tem três integrantes fundadores, Mark Arm (vocais e guitarra), Steve Turner (guitarra) e Dan Peters (bateria) e, desde 2001, Guy Maddison (baixo). Essa formação gravou os últimos seis discos de estúdio e tem excursionado para plateias que reverenciam o Mudhoney como um nome pioneiro do grunge e que vem mantendo, ao longo dos últimos anos, uma excelência musical indiscutível. SERVIÇO MUDHONEY EM SÃO PAULOData: 21 de março de 2025 (sexta-feira)Local: Cine JoiaEndereço: Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade, São Paulo – SPIngressos MUDHONEY NO RIO DE JANEIROData: 22 de março de 2025 (sábado)Venda on-line MUDHONEY EM BELO HORIZONTEData: 23 de março de 2025 (domingo)Venda on-line

White Lazy Boy: Melvins e Mudhoney se juntam em EP inédito

O Melvins e o Mudhoney tem muita coisa em comum. Em resumo, ambas foram criadas em Seattle e tiveram o baixista Matt Lukin como um de seus fundadores. Vale lembrar que o artista não participa de mais nenhuma das duas. Ademais, ambas também foram criadas na década de 80 e foram peças chave no famoso cenário grunge de Seattle. Mas qual o motivo de todas essas curiosidades? Os grupos se juntaram recentemente para gravar um EP. Intitulado White Lazy Boy, o trabalho traz quatro canções. Aliás, este não é um projeto dividido, é como se as bandas se tornassem uma só. Das quatro faixas, duas são inéditas, e dois covers – um do Black Flag e outro do Crazy Horse e Neil Young – complementam o EP. Lançamento Ao que tudo indica, o trabalho foi divulgado na semana passada, apenas em mídias físicas. Contudo, algumas pessoas que já compraram a obra decidiram liberar as faixas na internet.