Domingo do C6 Fest tem show impecável de Nile Rodgers e comoção com Wilco

O C6 Fest encerrou, no domingo (25), sua edição de 2025 com mais uma curadoria inspirada, equilibrando com inteligência artistas consagrados e nomes que vêm despontando na cena internacional — seja conquistando público em festivais europeus, seja chamando a atenção da crítica especializada. Teve a estreia energética do English Teacher, a performance vibrante do The Last Dinner Party, o show consagrado do Wilco e a celebração da lenda Nile Rodgers, que fechou a noite em clima de festa. Donos de um dos discos mais comentados de 2024 (This Could Be Texas), o English Teacher estreou em solo brasileiro já consagrado como vencedor do Mercury Prize — um dos prêmios musicais mais prestigiados do Reino Unido, concedido anualmente ao melhor álbum lançado por um artista britânico ou irlandês. Mas mesmo quem não está muito antenado aos acontecimentos do mercado musical pôde testemunhar os motivos que fizeram a banda ser reconhecida com tal honraria. Pontualmente às 14h de um domingo ensolarado, o grupo, conduzido principalmente por sua vocalista Lily Fontaine, mostrou estar pronto para uma carreira de fôlego — mesmo com apenas um álbum lançado. Lily é certamente o destaque, trazendo vocais firmes e fraseados do post-punk contemporâneo, mas intercalando com momentos suaves, sustentando notas agudas e entregando sutileza com controle — criando uma dicotomia entre o selvagem e o belo. Uma pequena amostra desse equilíbrio apareceu em The World’s Biggest Paving Slab, música em que a banda convidou uma fã da plateia para tocar guitarra no palco. Um gesto simples, mas revelador da segurança e da maturidade precoce que os ingleses demonstram em seus shows. Além da técnica e da qualidade na execução ao vivo, o grupo se mostra à vontade para explorar o palco, interagir com o público e se entregar totalmente — como fizeram na música de encerramento da apresentação, Albert Road. Na sequência, o mesmo palco que recebeu o English Teacher foi ocupado por outra banda internacional aclamada pela crítica musical. O The Last Dinner Party já contava com uma jovem base de seguidores apaixonados na plateia — e certamente saiu do festival com ainda mais fãs. Todas as músicas foram entoadas em coro, sinal de que o grupo, formado por cinco mulheres e acompanhado por um baterista de apoio, já conquistou o público brasileiro. O som da banda transita com naturalidade entre o pop barroco e o indie rock, com uma sutileza que encanta. A vocalista Abigail Morris não apenas canta — ela performa: dança, interpreta, encena suas músicas com intensidade e carisma, cativando quem estava por ali desde os primeiros minutos. Mas a ode teatral do grupo não se resume a Abigail. O próprio palco é cuidadosamente adornado para criar um cenário em que todas as integrantes brilham em suas posições. Outro destaque é a guitarrista Emily Roberts — mais tímida nas interações com o público, mas efusiva em sua técnica, preenchendo as canções do grupo com solos de indie rock notáveis. Visivelmente emocionadas e felizes com a recepção brasileira, o The Last Dinner Party prometeu voltar — e, quem sabe, com um palco maior e mais tempo para explorar suas apresentações. Um dos maiores nomes do festival, o Wilco, entrou para encerrar os trabalhos da Tenda Metlife. Assim como o Pavement, que esteve nesse mesmo palco em 2024, a banda liderada por Jeff Tweedy carrega décadas de fidelidade de um público fã da cena mais alternativa. O grupo norte americano é reconhecidamente um dos maiores nomes de sua geração do rock alternativo, seguindo firme com lançamentos notáveis mesmo após o auge representado pelo elogiado Yankee Hotel Foxtrot. Ainda que tenha passado recentemente pelo pelo Brasil, a vinda do Wilco para o país é sempre valorizada, pois o conjunto preza pela qualidade sonora e por alterar sutilmente seus setlists, proporcionando surpresas para os aficionados pela discografia do sexteto de Chicago. Company in My Back, do disco A Ghost Is Born (que ganhou uma reedição de 20 anos em 2024), foi a escolhida para iniciar os trabalhos em São Paulo. Com a destreza característica, o Wilco passeou por outros álbuns de sua discografia de 13 discos (fora EPs), sem esquecer de seu último trabalho, Cousin, de 2023. O público apaixonado pela banda cantou até mesmo as frases e solos de guitarra do grupo, levando Jeff a dizer que estava emocionado com a participação dos brasileiros. Em Impossible Germany (de Sky Blue Sky – 2007), o guitarrista Nels Cline brilhou com um solo memorável (e longo), amplamente aclamado. Outra canção performada já na noite de domingo, Via Chicago (de Summerteeth, 1999), talvez seja uma música-chave para entender o som do Wilco: uma melodia suave, quase folk, com a voz de Jeff Tweedy bem contida, cantando versos introspectivos, acompanhada por um instrumental leve — até que uma cacofonia de sons, distorção e caos toma conta da música, enquanto Tweedy permanece em sua calma. Essa alternância — entre delicadeza e ruído — sintetiza bem o tipo de tensão emocional e artística que o Wilco cultiva há décadas: músicas que parecem simples à primeira escuta, mas que revelam camadas profundas de construção sonora e sentimento a cada nova audição. Ao fim, a formação americana deixou o palco sob aplausos entusiasmados e gritos de “Wilco! Wilco!”, reafirmando sua relevância como um dos pilares da cena alternativa que moldou. Ficou a cargo de Nile Rodgers promover a festa de encerramento do C6 Fest 2025. Lenda viva da música, o artista é responsável por alguns dos maiores sucessos da história do pop e do funk. Embora seu nome possa não ser imediatamente reconhecido por todos, é difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido uma de suas criações — ou que não tenha sido, direta ou indiretamente, impactado por seu trabalho como hitmaker. Além de ser um exímio guitarrista — um verdadeiro pilar do instrumento no funk americano — Rodgers compôs e produziu para nomes como Diana Ross, David Bowie, Duran Duran, Beyoncé, entre tantos outros. Com um arsenal de sucessos, como Get Lucky (famosa na interpretação do Daft Punk), ficou fácil para o

Pretenders e Air se destacam em sábado com nostalgia e novidades no C6 Fest

Se consolidando como um dos principais festivais do país, o C6 Fest voltou em sua edição de 2025 repetindo a configuração de 2024: dois dias de festival no auditório do Ibirapuera, com apresentações de jazz e shows intimistas (nos dias 22 e 23 de maio), e os shows em palcos ao ar livre no sábado (24) e domingo (25). No sábado (24), que já começou com ingressos esgotados, o C6 Fest mostrou mais uma vez sua versatilidade, sem abrir mão da relevância artística de suas atrações. Trouxe nomes consagrados como Air e The Pretenders, ao lado de artistas em ascensão como Perfume Genius e Beach Weather. Inaugurando a Arena Heineken nesta edição, a banda Beach Weather subiu ao palco diante de uma plateia majoritariamente jovem. Os americanos, que misturam pop-rock com influências do rock alternativo dos anos 2000 (como The Strokes), não pareciam nem um pouco incomodados em tocar nas primeiras horas da tarde de sábado. Liderados pelo vocalista Nick Santino, o grupo encontrou no seu público cativo a energia necessária para atrair os curiosos que chegavam ao festival. Donos do hit Sex, Drugs, Etc., o Beach Weather se encaixa bem naquela categoria de bandas que conquistam principalmente as novas gerações de frequentadores de festivais. Apoiado por seus fãs engajados, o grupo abriu bem a tarde para esse público, que ainda teria Stephen Sanchez na sequência. Do outro lado do festival, na Tenda Metlife, Mike Hadreas se apresentava sob a alcunha de Perfume Genius. Dono do elogiado álbum Glory (2025), o cantor mostrou que já tem um público fiel no Brasil — que cantou junto até mesmo as faixas mais recentes de sua discografia. Embora esteja há mais de uma década na estrada, é principalmente nos últimos anos que o trabalho de Hadreas vem ganhando mais reconhecimento, tanto pela qualidade de suas composições quanto por sua relevância na cena queer musical contemporânea. No palco, Perfume Genius apresenta seu pop experimental (talvez o termo mais adequado, diante da dificuldade em rotular seu som), por meio de uma performance física marcante: ele rasteja pelo chão, se envolve nos fios do microfone e usa cadeiras como extensão de seu corpo — como se traduzisse em gestos toda a carga emocional de cada música. Outro ponto alto é sua banda afiada, que sabe ser contida nos momentos de delicadeza, mas explode com técnica admirável quando as canções exigem força. Um destaque especial é a guitarrista Meg Duffy, brilhante na criação de texturas complexas e sofisticadas, que enriquecem ainda mais o som do artista. Com a chegada da noite, foi a vez da consagrada banda The Pretenders subir ao palco da Arena Heineken. Um público mais maduro e nostálgico se reuniu para vê-los, mas a banda deixou claro que não vive apenas de lembranças — sua relevância permanece viva. Enquanto os clássicos soam impecáveis na voz de Chrissie Hynde, faixas mais recentes como Let the Sun Come In e Junkie Walk chamaram a atenção de quem ainda não explorou os últimos álbuns, Hate for Sale (2020) e Relentless (2023). Mesmo que esses discos nem sempre figurem nas (por vezes duvidosas) listas de melhores do ano, fica evidente que os Pretenders continuam entregando música de alta qualidade. É claro que os grandes sucessos não ficaram de fora. I’ll Stand by You e Don’t Get Me Wrong foram executadas com precisão por uma banda segura e entrosada, liderada com carisma por Chrissie. A cantora tem uma aura própria — transmite segurança e vitalidade sem precisar recorrer a excessos. Sua entrega é natural, mas poderosa, e ainda inspira contemporâneos como Dave Grohl, fã declarado que já a convidou para dividir o palco com os Foo Fighters. Além de sua imponência musical, Chrissie ainda demonstrou carinho pelo público brasileiro e elogiou São Paulo. No fim, os veteranos se reconectaram com os clássicos que amam, enquanto os mais jovens testemunharam um raro exemplo de longevidade e relevância artística em ação. Para fechar a noite, a banda francesa Air reanimou o clássico Moon Safari e proporcionou ao público a sensação de uma viagem espacial, por meio de ritmos, batidas e imagens transcendentais — suficientes para que quem se conectou à apresentação experimentasse uma travessia cósmica guiada pelo disco de 1998. Tocado na íntegra e na ordem original, o show trouxe um curioso clima de ficção científica ao cenário natural de árvores e lagos do Parque Ibirapuera. As projeções nos telões e na fachada do auditório complementaram a experiência, tornando-a difícil de descrever — uma rara oportunidade de se conectar, ao mesmo tempo, com a música do disco original e com o ambiente inexplicável que se formou naquela noite de sábado. Após tocar a obra completa, o Air ainda apresentou faixas de outros álbuns, oferecendo mais amostras de seu som eletrônico, atmosférico e sofisticado. O encerramento ficou por conta da épica Don’t Be Light, que soou como um convite para explorar além de Moon Safari. O primeiro dia do fim de semana do C6 Fest confirmou que a curadoria do festival continua afiada. Mesmo competindo com outros eventos consagrados, a organização consegue reunir nomes ecléticos, que dialogam com diferentes públicos, mas que se destacam por sua consistência e relevância nas cenas das quais fazem parte. Há artistas em ascensão, que começam a conquistar espaço no mercado e já acumulam prêmios e elogios da crítica especializada. E há também as atrações clássicas — que talvez não estejam entre as mais populares do momento, mas seguem mantendo a excelência em seus shows e lançamentos.

Porão do Rock 2025 mostra que Brasília ainda é a capital do Rock

O Porão do Rock de 2025 está oficialmente encerrado. O evento mesclou dezenas de artistas locais, nacionais e internacionais nesta sexta e sábado (23 e 24 de maio) no estacionamento da Arena BRB Mané Garrincha. Mantendo Gustavo Sá, idealizador do Porão, o festival ganhou Ivan Hauer e Bruno Barra, da agência Flap, como novos sócios. “Foram dois dias circulando esse festival inteiro. Apesar de já ter passado dos 50 anos, a sensação é de dever cumprido”, confessa Sá nos bastidores. Assim que o Porão do Rock foi anunciado, a expectativa principal ficava na conta dos shows de Stone Temple Pilots, pela primeira vez em Brasília, e do Sepultura em seu último festival agendado no Brasil. A banda se apresentou pela primeira vez no evento em 2002, justamente no dia que ganhamos o pentacampeonato com Ronaldo e companhia. Três Palcos e apoio ao underground A logística do Festival colocou os dois palcos principais (BB Seguros e Eisenbahn) muito próximos, facilitando o deslocamento para não perder nenhum acorde. A área ainda contava com uma pista de skate que resgatou a união do esporte com o rock e ainda permitiu que os praticantes tivessem direito a meia entrada. Do Palco Eisenbahn a curadoria do Festival teve grandes acertos. Começando pelas argentinas do Fin Del Mundo, primeira banda a subir neste palco, com seu indie rock melancólico. Desta tônica saíram também Terno Rei, lançando seu novo álbum “Nenhuma Estrela”. Inclusive, a banda abriu o show com “Próxima Parada”, um dos singles deste trabalho. Outro destaque ficou por conta do Menores Atos, a primeira banda do sábado e que foi a responsável por trazer as pessoas mais cedo ao festival. Já a Trampa foi a maior surpresa. Com um som marcado por influências do Rage Against The Machine e muito protesto político, o show teve uma super produção nos telões, algo que não foi visto nem pelas bandas internacionais. Agora nem Sepultura e Dead Fish superaram a dobradinha de palco de Raimundos e Little Quail and The Mad Birdies. As duas bandas de Brasília levaram os mais velhos de volta aos anos 90. Liderada por Gabriel Thomaz, a banda tocou o hit “Aquela” logo no início. A canção foi regravada justamente pelos Raimundos em seu último álbum com Rodolfo (Só no Forevis – 1999). O setlist também contou com o hardcore “1,2,3,4” e o blues bem humorado “Essa Menina” que liderou o Disk Mtv. Mais atrás, o palco Sesc reuniu bandas do underground e os vencedores das seletivas com bandas de todas as regiões do Brasil. Destaques para o hardcore do DFC e Pense, além da estreia da nova banda da Deck Disk, a Swave que reúne membros de bandas como Sugar Kane, Supercombo, Ego Kill Talent e Far From Alaska. O local ainda contava com um camarote que funcionava também como uma pista premium ao lado esquerdo do palco principal. Os 10 melhores momentos do Porão do Rock Escolher o melhor show sempre acaba sendo polêmico e uma opinião muito pessoal. Uma banda do underground como a Trampa, por exemplo, fez um show impecável e com produção de telão digna de headliner. Ainda tivemos grandes shows como Menores Atos, Terno Rei, Swave e as argentinas do Fin Del Mundo. Por isso, preferi focar nos melhores momentos do festival, que relato abaixo: 10. Bayside Kings e o Caos de Moshes e Stage Dives (Palco Sesc) Pela primeira vez no line up do festival, o Bayside Kings causou uma boa impressão e mostrou que pode ganhar mais vagas nos principais festivais do país. Milton Aguiar, vocalista, é um frontman que sabe comandar o público regendo moshes e stage dives como se fosse um maestro. A partir do momento que o primeiro espectador pula do palco, o caos está instalado. Banda e público viram um organismo só funcionando em plena sinergia. 09. CPM22 e a Nostalgia do coral em Não Sei Viver Sem Ter Você (Palco BB Seguros) Desde o ano passado rodando com a turnê do novo álbum Enfrente, o CPM22 mostra que marcou toda uma geração com seus principais hits sendo cantados em coro. A parada programada de “Não sei viver sem ter você” transformou o festival em um verdadeiro coral cantando o principal hit do álbum Chegou a Hora de Recomeçar (2002). 08. Velvet Chains com Presença de Palco e Cover de Elvis Presley (Palco BB Seguros) O Velvet Chains, de Las Vegas (EUA), foi o responsável por fechar o primeiro dia de festival no palco principal. Misturando Hard Rock, Post Grunge e Metal, a banda funciona como uma divertida fusão de Avenged Sevenfold com Creed. A presença de palco de todos os integrantes é um show à parte, com todos eles utilizando todo o espaço do palco, bem como a passarela frontal. Logo de cara, o guitarrista Von Boldt já desceu do palco e tocou a primeira música inteira nas grades que separam o palco da platéia. O cover de Suspicious Minds de Elvis Presley, presente no último EP da banda “Last Rites”, lançado em abril, foi um deleite a todos que ficaram para prestigiar. 07. O Último Festival do Sepultura no Brasil (Palco BB Seguros) São 23 anos de relação e sinergia do Porão do Rock com o Sepultura então, nada mais natural do que ser o último festival agendado pela banda no Brasil em sua turnê de despedida. E o maior representante do metal brasileiro não decepcionou, provando que boa parte do público foi para assisti-los. A reta final com hits como Chaos A.D., Ratamahata e Roots Bloody Roots, com a bandeira brasileira no telão, já deixou um gosto de saudade no ar. 06. Raimundos jogando em casa com Mosh Verde (Palco BB Seguros) Celebrando seus 30 anos de carreira, o Raimundos fez seu primeiro show após o lançamento do álbum “XXX”. A banda foi a primeira a se apresentar no palco principal e responsável por trazer o público mais cedo ao festival. Havia uma expectativa pelo encontro de diferentes ideologias diferentes, com públicos de Black Pantera e Dead Fish

ARVO: Diversidade, representatividade e muita música em Floripa

Liniker

O número de festivais de música no Brasil vem crescendo, ano passado foram mais de 300 e esse ano deve seguir a mesma linha. Até o momento já são mais de 100 confirmados e um deles é o ARVO, que rolou no último fim de semana em Florianópolis.  Música, arte, feirinha de variedades, muita gente de idades diversas, lookinhos mega produzidos e várias atividades rolando ao mesmo tempo. Tudo isso é comum em festivais, mas o ARVO tem uma proposta diferenciada. O festival nasceu com o intuito de questionar o consumo de arte, entretenimento e sustentabilidade no Sul do Brasil e, desde a primeira edição, em 2018, tem a proposta de reduzir os resíduos gerados e garantir a representatividade de gêneros, etnias, regionalidades, etc. Fechar a primeira noite com a apresentação de uma mulher preta e travesti é uma delas!  Super aguardado no primeiro dia de festival, o show da Liniker foi impecável, superando até mesmo a apresentação da própria cantora na edição do ano passado. A sintonia entre todos os músicos no palco é contagiante e demonstra a maturidade artística da nossa vencedora do Grammy. O show faz parte da turnê do álbum Caju, lançado em agosto de 2024.  Ainda no início da tarde de quinta-feira (1), o público se emocionou com a rainha do samba. Diva absoluta, Alcione marcou presença e mostrou porque é uma das maiores vozes da música brasileira. Em seguida, a galera mais indie curtiu a apresentação da Ana Frango Elétrico. Com seu estilo único, misturando pop, rock e eletrônico, encantou os fãs presentes. Além dos dois palcos principais, armados um ao lado do outro, facilitando a dinâmica das apresentações, o Festival também contou com duas tendas. Na de samba o som começava mais cedo, e na de música eletrônica, o rolê ia até mais tarde, pra quem curte estender a noite. Para as crianças, uma área kids prometia diversão com brinquedos e até uma mini Kombi estilo trenzinho circulava pelo local com os pequenos. Entre os pontos diferenciais do Fest, vale citar a praça de alimentação com 70% das opções vegetarianas, além de uma feirinha sustentável, com venda de cosméticos naturais, tecidos reciclados e até frutas orgânicas a preços acessíveis como opção. A água também foi distribuída gratuitamente, como nas edições anteriores.  Diretamente de Pernambuco, a banda Os Garotin animou bastante o público, que cantou junto várias de suas músicas, que misturam forró, samba, pop, rock e outros ritmos nordestinos. Destaque também pra Fat Family, que trouxe nostalgia cantando Tim Maia, fazendo geral lembrar das dancinhas dos velhos tempos.  Sem dúvida a diversidade é um dos pontos altos do Arvo. O festival reune diversos estilos e gêneros musicais, permitindo ao público se surpreender com novidades ao mesmo tempo em que desfruta daquilo que já gosta. Assim, BK fez um showzão pra uma platéia atenta! Um dos principais nomes do rap brasileiro atualmente, mandou nas letras afiadas e no visual pesadão! Depois, aquela reggaera clássica do Ponto de Equilíbrio também foi um dos momentos marcantes. Exaltando a erva santa e a mãe natureza, a banda contou com a participação da Nega no vocal, ao lado de Hélio Bentes, jogando a energia lá pra cima.  Segundo dia do ARVO manteve pegada forte Já no sábado, antes do sol se pôr, um dos shows mais aguardados: o “maioral”, eterno rei do samba, Zeca Pagodinho revelou todo seu carisma, cantando, brincando, conversando bastante com o público, bebendo sua cervejinha de sempre e até umas tacinhas de vinho durante a apresentação.  Falando em drinks, Sandra Sá entrou no palco com uma taça de champagne e apresentou vários clássicos de sua carreira, como Retratos e Canções e Bye Bye Tristeza. Entre os discursos que fez, lembrou sua luta antiracista e as vezes que foi criticada por exaltar a música negra: “MPB, Música PRETA Brasileira”, gritou.  Reforçando a representatividade regional, Tião Carvalho, do Maranhão, foi uma linda surpresa para o público, trazendo um pouco da rica cultura musical do Nordeste para o palco. Uma apresentação potente, com destaque pra música Nós, uma de suas composições mais famosas, imortalizada na voz de Cássia Eller. Vale ressaltar que o evento leva o selo Woman Music Event, com 53% de artistas femininas nos palcos, além da representatividade LGBTQIAP+ e da postura contra o assédio, por meio de informes constantes nos palcos e de espaço de acolhimento disponível para quem sentisse algum desconforto ou situação desse tipo. #nãoénão Entre as cantoras, Joyce Alane, Iara Ferreira, Ju Linhares, Juliana D Passos e a maravilhosa Marina Sena, encantando a todos com sua voz doce e letras sinceras. Exclusive e os Cabides, Dazaranha, Yago Opropio, O Rosa e Mano Brown completam o line. Esse último, fechando a noite em grande estilo, mandando aquele papo reto que só ele pode sobre temas importantes da vida urbana.  Mais uma vez, o ARVO foi uma experiência incrível, ainda mais com o sol que brilhou na Ilha da Magia durante todo o fim de semana. Uma verdadeira celebração da música brasileira!

Simple Minds encanta com nostalgia em show mergulhado nos anos 1980

Redescoberta pelas novas gerações com os superhits oitentistas Don’t You (Forget About Me) e Alive and Kicking, a banda escocesa Simple Minds voltou ao Brasil após 12 anos para um show único no Espaço Unimed, em São Paulo, no último domingo (4). Com a casa cheia, mas não lotada, Jim Kerr, Charlie Burchill e companhia brindaram o público com um set de 1h40 de duração, 17 músicas e com um foco maior no auge do grupo (1982 – 1995). Apenas duas faixas foram da fase seguinte, mas sem nenhuma inclusão do álbum mais recente, Direction of the Heart (2022). Estranhamente a primeira parte do show teve uma recepção morna do público, contrastando com a imagem que os artistas têm dos fãs brasileiros. Nas primeiras seis músicas, nada de muita euforia. Aos 65 anos, Jim Kerr não reduziu sua intensidade no palco. Dança, anda de um lado para o outro, mexe com o público o tempo todo. É o grande líder, apesar do guitarrista original, Charlie Burchill, também arrancar muitos aplausos. Mas a virada de chave do público começou com She’s a River, com a backing vocal Sarah Brown soltando o vozeirão, enquanto a baterista Cherisse Osei emendou um solo de bateria que arrancou aplausos e gritos dos fãs. Com o palco pavimentado, as coisas ficaram mais fáceis para Jim Kerr brilhar ainda mais. See the Lights e Once Upon a Time vieram em sequência, garantindo um retorno mais efusivo dos fãs. Mergulhando de cabeça no maior sucesso da carreira, o álbum Once Upon a Time (o único a alcançar um top 10 fora do Reino Unido), de 1985, o Simple Minds não tirou mais o pé do acelerador. Acabava uma música e engatava outra: I Wish You Were Here, All the Things She Said, Don’t You (Forget About Me) e Ghost Dancing. Dessa sequência arrebatadora, a única que não pertence ao discão dos escoceses é o super hit Don’t You (Forget About Me), que tem uma história curiosa na trajetória da banda. Composta pelo produtor musical Keith Forsey e o guitarrista Steve Schiff para o filme Clube dos Cinco (1985), a música foi oferecida para diversos artistas, mas todos recusaram. Os artistas a consideraram bobinha demais ou não tinham tempo para investir nela, caso de Bryan Ferry, do Roxy Music. O próprio Jim Kerr chegou a declarar que não estava interessado em uma composição sobre adolescentes norte-americanos. Felizmente, sua esposa na época, Chrissie Hynde, vocalista do The Pretenders, o convenceu de gravar a canção. O sucesso foi imediato! Don’t You (Forget About Me) entrou no início e fim do filme de John Hughes. O Simple Minds deixou de ser uma banda queridinha apenas no Reino Unido e se tornou um fenômeno mundial, incluindo anos depois o Brasil em sua rota pela primeira vez, quando se apresentou no Hollywood Rock 1988. A banda conseguiu aproveitar o hype até meados dos anos 1990, quando passou a perder força em meio ao surgimento de uma nova era do britpop, com nomes como Oasis, Blur, Pulp, entre outros. Mas a curiosidade é que a banda nunca encerrou as atividades. Fez algumas pausas curtas sem turnês, mas se manteve ativa. O sumiço não foi algo notado apenas por brasileiros. Em entrevista ao The Independent, em 2023, Jim Kerr falou sobre esse “isolamento não forçado”. “As pessoas me perguntavam: ‘a banda ainda está na ativa? Você ainda está na banda?’”. No entanto, as coisas mudaram após a pandemia. No ano passado, eles deram início à maior turnê desde os anos 1980, com shows esgotados na Inglaterra, Escócia, Estados Unidos, Canadá, além da participação em festivais até chegar à América do Sul. Voltando para o show em São Paulo, mais nostalgia na reta final. O Simple Minds incluiu mais três canções de Once Upon a Time: Ghost Dancing, que foi a deixa para o público pedir bis, o outro superhit Alive and Kicking, além de Sanctify Yourself, fechando o show. Confira setlist Waterfront The Signal and the Noise Speed Your Love to Me Big Sleep Hypnotised This Fear of Gods She’s a River (Drum solo) See the Lights Once Upon a Time I Wish You Were Here All the Things She Said Don’t You (Forget About Me) Ghost Dancing BIS Dolphins Someone Somewhere in Summertime Alive and Kicking Sanctify Yourself

Último show de Gilberto Gil em São Paulo tem encontro emocionante com a filha

Em tempos de setlists decorados e repetitivos, o fator surpresa sempre garante um momento único e especial para artistas e público. Se a surpresa emociona, o resultado é ainda maior. Dificilmente choro durante um show, mas o encontro de Gilberto Gil com a filha, Preta Gil, no Allianz Parque, na noite do último sábado (26), foi memorável, genuíno e, imediatamente, a emoção tomou conta de mim e boa parte do público. A escolha da música também não poderia ser mais acertada, Drão, que foi feita para a mãe de Preta, Sandra Gadelha, logo após a separação dos dois.  Preta entrou amparada por uma das irmãs, Nara Gil, que também é backing vocal do pai. Visivelmente emocionada, logo foi aclamada pelo público, que bradou forte: “Preta! Preta! Preta!”. A demonstração de carinho também mexeu bastante com Gilberto Gil. O icônico artista, de 82 anos, precisou secar as lágrimas após a saída da filha. Preta Gil estava internada desde o dia 1º de abril no Hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, e foi transferida para o Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde recebeu alta no último dia 16. Recentemente, Gilberto Gil disse que a ida de Preta para os EUA para fazer o tratamento experimental não está definida. Ver essa foto no Instagram Uma publicação compartilhada por Gilberto Gil – Última Turnê (@giltemporei) Além de Preta, Gil também recebeu Nando Reis, que cantou A Gente Precisa Ver o Luar. As participações especiais na turnê Tempo Rei são frequentes. Até o momento, Arnaldo Antunes, Flor Gil, Sandy, MC Hariel, Liniker, Anitta, Russo Passapusso, Margareth Menezes, entre outros. Mas, além do momento emocionante com Preta e a participação de Nando Reis, Gil encanta com a disposição. Não dá sinais algum de sentir o tal “peso da idade”. Longe disso! Ele dança, canta, emociona, brinca com o público. Tem disposição que muito artista novo não tem. Felizmente, nos últimos 30 anos, consegui acompanhar muito da carreira de Gil. Dos shows no ginásio do Sesc Santos à visita na casa dele, em pleno o Carnaval de Salvador, quando ele recebeu uma comitiva com jovens do Instituto Arte no Dique, de Santos, da qual fiz parte. Gil também veio ao instituto, que desenvolve um trabalho impecável em uma das maiores favelas sobre palafitas do Brasil, além de ter participado da maior ação social do Blog n’ Roll, o Juntos Pela Vila Gilda, quando gravou dois sons durante a pandemia da covid. Diante disso, assistir Gil em cena, tão motivado e enérgico, traz lembranças afetivas. Aprender sobre Gil começou em casa, com meus pais, mas tive uma “pós-graduação” com José Virgílio, presidente do Arte no Dique e amigo desse gigante artista e melhor ministro da Cultura que o Brasil já teve. O cancioneiro imenso dele está quase todo presente na apresentação. Durante 2h30 de show, Gil passeou por quase todos os álbuns do período 1965 até 1984. E a apresentação não perde força em nenhum momento. Começa com Palco, Banda Um e Tempo Rei, tem um recheio com Refazenda e Refavela, finalizando com Aquele Abraço, Esperando na Janela e Toda Menina Baiana. Dentre os momentos de destaque da apresentação também estão Cálice, clássico anticensura de Gil e Chico Buarque, que veio acompanhado de um vídeo explicativo (necessário nos dias atuais) do coautor da canção. Durante a exibição do vídeo, o público bradou: “sem anistia!”. Hinos como Esotérico, Expresso 2222, Se Eu Quiser Falar com Deus e Punk da Periferia também mexeram bastante com os fãs, que cantaram a plenos pulmões cada estrofe dessas faixas. Se é uma despedida de fato, como foi anunciado antes da tour começar, só o tempo dirá. Mas o tempo caminha junto com Gil e isso fica evidente do início ao fim. Não será estranho se uma continuação nos palcos for confirmada. Gil ainda está muito firme, forte e atual. Mas enquanto não temos essa confirmação, vale se programar. A turnê Tempo Rei tem mais 11 datas até o fim do ano, passando por Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Belém, Porto Alegre, Fortaleza e Recife. Confira as datas e compre os ingressos aqui. Reparação histórica Sei que pode soar repetitivo isso, mas o trabalho que a 30e vem desenvolvendo com os artistas nacionais é de tirar o chapéu. A produtora simplesmente está por trás de quase todas as grandes turnês nacionais por estádios. Dessa forma, ForFun, Natiruts, NX Zero, Ney Matogrosso, Jão, Gilberto Gil e Titãs puderam se apresentar nos principais palcos do Brasil, algo que parecia restrito aos artistas internacionais nas últimas décadas. Quando poderíamos imaginar assistir QUATRO shows esgotados de Gil no Allianz Parque, o melhor palco do Brasil? São praticamente 200 mil pessoas somente na Capital. Titãs e Natiruts também com sequências grandes. Esperamos poder ter mais turnês incríveis com essa estrutura de show internacional por aqui. Artistas em potencial temos de sobra: Chico Buarque, Jorge Ben Jor, Skank (retorno?), Barão Vermelho (com Frejat?), Los Hermanos, entre muitos outros.

Com álbum novo no forno, Kaleo testa novos singles para público apaixonado em São Paulo

O lineup do Lollapalooza é, provavelmente, uma das coisas mais detonadas pelos fãs de músicas anualmente. É muito comum ver pessoas reclamando da quantidade de artistas desconhecidos ou “irrelevantes”. E os comentários costumam partir justamente daqueles que reclamam que não tem renovação na música. A banda islandesa Kaleo já foi uma dessas vítimas, quando tocou no festival em 2018. Agora, sete anos após sua estreia no Brasil, Jökull Júlíusson, o JJ, e sua banda extremamente técnica, retornaram ao país para dois shows da Payback Tour, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Na capital paulista, o local escolhido foi a Audio, que recebeu um ótimo público, principalmente para uma terça pós feriadão e com frio na rua. A base do repertório foi o álbum A/B, que reúne os principais hits da banda, e teve dez canções incluídas no setlist. Mas o Kaleo aproveitou a oportunidade para testar quatro canções do novo álbum, Mixed Emotions, que será lançado em 9 de maio. Backdoor, Lonely Cowboy, USA Today e Rock ‘n’ Roller, por sinal, foram muito bem recebidas. USA Today abriu o show e conquistou o público logo de cara, que já tinha a letra na ponta da língua. Aliás, por falar em sing along, o Kaleo consegue essa proeza em 16 das 17 músicas do show. É o público cantando tão alto que muitas vezes não dava nem para ouvir JJ direito. A única exceção foi Vor í Vaglaskógi, toda cantada em islandês, que deixou os fãs em um momento de contemplação apenas. Variando em um blues rock com um indie folk, o Kaleo construiu uma boa base de fãs no Brasil, principalmente por sua participação no Lollapalooza e o super hit Way Down We Go, com mais de um bilhão de streams só no Spotify.  Mas é inegável que o repertório se sustenta de uma forma impecável, sem a dependência do hit para ter um grande show. Os músicos interagem o tempo todo entre eles, promovendo pequenas jams enquanto JJ puxa o set caprichado. Hot Blood, No Good, Skinny e Save Yourself foram alguns dos pontos altos da apresentação. Que venha logo o novo álbum do Kaleo e um retorno breve ao Brasil. Abertura da noite A banda paulistana Ginger and The Peppers foi quem abriu a noite na Audio. Com um set curto, aproximadamente 30 minutos, o grupo soube aproveitar o pouco tempo para aquecer os fãs de Kaleo. Com um ótimo cartão de visitas, a banda mostrou ter muita energia no palco, com destaque para a vocalista Julia Dillon, que transborda carisma, além de ter uma linda voz. Edit this setlist | More Kaleo setlists

Spiritbox tem o show mais quente do momento e precisa voltar logo ao Brasil; veja como foi em NY

Nova York é uma cidade que exala eventos musicais e esportivos por todos os cantos, isso sem falar nos inúmeros cenários de filmes e séries, além dos famosos musicais da Broadway, atualmente com George Clooney, Denzel Washington, entre outros grandes atores em cartaz. E mesmo com essa infinidade de atividades, ninguém conseguiu despertar tanta atenção como a banda canadense Spiritbox na última semana. Queridinha do público brasileiro após o show de abertura do Bring Me The Horizon, no fim do ano passado, no Allianz Parque, a banda de Courtney LaPlante vem em uma crescente absurda no hemisfério norte. Participa de tudo que é programa de TV, viraliza no Grammy, é citada por grandes nomes do rock. Vive um momento de ouro. No último dia 18, a banda simplesmente lotou o Hammerstein Ballroom, ao lado do Madison Square Garden, o qual parece ser uma questão de tempo para ser o próximo palco do Spiritbox em Nova York. A receita de sucesso do Spiritbox é infalível: cozinha instrumental de alto nível, frontwoman com alcance vocal absurdo e carisma de sobra, além de influências que passam por Machine Head, Linkin Park e Evanescence. Atualmente em turnê para divulgar o álbum Tsunami Sea, lançado em março passado, o Spiritbox vive um momento especial. Quem se impressionou com a apresentação no Allianz Parque certamente ficará ainda mais boquiaberto com a tour atual. O novo show do Spiritbox contempla os fãs com telões incríveis de alta definição, com lindas imagens de natureza, mesclando com alguns momentos da apresentação. Tsunami Sea tem oito de suas 11 músicas no setlist, que ainda é completado por três faixas do debut, Eternal Blue (2021), além de canções dos EPs Rotoscope (três) e The Fear of Fear (duas). Courtney LaPlante foi a grande estrela no Hammerstein Ballroom. E sabe que está sendo observada por todos. Após a aparição no show de Megan Thee Stallion no Coachella no primeiro fim de semana, a moral estava ainda mais elevada. Composta por Courtney LaPlante, seu marido, o guitarrista Mike Stringer, o baterista Zev Rose e o baixista Josh Gilbert, a banda canadense está em atividade há quase uma década, mas vive o melhor momento agora. A reta final do show do Spiritbox rendeu algumas boas surpresas, com três feats inesperados: Soft Spine (com Emma Boster, do Dying Wish, que abriu a noite no Hammerstein, junto com o Loathe), No Loss, No Love (com Andrew Dijorio, da banda punk Stray from the Path) e Crystal Roses (com o saxofonista Saxl Rose). No meio dessa sequência de feats, o show ainda teve espaço para duas das canções mais poderosas do Spirtibox: Holy Roller, do Eternal Blue, e Ride the Wave, single mais pessoal e forte de Tsunami Sea. A atual turnê do Spiritbox merece um lugar especial no Brasil. E como headliner, sem participação em festival. Confira o show completo abaixo

Awolnation faz show de gente grande em NY e prova estar pronto para festivais no Brasil

O Awolnation, projeto de dance-rock liderado por Aaron Bruno, lotou o Irving Plaza, em Nova York, no último dia 14, e mostrou estar pronto para enfrentar grandes festivais pelo Brasil. De cara, para quem assiste ao show, é nítido que cairia super bem no meio da tarde no Lollapalooza. Atualmente, o Awolnation divulga o álbum The Phantom Five, lançado em 2024, que chegou a ser tratado como o último álbum de Aaron Bruno frente ao seu projeto. “Havia um senso de urgência na mentalidade de tentar tratá-lo como um álbum de despedida, agora resta saber se continuo. Provavelmente irei, mas me sentiria confortável em ir embora porque acho que isso é o melhor que tenho a oferecer”, comentou em entrevista ao Blog n’ Roll. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o Awolnation ganhou muito alcance com o hit Sail, de 2010, que entrou na trilha de séries, filmes e até comerciais. Na apresentação, Sail é a faixa que encerra o show. E isso é muito válido porque prende a atenção para o restante do trabalho de Aaron Bruno em quase 1h30 de tempo corrido. Jump Sit Stand March, um dos destaques do novo álbum do Awolnation, ficou ainda mais pesada ao vivo, garantindo alguns pulinhos do público na frente do palco. >> CONFIRA ENTREVISTA COM AWOLNATION Apesar de todo orgulho pelo álbum Phantom Five, a atenção maior na atual turnê está no debut, Megalithic Symphony, de 2011. Foram seis faixas adicionadas no repertório contra três do disco mais recente. Sempre muito performático, Aaron Bruno não para por um segundo. Anda de um lado pelo outro, sobe no palco da bateria, corre em direção ao público e despeja um som potente atrás do outro. Soul Wars e Kill Your Heroes, ambas do Megalithic, mexeram demais com o público. Era nítida a emoção de quem estava mais próximo ao palco e cantou tudo do início ao fim. Outra pedrada do debut, Burn It Down é praticamente um punk rock, só não rendeu um circle pit porque o público estava mais na faixa 40+ e optou por contemplar a energia infinita de Aaron Bruno. O rápido intervalo no fim não tirou ninguém da frente do palco. O público estava esperando o hit de quase um bilhão de streams apenas no Spotify. Sail, que foi precedida por Panoramic View, principal single de Phantom Five, rendeu a maior quantidade de vídeos gravados daquela noite em Nova York, perdendo talvez apenas para as filmagens de turistas com golpistas vestidos de Homem-Aranha, Mickey e monges budistas da Times Square. Bandas de abertura Tão eclética como Aaron Bruno, a programação da noite no Irving Plaza rendeu boas surpresas com Makua e Bryce Fox.  O primeiro é formado pelo surfista havaiano Makua Rothman, que já foi campeão mundial de ondas grandes em 2015. Apesar do visual Netinho, aquele do Milla, Makua tem boas inspirações. Flutua entre Sublime, No Doubt e alguns repentes de skazinho. Fez um show honesto e curto, cerca de 30 minutos, que agradou em cheio ao público que acompanhou nas palminhas e gritos de apoio. Bryce Fox, que veio na sequência, também com set de 30 minutos, parecia já mais familiarizado em tocar com grandes artistas. Com quase 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify, aproveitou a ocasião para apresentar seu álbum mais recente, The Butterfly and The Bomb, lançado no fim de março. Mas também teve espaço para seus singles mais conhecidos, Stomp Me Out e Horns, ambas de Heaven on Hold, de 2017. Golden Boy, do Strenght (2022) e responsável por abrir o show, foi outro grande acerto. O single é bem poderoso. Setlist de Awolnation    Jump Sit Stand March Soul Wars Kill Your Heroes Run The Best Barbarian Burn It Down Holy Roller Hollow Moon (Bad Wolf) Like People, Like Plastic Not Your Fault Knights of Shame Bis Panoramic View Sail