Morre David Johansen, vocalista do New York Dolls

David Johansen, vocalista da banda New York Dolls, ícone do glam rock, morreu nesta sexta-feira (28), aos 75 anos. A informação foi confirmada pela filha do cantor. Em 2020, ele recebeu o diagnóstico de câncer no cérebro. No começo de fevereiro, pediu ajuda aos fãs com custos do tratamento após cair e quebrar as costelas, o que piorou o seu quadro de saúde. “Essa é a pior dor que já senti em toda a minha vida. Nunca fui de pedir ajuda, mas isso é uma emergência”, escreveu ele nas redes sociais. Johansen era o único membro vivo da banda New York Dolls, que se notabilizou nos anos 1970 pela ousadia estética. Eles frequentemente subvertiam os padrões de gênero, trajando roupas consideradas femininas. Apesar de não ter tido sucesso comercial, o grupo inspirou bandas como Ramones, Blondie e Sex Pistols. Antes de a formação original se desintegrar, em 1976, deixaram dois LPs clássicos – New York Dolls (1973) e Too Much Too Soon (1974), além de hits como Looking for a Kiss. Após o fim da banda, Johansen seguiu carreira solo, frequentemente cantando músicas do New York Dolls em suas apresentações. No fim dos anos 1980, ele se reinventou e escolheu Buster Poindexter como seu novo nome artístico, apostando em um estilo que flertava com o jazz. Além da música, ele também atuou no cinema, em filmes como Os Fantasmas Contra-Atacam e Chamando Carro 54. Revival do New York Dolls Em 2004, o New York Dolls retornou com dois dos cinco integrantes originais: David Johansen e o guitarrista Sylvain Sylvain (falecido em 2021). Aliás, a nova fase rendeu três álbuns adicionais: One Day It Will Please Us to Remember Even This (2006), Cause I Sez So (2009) e Dancing Backward in High Heels (2011). Além disso, David Johansen e Sylvain Sylvain vieram ao Brasil pela primeira vez em 2008. Foi a estreia do New York Dolls no País com um show histórico no emblemático Hangar 110, em São Paulo.
Opinião | Sylvain Sylvain e o New York Dolls me moldaram como artista

Comecei a ouvir New York Dolls quando eu tinha 14 anos, em 1993. À época, estava descobrindo o punk rock e absorvendo informações numa velocidade absurda. Era tudo muito confuso, ainda mais para um roqueiro jovem que até que conseguia ser bem eclético dentro de todas as ramificações do gênero. Me lembro de uma entrevista do Johnny Rotten esculachando os Rolling Stones e aquilo me marcou, justamente porque amava os Stones tanto quanto amava os Pistols. Queria entender o porque das coisas serem assim. Posso dizer que a partir desse momento essas divisões preconceituosas, que existem dentro do gênero, começaram a me incomodar. Não à toa, meu interesse pelo New York Dolls crescia de forma incontrolável. Em todas as revistas que me deparava com alguma notinha sobre a banda, eles eram mencionados como pais do punk, protopunk, mas o que sempre vi foi uma grande banda de rock. Na verdade, enxergava a banda como uma versão punk crossdresser do Stones (Johansen sempre me lembrou o Mick Jagger). Portanto, não demorou muito para se tornar uma das minhas favoritas. Consegui gravar uma fita K7 em uma loja de discos, com a coletânea Rock n’ Roll, lançada em 1994, e ia para cima e para baixo ouvindo no meu toca fitas portátil. Não era bem um walkman, mas uma versão de baixo custo, que tocava as faixas um pouco mais rápidas quando a pilha estava forte e mais lerdas quando estavam acabando. Adorava todas as faixas, em especial a Trash, que por um acaso era de autoria do grande Sylvain Sylvain. Tempos depois me lembro de tocar ela em alguns ensaios do The Bombers. Punk rock de forma diferente Conhecer o New York Dolls me fez enxergar o punk rock de uma forma totalmente diferente. Era possível ser punk e rock ao mesmo tempo. Juntando isso com o visual andrógino adotado pela banda, o Dolls me mostrou que não existiam regras. Não existia um dress code ou cartilha para ser punk. Não era necessário ostentar um moicano ou algum outro clichê para ser punk. Em 1997, surrupiei de alguém minha primeira edição do livro Mate-me por favor, do Legs McNeil e Gillian McCain. Pirei! O New York Dolls era exatamente o que procurava em uma banda. O reconhecimento deles na comunidade musical e a postura que tiveram durante a sua primeira meteórica encarnação me encantaram. Posso dizer que me moldaram em diversos aspectos como artista (e não só pelas roupas com estampas de oncinha e guitarras semiacústicas). Passagem pelo Brasil Em 2004, a banda se reuniu. Posteriormente, em 2008, pude realizar o sonho de vê-los ao vivo, no mítico Hangar 110. Foi uma emoção indescritível ver meus heróis no mesmo palco que já havia tocado diversas vezes. O que mais me chamou a atenção foi o quão incrível era a dupla Sylvain Sylvain e David Johansen. Isso me fez perceber o quanto que perdi por só ter prestado atenção no papel do Johnny Thunders como guitarrista. Aliás, em 2006, eles já haviam lançado o incrível One day it will please us to remember even this e eu já deveria ter me ligado. Afinal de contas, mesmo desfalcado do lendário Thunders, o DNA da banda se manteve intacto. Comecei a prestar mais atenção no Sylvain, na sua carreira pós Dolls (The Criminal$ é um absurdo de tão bom), nos seus heróis musicais e acabei entendendo a importância da sua influência no material produzido pela banda. Sua postura também me agradava muito. Uma vez questionado sobre a importância do legado do New York Dolls, soltou a seguinte pérola… “Lotar arenas para mim é chamado de sucesso apenas no mundo dos negócios da música. Nós tivemos sucesso com as pessoas. Tivemos sucesso com os artistas. Sucesso com os oprimidos. Tivemos sucesso com os esquisitos. Esse sucesso dura para sempre, porque são eles que estão criando tudo”. Infelizmente Sylvain nos deixou após lutar bravamente contra um câncer por mais de dois anos e meio. Sua música e postura, no entanto, viverão para sempre. Obrigado por tudo mestre! Hoje passei o dia inteiro ouvindo sua obra e você deveria fazer o mesmo.
Sylvain Sylvain, do New York Dolls, morre aos 69 anos

13 grandes nomes do punk que se aventuraram no cinema

Ultimamente temos relembrado boas histórias do movimento punk aqui no Blog n’Roll. Além disso, também listamos mais de 30 documentários sobre o gênero divididos em diversas plataforma de streaming. Contudo, hoje apresentaremos o outro lado da moeda. Será que vocês sabem que alguns artistas e bandas consagradas na música punk já participaram de produções de audiovisual de baixo custo e até filmes de Hollywood? Confere com a gente. Henry Rollins (Black Flag) Em síntese, não podemos falar desta ligação sem citar Henry Rollins. Com participações nas bandas State of Alert e Black Flag, o artista já participou de 23 filmes. Entre eles, temos Bad Boys II (2003), Floresta Maldita (2007) e Fogo contra Fogo (1995). Em Bad Boys II, Rollins é o responsável por comandar a equipe de Will Smith e Martin Lawrence na hora de caçar os integrantes do KKK. Iggy Pop (The Stooges) Uma das maiores vozes da música, Iggy Pop também já fez algumas pontinhas na telona. Além de Sid & Nancy (1986), o vocalista também contracenou em O Corvo (1996). O líder do The Stooges também fez pontas em dois filmes de Johnny Depp: Cry Baby (1990) e Homem Morto (1995). Billie Joe Armstrong (Green Day) Certamente, um dos queridinhos dos fãs, Billie Joe Armstrong participou de boas produções no cinema. É o caso do filme Mundo Ordinário (2016), onde ele vive um pai de família revivendo seu passado quando era vocalista de uma banda punk. Joe Strummer (The Clash) Ademais, o vocalista do The Clash, Joe Strummer, também usou parte de seu tempo para se aprofundar no mundo do cinema. Aliás, Strummer na maioria das vezes participou de produções independentes, como A Caminho do Inferno (1986) e Candy Mountain (1987). O vocalista também faz uma rápida aparição no longa O Rei da Comédia (1983), do diretor Martin Scorsese, que serviu de inspiração para Coringa (2019). Aqui, inclusive, com o companheiro Mick Jones. Tim Armstrong (Rancid) O Rancid também está representado na lista com Tim Armstrong. Em resumo, o músico contracenou em Larry is Dead (1995) e Maldito Coração (2004). Também fez ponta em um episódio de Arquivo X. Cherie Currie (The Runaways) A vocalista da banda The Runaways apresentou seus talentos de interpretação em O Parasita (1982) e No Limite da Realidade (1983). Todavia, é importante lembrar que a artista deve lançar um novo disco em breve, cheio de parcerias. Blink-182 Além de estar presente na trilha sonora de American Pie (1999), com Mutt, o Blink-182 aparece com todos os seus membros em parte do filme. A banda também marcou presença em um episódio da série Two Guys And A Girl (1998 a 2001), que tinha Ryan Reynolds novinho no elenco. Misfits De fato, outra banda punk que participou com todo o seu conjunto em filmes foi o Misfits. O grupo aparece nos suspenses A Máscara do Terror (2000) e Campfire Stories (2001). David Johansen (New York Dolls) O vocalista do New York Dolls, David Johansen, também se testou em frente as câmeras no clássico do terror trash Contos da Escuridão (1990). Aliás, é importante destacar a semelhança absurda entre o vocalista e o ator William H. Macy. The Offspring e Tom DeLonge (Blink-182 e Angels and Airwaves) Em peso, o The Offspring fez uma participação no longa A Mão Assassina (1999). Contudo, Tom DeLonge, do Blink-182, também tem o seu momento na produção. Vale conferir. Jello Biafra (Dead Kennedys) Jello Biafra já foi de tudo nessa vida. Político, dono de gravadora, músico, compositor, mas também atuou bastante em filmes. Entre ficções, documentários e curtas são quase 30 créditos. Highway 61 foi um deles. Debbie Harry (Blondie) A vocalista do Blondie é insuperável. Se somarmos as participações em séries de TV, filmes e games, são quase 100 aparições. Fez a voz de Dolores em Grand Theft Auto: Vice City e atuou como Cassandra em Sabrina, Aprendiz de Feiticeira. No cinema, foram várias atuações. Inclui nessa conta Cop Land (1997), Ruas Selvagens (2002) e Para Sempre Lulu (1987). Ramones Com aparições em Simpsons e outras produções, o Ramones fez o próprio filme. Rock and Roll High School é a prova mais viva que tem da banda nos cinemas.
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