Passenger esbanja personalidade com show lotado em SP

Encerrando sua turnê pela América do Sul, o britânico Passenger investiu em um show regado a boas histórias e risadas. O cantor se apresentou neste sábado (7) na Audio, em São Paulo. Mesmo com um setlist onde 80% das canções eram tristes, o músico garantiu uma noite de extremo alto astral. A recepção do Passenger foi calorosa, regada a aplausos. Com apresentação de pouco mais de uma hora, o músico fez um set consistente em um show extremamente autêntico. Com presença de palco bem natural, o músico transborda personalidade e cria uma experiência folk divertidíssima. Ele esbanja simpatia, tornando uma apresentação para centenas de pessoas em uma roda de conversa familiar. Entre alguns goles de seu “apple juice” e contação de histórias, Passenger interage até mesmo durante as músicas. Com isso, quebra as barreiras invisíveis entre músico e público. “Logo no começo preciso avisá-los de duas coisas: Se vocês vieram aqui e acharam que Passenger era uma banda, sinto muito, é só um cara barbudo com um violão. E a segunda coisa: se vocês acham que tenho muitos hits, na verdade eu só tenho um, acho que vocês devem conhecer. Por isso vou tocá-lo várias e várias vezes, tudo bem?”. O show todo segue entre piadas internas e sacadas divertidas, que fazem até as canções mais tristes soarem mais positivas. Passenger anima com canções tristes Abre o set já com uma das mais tristes, Fear of Fear. De tempos em tempos coordena os fãs se são músicas para dançar ou ficar em silêncio. A platéia aquiesce, seguindo suas orientações com firmeza, para surpresa do músico. Life’s for the Living e Hell or High Water vieram na sequência, junto a David, onde conta uma triste história sobre solidão. Segundo o músico, a letra foi inspirada em um senhor que conheceu na Escócia. Como formou-se artista nas ruas de Londres, todas as suas histórias vêm dos pequenos detalhes. E é justamente neles que conquista os fãs, verso por verso. Emendou The Sound of Silence, de Simon & Garfunkel, no momento mais introspectivo do show. “Hoje é o último show da turnê, então vamos lá São Paulo, sei que vocês conseguem cantar mais alto”, convidou Passenger, seguindo com Survivors, para entusiasmo geral. O britânico aproveitou para comentar sua experiência com a música brasileira. Inclusive, até cantou uma bem tradicional: Cai Cai, Balão! Aos três anos, Passenger teve uma au pair brasileira, que lhe ensinou o famoso versinho. Inclusive, ele agradeceu pela presença da moça no show. As histórias mais sinceras Em mais uma pausa para contexto, Passenger confessou o fim de um relacionamento recente. Ele confidencia que a composição a seguir seria sua maior declaração de amor, feita pouco antes do término. The Way That I Need You traz as emoções a flor da pele, e transparece a sinceridade do cantor em cada escolha vocal. Em contraste, I Hate exalta todas as coisas que mais odeia e dá um tom descontraído ao show. Todos os momentos são tomados por um mar de celulares, mas quando começa as notas de Let Her Go, a casa acende com tantos flashes. “As pessoas sempre me perguntam se um dia vou ficar puto de cantar essa música. E eu sempre respondo que não. Eu adoro essa música, e vou cantá-la sempre que puder. Para todas as pessoas que foram tocadas por ela e a tornaram parte de suas vidas”. Ele se despede após Scare Away the Dark, sob fortes aplausos. A música traz suas impressões sobre temas importantes, com destaque para a questão climática. “Se você não tem medo das coisas que estão acontecendo com o mundo, deveria ter”. Para o bis, traz Stu Larsen de volta ao palco e emendam juntos Heart’s On Fire. Depois de agradecer imensamente aos fãs da primeira fileira, que chegaram a conhecê-lo pessoalmente na fila, cantou Home, a pedidos. “Não canto essa há muito tempo, se soar mal, vocês já sabem, é culpa do pessoal aqui da frente”, brincou. Mesmo as canções mais tristes ganham um tom bem humorado, fluindo como anedotas naquele estilo ‘fazer o que?’. Com Holes, encerra um setlist que é triste sem ser deprimente, sensível sem autopiedade e otimista, mesmo diante das melodias mais dolorosas. Stu Larsen, uma grata surpresa Com casa cheia, a abertura de Stu Larsen já parecia o show principal. Mesmo sem a devida apresentação, nem sequer na própria divulgação do evento, o cantor australiano conquistou o público. O set curto incluiu um lançamento em primeira mão, Hurricane. A canção precede o novo álbum de Larsen, que será lançado no ano que vem. Com alguns fãs presentes, curtiu um breve coro de vozes acompanhando suas letras. Mas Stu acertou de fato quando emendou Fix You, do Coldplay, em uma versão acústica bem apaixonante.
Roo Panes faz show intimista em repertório de boas histórias

O show de Roo Panes é como um café quentinho numa tarde de outono. Em apresentação no Fabrique Club, em São Paulo, pelo Popload Gig, o cantor britânico apresentou a essência do folk. Com pouco mais de uma hora de show, entregou um repertório acústico cheio de significados, sozinho, para um público encantado por suas histórias. Com sorriso tímido, o cantor sobe ao palco só na voz e violão. Começa o show com Indigo Home, seguido de duas novas canções: Thinking of Japan e There’s A Place. Mesmo com alguns problemas de som, o cantor mantém a tranquilidade e brinca com tudo. À primeira vista, parece introvertido, mas vai se soltando. “Estou sozinho hoje, então vou conversar bastante com vocês”. Uma música, mil sentimentos O papo com o público tornou o show leve como tocar violão em uma roda de amigos. “Adoro como vocês vibram com músicas tristes. Essa é uma canção séria”, brinca Panes, afinando seu violão para embalar There’s A Place. A platéia, imersa em suas músicas, brindou o britânico com um silêncio respeitoso. Mesmo gripado, Roo Panes não deixou barato nos vocais. “Não sei se vocês perceberam, mas estou um pouco doente. Não posso ouvir muito, inclusive, não posso cantar muito”. Com Tiger Striped Sky, fala de escapismo e recomeços. Intercalando o set com músicas mais antigas, então partindo para Home From Home. Conta que a história veio da partida de Londres, em sua primeira turnê pela Escócia. Sempre baseado nos detalhes da vida, Roo Panes descreve suas canções com histórias extremamente identificáveis. Seguiu comentando sua infância com Ran Before The Storm. “Quando era pequeno, eu costumava sair de casa quando ficava irritado para esfriar a cabeça. Teve essa vez em que eu saí e uma tempestade me pegou, próximo à floresta, e eu fiquei muito irritado. É interessante, porque isso me fez pensar sobre perspectiva, sobre como uma coisa simples como uma chuva me deixou tão irritado. Então eu desci a colina de volta e pensei nessa música”. Conexão e entrega com o público Em Little Giant, o público cantou emocionado cada verso da canção. Roo agradece cada salva de palmas com um “obrigado” tímido. “Essa música é sobre paz, na verdade. Tentar uma vida simples”, enuncia para Quiet Man. Em seguida, embala seu maior sucesso no Brasil, Lullaby Love, que ficou popular após integrar a trilha da novela A Dona do Pedaço. Quando soltam a máquina de fumaça, brinca que poderia dizer qualquer coisa que seria “uau, muito dramático”. Retorna no bis com Ophelia, e logo após se despedir do palco, retorna mais uma vez a pedido dos fãs. Encerra a noite com Open Road, uma canção mais otimista. Novamente, o público canta junto, estalando os dedos para marcar o ritmo. Juntos, embalam “let me out of this cage, before I swell up with rage / let me sing to old age before I’m done / let me shout to the skies that I’m too young to die / and that fate will never stop me from trying“. A estrofe, que proclama liberdade e oportunidade de tentar ser quem é, deixa os ânimos lá no alto. Roo Panes então se despede de vez, deixando o palco do Fabrique Club com um gosto de quero mais. De charme acolhedor, sotaque carregado e entrega de alma, Roo Panes oferece aos fãs uma apresentação encantadora. Sua voz e violão silenciaram o Fabrique, que ouvia atento a cada verso de suas canções. Ao fechar os olhos, seu acústico se torna uma experiência profunda. E é dessa simplicidade e verdade que a arte se trata, afinal.
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