Àiyé faz jornada conceitual entre o sagrado e o profano em clipe duplo
Atração do Primavera Sound, Àiyé joga um holofote de LED na ponte entre a pista e o terreiro, o sagrado e o profano em seu recém-lançado disco Transes. Reunindo a estrutura lírica e poética do ancestral e do futurista, ela lança o conceitual clipe duplo Pomba Gira / EXU. Representando as entidades e forças espirituais de modo performático, o vídeo é um cartão de visitas para uma artista que tem feito de sua fé a sua verdade. Por meio de sua poética, Àiyé traz um olhar pop e universal para temas brasileiríssimos. Repleto de símbolos, entre eles a encruzilhada (um dos estandartes do álbum de Àiyé) e uma atmosfera contemporânea em sua estética, a produção traz uma abordagem punk e ‘do-it-yourself’ para o sagrado para representar diferentes versões de exu. “Esse é talvez o lançamento mais conceitual e profundo que eu já fiz. Escolhi essas músicas juntas pra homenagear tanto o Orixá Exú, a quem me refiro na música baseada em um itã da criação que conta como Exú comeu o mundo, digeriu, e depois devolveu tudo pro lugar – se tornando assim o guardião de todas as coisas, dos entres, tudo e nada, justamente por conhecer a essência de tudo que existe. E também a entidade Exu, através das pombogiras, que revelam a força e o poder de se saber mulher”, conta Larissa Conforto, a multiartista carioca à frente de Àiyé. Ela continua: “Elas são a própria revolução feminista, elas revelam as histórias das mulheres que lutaram por si mesmas, desafiando os muros do patriarcado, mesmo que isso lhes custasse a vida. As putas, as trabalhadoras, as mães solteiras, as travestis, aquelas que lutam pra ter direito sobre o próprio corpo. Eu quis trazer uma releitura atual dessas entidades tão fortes e amadas. Quis mostrar pombogiras dos anos 2000, que dirigem suas bikes e andam de coturno. Pra mim, elas guardam o espírito punk/riot grrrl. São as punk brasileiras, a história das nossas marginais, que não serão esquecidas”. Lançado pela Balaclava Records, Transes é o segundo álbum solo da artista. Em 13 faixas, Àiyé une referências que vão de Clara Nunes a Rosalía, passando por nomes como o galego Rodrigo Cuevas, Bjork e Djavan. As duas faixas co-produzidas pela artista com Diego Poloni ganham a criação cinematográfica com direção de Àiyé e Mooluscos.
Com sonoridade hardcore, Planet Hemp lança single duplo; ouça!
O Planet Hemp lançou um single duplo em seu repertório com as faixas Ninguém Segura a Gente e Salve Kalunga, que chegam em todas as plataformas de áudio pela Som Livre. As duas canções exploram o punk rock/hardcore característico do grupo, que tem em sua formação atual Marcelo D2, BNegão, Formigão, Pedro Garcia e Nobru. A inédita Salve Kalunga é uma homenagem a Fábio Kalunga, ícone da cena musical underground carioca e líder do grupo Cabeça, falecido em outubro de 2017. Com vocais de BNegão – amigo de Kalunga, com quem trabalhou também na banda Seletores de Frequência, na qual Fábio era baixista – , a faixa traz trechos como “Salve Kalunga, lenda real / irmão dessa vida e de outras também”. Intensa e veloz, como o som que Kalunga fazia no Cabeça, a track exalta a relação do artista com o skate, assim como a relevância do esporte como parte da cultura urbana. Já Ninguém Segura A Gente vai soar parcialmente familiar para os fãs mais atentos do álbum Jardineiros, lançado pelo Planet Hemp em outubro de 2022. Com um discurso político latente, a nova música – um remix da faixa Taca Fogo, que integra a tracklist do disco – , chega agora ainda mais potente, concisa e direta nas suas críticas à cultura armamentista, à situação de violência nas favelas e ao descaso com a população em áreas como saúde e educação. O single duplo do Planet Hemp chega na sequência das faixas já apresentadas nas últimas semanas, Não Vamos Desistir e O Ritmo e a Raiva Remix. Os recentes lançamentos integram a estratégia atual da banda, prevendo alguns movimentos ainda no início deste segundo semestre que resultarão no lançamento de um produto.