Crítica | The Witcher (3ª Temporada – Parte 2)

Engenharia do Cinema Sendo vendida como a grande despedida de Henry Cavill, da série “The Witcher”, essa segunda parte consegue ser mais caótica e problemática do que a antecessora. Agora se tratando dos episódios seis, sete e oito, cada um destes tem como foco mostrar as consequências da batalha entre magos e elfos, e como Geralt (Cavill), Yennefer (Anya Chalotra) e Ciri (Freya Allan), irão sair destas complicações. Sem entrar no mérito de spoilers, a única sensação que temos nesta nova parte, é que tiveram de encher linguiça ao máximo. Se o quinto capítulo ficou mostrando a mesma situação, em diferentes perspectivas, agora temos um sétimo mostrando Ciri em um deserto (durante quase 95% do próprio, e se parece uma versão de “Duna”, feita pela Azylum), que nitidamente representa o vazio de ideias dos roteiristas e da própria Netflix, com a série (comprovando que Cavill se desligou da atração, por causa destes deslizes grotescos). Imagem: Netflix (Divulgação) E como o próprio marketing já havia salientado que haveria uma baixa no elenco, e que iria “chatear” muitos fãs, quando a própria acontece, a única sensação foi a de tédio, pois não existiu uma proximidade com o espectador, muito menos que justificasse as nossas “possíveis” lágrimas. Um dos carros chefes da atração, são as ótimas cenas de batalha de Geralt, e agora como o próprio se encontra em estado de recuperação, o arco não pega um terço para focar em seus treinamentos e esforços para se curar. Literalmente, ele aparece, some, ficam focando na vida de Yennefer, ele reaparece e isso continua sendo repassado (lembrando que Ciri está “fora de cena”). A segunda parte da terceira temporada de “The Witcher“, só confirma que a própria Netflix conseguiu enterrar mais uma série, e dificilmente conseguirá recuperar sua qualidade com a chegada de Liam Hemsworth. Leia nossa crítica da Primeira Parte da temporada de “The Witcher”, Clicando Aqui.
Crítica | Agente Stone

Engenharia do Cinema Idealizado desde 2020, “Agente Stone” foi pensado como uma nova franquia de ação da Netflix, com produção da Skydance (mesmo estúdio responsável por selos como “Missão Impossível“). Usando e abusando do rótulo de Gal Gadot como protagonista, com um discurso que seria uma versão feminina da produção encabeçada por Tom Cruise (inclusive a própria já falou que não aceita fazer cenas arriscadas como ele, em prol ao cinema), chega a ser vergonhoso ter este rótulo aplicado aqui, pois tudo que existe de clichê, facilitação e forçado, vemos nesse filme. Após descobrir a existência de um artefato que poderá comandar toda a humanidade, a agente Rachel Stone (Gadot) parte na busca para impedir que a hacker Keya (Alia Bhatt), consiga se apoderar deste. Imagem: Netflix (Divulgação) Por mais que o escopo se assemelhe ao recente “Missão Impossível: Acerto de Contas – Parte 1“, o roteiro de Greg Rucka (“The Old Guard“) e Allison Schroeder é tão forçado e previsível, que nos primeiros 20 minutos já sacamos todo o enredo e, presenciamos cenas de ação extremamente mal feitas (uma vez que o orçamento bateu na casa dos US$ 200 milhões) em quesitos de CGI, direção e enquadramentos (as tomadas de luta, são tão mal feitas, que nem parece ter rolado a existência de um treinamento por parte dos atores). Isso também chega a ser demérito do diretor Tom Harper (que está acostumado a fazer produções mais dramáticas como “The Aeronauts” e “As Loucuras de Rose“), que não consegue ser um bom conhecedor do cinema de ação (tanto que este filme, poderia funcionar melhor, se fosse dirigido por algum ex-dublê como David Leitch e Chad Stahelski), e nitidamente estava perdido em vários arcos (como em uma simples cena de salto de Rachel no mar, que possui vários cortes para disfarçar o uso de dublês). Em quesito de atuações, não existe nenhuma que realmente seja boa, uma vez que todo o elenco (inclusive Gadot), são totalmente canastrões. E isso também foi prejudicado pelo roteiro, que em momento algum se preocupa em dosar o arco dos protagonistas (tanto que tiveram a audácia de descartar e não usarem dignamente a veterana Glenn Close). Não duvido que ainda desenvolvam spin-offs em cima desses mesmos personagens e venderem como “aqui você vai ver mais sobre este universo”. “Agente Stone” termina se tornando mais uma produção genérica para o catálogo da Netflix, que possivelmente terá continuações feitas a rodo, só para terem esse mesmo intuito.
Crítica | Bird Box: Barcelona

Engenharia do Cinema Sendo um dos maiores sucessos da história da Netflix, o longa “Bird Box” (estrelado por Sandra Bullock e lançado em 2018) teve muitos rumores que ganharia uma continuação. Porém, devido a conturbada agenda da própria, o projeto segue engavetado e a plataforma começou a apostar em uma expansão do universo do próprio. “Bird Box: Barcelona” se passa no mesmo período daquele, mas na Espanha, no local citado no título. Em pleno debate da era de Chat GPT, e roteiros que são totalmente escritos por este recurso, é nítido que os roteiristas Àlex Pastor e David Pastor (que também assinaram a direção) usaram o próprio para conceber essa história, que diferente do filme estrelado por Bullock (que era inspirado no livro de Josh Malerman), é totalmente original. A história gira em torno do misterioso Sebastián (Mario Casas), que anos depois de ter conseguido sobreviver no cenário apocalíptico, onde não se deve deixar os olhos abertos ao ar livre, vaga por Barcelona, deturpando vários grupos de sobreviventes. Sim, essa é a história do filme. Imagem: Netflix (Divulgação) Em seus primeiros minutos, fica nítido que os roteiristas não estavam interessados em exercer situações realistas, dentro do cenário proposto pelo longa. A facilidade como Sebastián se infiltra nos grupos de sobreviventes, chega a ser hilária (com tamanha facilidade, e em momento nenhum ninguém chega a cogitar suas atitudes maléficas) e ofensiva para o bom senso do ser humano. Interligado por momentos de quando a infecção começou a tomar pelo mundo, e como ele perdeu sua família (em momentos que possuem emoção zero, de tamanha previsibilidade). Não existe uma sensação de impacto e desconforto, que o próprio estava vivenciando. Nada disso funciona, e só piora ainda mais, pois Casas é um ator canastrão. Sim, o longa estrelado por Bullock já não era grande coisa (porém, pode ser considerada uma versão melhorada do cômico “Fim dos Tempos“, com Mark Walhberg), só que este consegue ser banal em vários aspectos (tanto que não conseguimos criar familiaridade por um personagem, só por tratar de ser uma criança ou um Pai de luto por sua filha), por ainda tentar forçar um protagonismo em uma mulher (Georgina Campbell), que está com uma menina (), cuja mãe desapareceu em meio ao caos. “Bird Box: Barcelona” é mais um spin-off vergonhoso, realizado pela Netflix, e mostra que realmente o selo está tentando tirar suco de uma fruta que já nasceu podre.
Crítica | Meus Sogros Tão Pro Crime

Engenharia do Cinema Não é novidade que as produções estampadas por Adam Sandler como produtor, são muito divertidas (“A Missy Errada“) ou muito ruins (“Time do Coração“). “Meus Sogros Tão Pro Crime” facilmente se encaixa no segundo caso, pois temos ótimos nomes como Pierce Brosnan e Ellen Barkin, em papéis onde nitidamente foram aceitos por conta do cachê (já que eles comprovaram outras vezes ter semblante cômico plausível). Prestes a se casarem nos próximos dias, o bancário Owen (Adam Devine) está bastante ansioso com as possibilidades que ele pode exercer com sua noiva Parker (Nina Dobrev). Eis que eles são surpreendidos com a vinda dos pais desta (Brosnan e Barkin), que logo acabam assaltando justamente o banco onde o genro trabalha. Imagem: Netflix (Divulgação) O roteiro da dupla Ben Zazove e Evan Turner, parece ter sido tirado de um lixo, entregue na mão do comediante Adam Levine (“Um Senhor Estagiário”) e os próprios disseram para ele “olha, faz umas piadinhas improvisadas aí, pois o público gosta de ser o seu estilo escrachado”. Porque realmente, estamos falando de um projeto que se resume nisso, durante sua metragem de quase 90 minutos. Sim, o próprio possui um tipo de humor que funciona não como protagonista, e sim como coadjuvante de apoio (como já foi de astros do nível de Robert De Niro e Bryan Cranston). E chega a ser vergonhoso vermos que em paralelo, Brosnan e Barkin estão com imensa vergonha e pouca vontade de estarem neste projeto. Não sobra uma linha de diálogo cômica para a dupla, que não seja repetir a mesma piada exaustivamente. Pior ainda, é termos a participação de atores que já mostraram ótimos em outros projetos como Michael Rooker, Richard Kind e Lauren Lapkus (a protagonista do ótimo “A Missy Errada“), em papéis forçados, sem graça e que chegam a serem vergonhosos. “Meus Sogros Tão Pro Crime” termina sendo uma comédia tão sem graça, que o único crime que vemos é o fato dela ter sido realizada para o público.
Crítica | Nimona

Engenharia do Cinema Originalmente sendo concebido pela Blue Sky Studios (divisão de animação da Fox Film), a animação “Nimona” foi cancelada pela própria Disney, após o fechamento daquele (embora 70% do projeto já estivesse pronto), em 2021. O longa foi adquirido pela Annapurna e Netflix, que encaminharam o mesmo para a DNEG Animation, com o intuito de finalizarem o projeto (naquele mesmo ano). Embora esteja sendo vendido para o público infantil, nitidamente estamos falando de uma animação que irá funcionar mais para o público adolescente/adulto, uma vez que várias temáticas abordadas pelo próprio, os primeiros não vão compreender devidamente. Originalmente sendo concebido pela Blue Sky Studios (divisão de animação da Fox Film), a animação “Nimona” foi cancelada pela própria Disney, após o fechamento daquele (embora 70% do projeto já estivesse pronto), em 2021. O longa foi adquirido pela Annapurna e Netflix, que encaminharam o mesmo para a DNEG Animation, com o intuito de finalizarem o projeto (naquele mesmo ano). Embora esteja sendo vendido para o público infantil, nitidamente estamos falando de uma animação que irá funcionar mais para o público adolescente/adulto, uma vez que várias temáticas abordadas pelo próprio, os primeiros não vão compreender devidamente. Imagem: Netflix (Divulgação) Em seu trabalho antecessor na animação “Um Espião Animal“, a dupla Nick Bruno e Troy Quane já haviam mostrado que sabem como desenvolverem histórias com dois personagens com uma personalidade diferente, além de tirarem várias situações divertidas. Aqui a dupla nitidamente soube escolher a Chloë Grace Moretz para dublar a protagonista, uma vez que a própria combina com Nimona em vários sentidos (inclusive, a sua mixagem de som é mais alta do que a dos outros personagens, com o intuito de falarem que ela é diferente dos demais). Desbocada, sem paciência e zoeira, ela é uma personagem que facilmente gostamos. Enquanto seu parceiro, Ballister Boldheart tem uma trama mais séria e tensa, uma vez que além de ter lutar para provar sua inocência, ainda vive um romance com o seu amigo e cavaleiro Ambrosius Goldenloin (dublado por Eugene Lee Yang). Diferente de outras produções, este arco funciona mais por mérito do roteiro de Robert L. Baird e Lloyd Taylor, que procura humanizar a dupla e não apenas colocar o romance por colocar. Com relação aos traços da animação, o recurso que mescla 2D tradicional com o 3D, remete e muito a outra produção da Netflix (o ótimo “Klaus”). Funcionaria melhor vendo nas telonas? Se estivesse acompanhada do recurso dos óculos 3D, acredito que seria interessante (principalmente nas cenas de ação). “Nimona” termina sendo mais uma grata surpresa na área de animações da Netflix, onde embora funcione mais para o público adulto, abre portas para uma possível nova franquia.
Crítica | Resgate 2

Engenharia do Cinema Depois do enorme sucesso que “Resgate” conquistou na Netflix, em 2020 (inclusive foi lançado em pleno cenário de lockdown, e com uma ausência de poucos lançamentos), era óbvio que a mesma iria investir em uma continuação (inclusive, a terceira parte já foi confirmada). Estrelada por Chris Hemsworth e dirigida por Sam Hargrave (que vem do universo dos dublês de ação), estamos falando de uma potencial nova franquia que remete e muito aos estilos de Rambo, Braddock e “Comando Para Matar”. E realmente, funciona. O filme tem inicio logo após o término do primeiro, com o mercenário Tyler (Hemsworth) deixado gravemente ferido, sendo posteriormente resgatado e “renascendo”. Em sua recuperação, ele recebe a visita do misterioso Alcott (Idris Elba), que lhe divulga seu novo trabalho, que envolverá o resgate de uma mãe (Sinead Phelps) e seus dois filhos, de um perigoso criminoso. Imagem: Netflix (Divulgação) Não é novidade que a onda de novos diretores de ação, que eram dublês do gênero (o que é o caso de nomes como Chad Stahelski e David Leitch) conseguem ser os melhores e mais inovadores no mesmo. Embora o material em mãos seja totalmente clichê, Hargrave procura inovar na técnica de mostrar suas cenas malucas de ação (como mostrar um arco da fuga de uma prisão, em um plano sequência com cerca de 25 minutos). E o recurso não só funciona, como prende nossa atenção. Embora este tipo de produção não foque em atuações dramáticas ou algo do gênero, é nítido que Hemsworth está muito à vontade no papel de Tyler (uma vez que o próprio havia declarado que queria focar em mais papéis nesta pegada), inclusive seu porte é condizente com o enredo. E isso funciona também, pois ele apanha, se machuca e seus desafios são bem apresentados por Hargrave (sem quebrar o suspense por cortes amadores). Remetendo e muito aos longas brucutus como “Rambo 2“, estamos falando de um enredo que não possui um tempo para descansarmos do excesso de ação que ocorre. E confesso que é nítido que o trabalho de mixagem de som e fotografia seriam melhor aproveitados em uma tela grande (o que me faz pensar que a Netflix errou, em não colocar este filme nos cinemas, primeiro), por isso a experiência fica mais divertida vendo na maior tela que você tiver em mãos. “Resgate 2” é uma verdadeira aula de como se fazer uma continuação de um longa de ação, e finca que a nova onda de diretores vindo do universo dos dublês do gênero, são para ficarmos de olho.
Crítica | Sangue e Ouro

Engenharia do Cinema Vendido como uma mistura de “Bastardos Inglórios” e “Nada de Novo no Front“, nitidamente a Netflix não precisava deste comentário, para promover “Sangue e Ouro“. Com toques de ação, humor negro e drama, esta produção alemã consegue entreter dentro do que é proposto pela plataforma. Mas já adianto de antemão, que se você busca algo nos moldes de Tarantino ou até mesmo Taika Waititi (que realizou o ótimo “Jojo Rabbit”), vai se chatear. A história gira em torno do soldado alemão Heinrich (Robert Maaser), que após desistir de exercer sua função militar, é deixado para morrer. Encontrado pela fazendeira Elsa (Marie Hacke), eles acabam descobrindo que os nazistas estão naquela região em busca de um ouro escondido por Judeus. Imagem: Netflix (Divulgação) A direção de Peter Thorwarth (que também assinou o roteiro com Stefan Barth), parece ter medo de mostrar algumas atitudes surpreendentes e pesadas, realizadas pelos soldados nazistas em relação aos seus opositores. Não existe a dose de violência mostrada como nas produções citadas, os enquadramentos sempre tentam esconder algumas coisas perturbadoras (às vezes com o intuito de esconder um detalhe, para não ter trabalho mais árduo no CGI) e os diálogos não são chocantes como deveriam. Embora há uma presença assustadora no General von Starnfeld (Alexander Scheer, em uma atuação nitidamente inspirada em Christoph Waltz, de “Bastardos Inglórios”), o enredo não consegue vender a motivação dos protagonistas vividos por Maaser e Hacke, para que nós espectadores, se preocupamos com eles. Mas, realmente não estamos falando de uma bomba, muito pelo contrário. A história consegue entreter como uma aventura simples, nada mais além disso (uma vez que também estamos falando de uma história que não é inspirada em fatos reais). “Sangue e Ouro” consegue entreter os fãs de produções sobre a Segunda Guerra, mesmo com diversos problemas técnicos.
Crítica | A Mãe

Engenharia do Cinema Não é novidade que a popstar Jennifer Lopez tem acertado na maioria das escolhas dos projetos cinematográficos, pelos quais ela vem se envolvendo. Mesmo com alguns deslizes (vide o recente “Casamento Armado”), ela sabe quais produções realmente irão entreter o público como é o caso deste “A Mãe”. Sendo gravemente afetado pela pandemia (uma vez que a produção e gravações foram adiadas inúmeras vezes), finalmente o mesmo foi disponibilizado pela Netflix em sua plataforma, entregando totalmente o que queríamos: um filme de ação descompromissado, com uma boa protagonista casca-grossa. Após sofrer um atentado em uma última missão, seguido de um fracasso iminente, uma agente (Lopez) tem de se abster da guarda de sua filha recém nascida, com o intuito dela não ser vítima ou sofrer algum perigo, por conta de sua profissão. Acompanhando de forma distante a rotina desta durante os anos, ela descobre que a mesma está correndo grave perigo por intermédio da mesma quadrilha que lhe atacou quando esta, nasceu. Então ela resolve, por conta própria, proteger a sua filha Zoe (Lucy Paez) que desconhece sua existência. Imagem: Netflix (Divulgação) Nós percebemos que a diretora Niki Caro (do live-action de “Mulan”) é totalmente limitada neste tipo de projeto, quando em meio à um arco dramático ela sabe perfeitamente como deve ser executado (com total enfase nos atores, com zero trilha sonora ao fundo), mas erra quando se trata nas cenas de ação (que são os verdadeiros focos aqui). Nitidamente os vários cortes abruptos são idealizados com o intuito de “esconder” o uso constante de dublês e CGI, em alguns momentos (como na cena onde Paez sobre na garupa da moto de Lopez). Mas como estamos falando de um filme de ação que não se leva a sério, estes descuidos não acabam prejudicando a experiência do espectador (ao contrário de outros longas do mesmo estilo, lançados pela própria Netflix). Outro fator positivo é o roteiro de Misha Green, Andrea Berloff e Peter Craig conceber a personagem de Lopez como uma verdadeira loba solitária, cujas habilidades militares são gigantes e não hesita em ensinar a sua prole como manejar uma arma, a importância da caça e como sobreviver em situações de risco (inclusive, este arco é uma das melhores coisas da produção). Mas vale ressaltar que o roteiro também não é muito exigente, e não busca realizar algo dramático ou fugir dos padrões deste tipo de enredo. Um mero exemplo é os vilões vividos por Gael García Bernal e Joseph Fiennes, que são genéricos e só conseguem ser impactantes por conta do texto ter colocado os mesmos, sob situações tensas. “A Mãe” termina sendo mais um filme de ação que consegue entreter aos fãs do gênero, abrindo o leque para uma nova possível franquia da Netflix.
Crítica | Asterix & Obelix: O Reino do Meio

Engenharia do Cinema Sendo uma das mais divertidas e consagradas franquias literárias da França, “Asterix & Obelix” sempre fizeram sucesso não apenas por lá, como ao redor do globo. Nos cinemas, o feito se repetiu na maioria das produções, porém em 2017, o ator e cineasta Guillaume Canet alegou que estava trabalhando em um reboot cinematográfico da dupla, e faria um enredo inédito (sem ter sido inspirado em absolutamente nada, nem em um material base). O mesmo foi pausado por conta da pandemia e foi retomado em 2021, “Asterix & Obelix: O Reino do Meio” foi só lançado agora nos cinemas do país e pela Netflix em vários territórios (inclusive no Brasil). Após conseguir escapar de um cenário onde a China está totalmente sendo dominada por César (Vincent Cassel), uma Imperadora (Linh-Dan Pham) acaba indo parar na aldeia dos Gauleses Asterix (Canet) e Obelix (Gilles Lellouche). Por lá, a dupla promete que irá tentar ajudá-los a bater de frente com o regime tirânico do primeiro, que ainda enfrenta uma crise conjugal com Cleópatra (Marion Cotillard). Imagem: Netflix (Divulgação) Certamente muitas pessoas que não conhecem o estilo dos personagens, vão achar que o modo escrachado que Canet obtém em sua direção e roteiro (que foi escrito em conjunto com Julien Hervé e Philippe Mechelen) é amador e mal feito. Porém, é este mesmo estilo que os personagens criados por Albert Uderzo e René Goscinny, no final dos anos 50, cujo intuito também era retratar, de forma satírica, alguns dos principais contextos históricos. E aproveitando esta deixa, o longa faz questão de brincar com as constantes e forçadas “novas roupagens” que o cinema tem feito, ao mudar personagens conhecidos para agradar um público minúsculo. Um mero exemplo é um arco onde uma romana entra na sala de César, com o intuito de falar que ele deveria se adaptar aos “novos tempos” e dar vozes às mulheres. Em resposta, ela é surpreendida pelo alto deboche de todos (uma vez que no contexto deste cenário, não iria fazer o menor sentido). É neste escopo que a produção tira suas melhores piadas. Mas como nem tudo é as mil maravilhas, um dos grandes descuidos da produção é não ter explorado ainda mais o arco de Cleópatra com César, uma vez que a caracterização de Cassel e Cotillard (que também é esposa de Canet, fora das telas) casou perfeitamente nestes personagens. Queríamos ver mais deles, mas infelizmente, ficou para uma possível próxima oportunidade. Com relação ao restante do elenco, Guillaume Canet e Gilles Lellouche (que é a cara do intérprete anterior de Obelix, Gérard Depardieu) convencem como os protagonistas (e a atmosfera cartunesca sobre eles, os deixa ainda mais divertidos), e as chinesas Julie Chen e Linh-Dan Pham literalmente ainda conseguem roubar a cena em breves momentos (uma vez que elas nitidamente entraram na brincadeira). “Asterix & Obelix: O Reino do Meio” termina sendo um divertido reboot, que por mais inferior aos dois primeiros longas em live-action dos personagens, ainda entretém dentro de sua premissa.